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Opinião

Over The Top é muito mais que a Netflix

Em um futuro não muito distante, os provedores de conteúdo via OTT oferecerão seus canais ou eventos individualmente sem passar pelos agregadores


5 de novembro de 2018 - 10h55

Credito: Laurence Griffiths/Equipa/GettyImages

A nova corrida do ouro do esporte e entretenimento se chama OTT, abreviação em inglês para Over The Top. OTT são as transmissões de vídeo feitas por meio da internet, sem a necessidade de uma assinatura de televisão a cabo.

Todas as empresas que geram algum tipo de conteúdo lançaram ou irão lançar seus produtos OTT. A lista é longa e inclui estúdios de cinema, ligas esportivas, times e promotores de eventos, para citar alguns.

Para entender onde esta história deve acabar, pense no mercado de aplicativos para celulares. No início eram apenas os básicos oferecidos pela Apple. Em poucos anos, há um oceano de opções para todos os gostos e necessidades.

Em um futuro não muito distante, o mesmo deve acontecer com os provedores de conteúdo via OTT. Cada um oferecerá seus canais ou eventos individualmente por meio de banda larga sem passar pelos agregadores que dominaram a distribuição nas últimas décadas: as redes de televisão e provedores de serviços de cabo.

Em vez de contratar um pacote com cento e tantos canais, você comprará somente os dez que mais assiste. Se faltar algum programa, será possível comprá-lo individualmente.

Três fatores impulsionam esta tendência: a cobertura de banda larga que cresce e torna o serviço mais acessível; a redução do custo de computadores, tablets e telefones; e o conteúdo cada vez mais abundante e de alta qualidade.

O Brasil ainda está no estágio inicial desta transformação. A penetração de banda larga fixa, apesar de todo crescimento dos últimos anos, ainda está em modestos 14,5%, de acordo com a Anatel, e os equipamentos eletrônicos de última geração ainda sofrem com altas tarifas de importação.

Apesar destas dificuldades, muitos brasileiros já consomem OTT, mesmo sem saber, graças à Netflix. Segundo estimativas extraoficiais do mercado, já existem dez milhões de assinantes do serviço no Brasil. Mas OTT é muito mais que a Netflix.

Em outros países, especialmente naqueles onde a conectividade não é mais uma barreira para consumo de vídeo online como os Estados Unidos, cord-cutting (a decisão de abandonar a assinatura de televisão a cabo e assistir a programas exclusivamente por meio de streaming) é cada vez mais normal.

A opção é atraente pelo custo e pela flexibilidade. Em geral, é possível compor uma programação de alta qualidade com alguns poucos pacotes e sem investir muito.

Se você gosta de Game of Thrones, This is Us ou Mozart in the Jungle, você pode assinar só os serviços HBO Go, Hulu ou Amazon Prime. Quer ver programas ao vivo como os telejornais, os Oscars ou os Grammys? Não há problema algum. Basta assinar o YouTube TV. Tudo isso entregue diretamente na sua smartTV por meio da sua conexão de internet.

Dentre todos os tipos de programação, o que mais impulsiona o desenvolvimento das ofertas OTT é o esporte. As iniciativas são lideradas principalmente pelos detentores de direitos do esporte e pelas redes de mídias sociais.

As primeiras podem ser vistas pelos clubes de futebol europeu e ligas esportivas. Bons exemplos são a MUTV, o canal do Manchester United, e o Olympic Channel, o canal OTT do Comitê Olímpico Internacional. Muitos outros, como Uefa, devem lançar também em breve seus canais.

As outras vêm das redes de mídias sociais. Nos últimos meses, Facebook, Twitter, Amazon e Google começaram a comprar direitos de grandes eventos esportivos. Alguns já são transmitidos por meios de suas plataformas enquanto outros tem serviços dedicados OTT.

Há muitas experiências interessantes em andamento e algumas outras que começarão em breve. O Twitter comprou os direitos para o futebol americano transmitido nas quintas-feiras (o Thursday Night Football). O Facebook, que já tinha garantido os direitos do beisebol americano, acaba de comprar a exclusividade da La Liga para a Índia e outros sete países na Ásia. A Amazon investiu pesado em 20 jogos da English Premiere League, o campeonato inglês de futebol.

Vale a pena aprender com as experiências internacionais para nos prepararmos. Estas mudanças trazem muitas oportunidades para os mercados de mídia, de esporte e para os anunciantes. Quem se planejar, pode ganhar muito com isso.

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