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Qual é o seu foco?

Confortável no papel de Midas moderno, Elon Musk estabeleceu um ciclo virtuoso de confiança, investimentos e entregas


22 de fevereiro de 2021 - 13h36

Elon Musk (Crédito: Reprodução)

Dois dias após voltar brevemente para as mãos de Jeff Bezos, o título de homem mais rico do mundo terminou a semana nos braços (e bolsos) de Elon Musk. A volatilidade nessa disputa deve-se ao sistema do índice publicado pela Bloomberg, atualizado diariamente após o fechamento das bolsas de valores de Nova York. Se na terça-feira, 16, o patrimônio do CEO da Tesla foi reduzido em US$ 4,5 bilhões, propiciando ao fundador da Amazon ir para a cama outra vez como o nº1 dentre os bilionários, na quinta-feira, 18, Musk acrescentou mais de US$ 9 bilhões ao seu caixa — que fechou o dia em U$$ 200 bilhões, a maior fortuna pessoal do planeta.

Elon Musk é um novato no Top 10 da lista, para a qual entrou no ano passado, quando foi o empresário mais bem-sucedido, financeiramente, durante a pandemia. Em 2020, o CEO da Tesla aumentou seu patrimônio em mais de US$ 140 bilhões. Nunca na história do índice da Bloomberg, ou da Forbes, que mantém um ranking similar, uma pessoa ganhara tanto dinheiro em 12 meses. Nesse tempo, a grife sobre rodas de Musk bateu recorde de vendas, com quase 500 mil carros comercializados.

Jeff Bezos, por sua vez, embora esteja no clube dos mais abastados há muito mais tempo, não desfruta da mesma popularidade, especialmente junto aos mais jovens. As respostas podem ser muitas, do maior apreço pela exposição pública, passando pela própria idade, o estilo de vida e a natureza de seus investimentos. Bezos representa o presente, fatura alto com o comércio eletrônico e cloud computing, é o real time. Com seus carros elétricos e naves espaciais, Musk é o futuro.

As demonstrações práticas de que o CEO da Tesla é o grande guru do empreendedorismo contemporâneo são abundantes. Vão da histeria causada por sua simples presença em um evento (nem o então presidente dos EUA Barack Obama, em 2016, causou comoção similar em Austin como a participação surpresa de Elon Musk na edição 2018 do SXSW) à explosão na cotação do Bitcoin, cuja valorização em 2021 já supera os 80%, turbinada após uma série de declarações pessoais favoráveis de Musk e um investimento de U$$ 1,5 bilhão feito, via Tesla, na criptomoeda.

O mais recente toque de Midas de Musk pode ser conferido na explosão de popularidade do aplicativo Clubhouse. O número de usuários da plataforma de áudio já vinha crescendo significativamente desde o seu lançamento, em março de 2020, mas registrou um aumento de mais de 400% em seus downloads desde que Elon protagonizou sua primeira sessão no app, três semanas atrás. Desta vez, marcas e veículos também entraram na corrida pelos convites.

Musk é um empresário tão bem-sucedido atualmente que, caso comece a queimar dinheiro, não seria surpresa
que parte de seus admiradores adotassem o mesmo ritual insano, na expectativa de que ao menos traga boa sorte. Mas entrar ou não no Clubhouse, por exemplo, exige uma decisão mais crítica do que seguir o fluxo: por mais que a plataforma seja um sucesso, é preciso entender onde se encaixa na sua estratégia e o valor que pode gerar, especialmente em caso de escassez de recursos, quando pode haver outras iniciativas mais urgentes.

Dentre as habilidades que tornaram Musk um mito moderno, a principal delas talvez tenha sido manter o planejamento macro, mesmo nos momentos em que a Tesla foi vista com desconfiança pelos críticos e considerada uma encantadora de millenials e de milionários em crise da meia-idade. Com a imagem de empreendedor vanguardista consolidada, ele atrai capital, multiplica a capacidade financeira para suas apostas de risco e estabelece um ciclo virtuoso de confiança, aportes e entregas — uma jornada que ele finalmente parece ter cumprido com a Tesla e na qual já começa a dar seus primeiros passos com a SpaceX.

Mais do que comprar bitcoins, ações da Tesla ou entrar para o Clubhouse, a maior lição de Elon Musk para seus admiradores é a definição de um foco para chamar de seu.

*Crédito da foto no topo: Reprodução

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