Para além do dia 8 de março

Buscar
Publicidade

Opinião

Para além do dia 8 de março

O futuro dos negócios e a valorização das características masculinas e femininas no dia a dia do trabalho


20 de março de 2024 - 6h00

No mês em que se celebra o Dia Internacional das Mulheres e todas as conquistas que o público feminino teve até aqui, viemos propor uma conversa diferente. Desta vez não vamos falar sobre equidade de gênero, mas sobre a importância de valorizar as características masculina e feminina presentes em todo ser humano, independentemente de gênero, para o desenvolvimento dos negócios, seja no empreendedorismo ou no intraempreendedorismo, quando buscamos a transformação para organizações mais ambidestras no mercado.

Quando a produtividade e o esforço em prol de alcançar objetivos individuais é mais importante do que a empatia, a vulnerabilidade e a abertura para contribuir com o coletivo, estamos diante de um desequilíbrio empresarial e até social. Um exemplo disso é quando, para conquistar um espaço de liderança, algumas mulheres relevam a feminilidade, ficam mais duras e diretivas. Isso também pode ser visto entre os homens que deixam de abrir espaço para a sensibilidade e a vulnerabilidade no ambiente profissional.

É aí que entra a importância de compreender as características masculina e feminina. Entre elas estão: masculinas – determinação, autorresponsabilidade, eficiência; e femininas – sensibilidade, criatividade, adaptabilidade e generosidade. Buscar o equilíbrio entre elas é essencial para uma liderança ambidestra e alinhada às demandas do mundo contemporâneo.

Ao trazer o modelo da Liderança Shakti ao mundo corporativo, Nilima Bhat e Raj Sisodia – autores do livro Liderança Shakti: equilíbrio do Poder Feminino e Masculino, lançado em 2017 no Brasil – destacam a importância da ascensão das características do feminino tanto para a autoliderança quanto para a cultura e gestão dos negócios.

Por milênios, a sociedade, empresas e líderes operaram, na sua maioria, utilizando as características masculinas, um modelo que enaltecia a agressividade, ambição, competição e dominação ao mesmo tempo que negligenciava e desvalorizava as características femininas. O resultado disto podemos ver nos dias de hoje na falta de cuidado com as pessoas e com o planeta. A materialização da ascensão do feminino é o movimento global da sustentabilidade ou ESG que se tornou uma prioridade. Ele coloca o cuidado com as pessoas e com o planeta no centro das discussões. Não há nada mais feminino do que o cuidar.

A base da Liderança Shakti é observar a polaridade entre o feminino e o masculino na sua forma mais consciente e equilibrada para gerar harmonia, clareza, direção e ação. O maior desafio está na compreensão de que os homens podem atuar com as suas características femininas sempre que o contexto pedir.

Para Maria Silvia Monteiro, nossa parceira e iniciadora do movimento da Liderança Shakti no Brasil, o mês de março nos faz recordar que: “As mulheres têm um grande desafio e uma oportunidade em tempos de transformação como os que estamos vivendo. Ao se lançarem no mundo corporativo ou no empreendedorismo podem renunciar à luta árdua de liderar somente com as características do masculino. Um formato que aprendemos com o patriarcado quando, para se equiparar e ter o mesmo espaço que os homens, atuamos como um deles. Além de competir com eles, competimos com outras mulheres. Quando homens e mulheres se distanciam do feminino tendem a repetir os malefícios do patriarcado – ninguém vence.”

Ouvir os colaboradores, clientes e outros stakeholders e incorporar seus interesses na estratégia do negócio é uma forma de agir com características do feminino. Isso significa incluir, cuidar e levar o outro em consideração. Uma pesquisa realizada pela Humanizada, em 2023 com mais de 43 mil stakeholders, revelou que ao compreender e atender às necessidades dos stakeholders, uma organização pode promover colaboração e construir confiança. Este envolvimento leva a um ciclo positivo, proporcionando aumento da lealdade e consequentemente aumenta a reputação da organização, a retenção de clientes e a força da parceria.

Vale ressaltar que o propósito desse modelo de liderança Shakit não está em valorizar uma característica sobre a outra, mas sim em equilibrá-las e aproveitar o que elas têm de melhor. O intuito é despertar e harmonizar a característica masculina e feminina em homens e mulheres, com a finalidade de que trabalhem as suas habilidades de liderança em sua totalidade. Pesquisas mundiais mostram que líderes vulneráveis contam com equipes mais engajadas. Quanto mais os gestores são abertos e demonstram vulnerabilidade, mais as pessoas estão dispostas a se dedicar no trabalho, indo além, e são mais criativas.

 

(*) Escrito em parceria com Lilian Cruz, minha socia na Ambidestra – consultoria em design de negócios auxiliando pessoas, empreendedores e grandes organizações a se prepararem para os desafios do futuro

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Web Summit 2024: um marco para mulheres na tecnologia

    Apesar dos avanços, a inclusão de mulheres continua sendo um campo de batalha contra preconceitos de gênero e disparidades salariais

  • A aula dada pelo Itaú e por Madonna

    Ação não é apenas algo fora da curva, é um chamado para que todas as empresas pensem e para que os comunicadores entendam que o mercado mudou