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Quem sempre acerta não inova

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Opinião

Quem sempre acerta não inova

É preciso que tenhamos claro que inovar pressupõe a falha e o insucesso. Assumir riscos. Iniciativas de sucesso têm esta possibilidade como premissa


18 de janeiro de 2018 - 11h51

Diante de grandes desafios trazidos pelas mudanças culturais e tecnológicas, o mundo corporativo tem buscado a inovação, muitas vezes de maneiras pouco estruturadas,  como se esse valor estivesse disponível em algum armário ou fosse exclusivo de um profissional ou um novo fornecedor. É um mindset errado. A inovação é cultura em movimento, é um processo que deve permear a organização, e para alcançá-la é preciso ajustar a nossa interpretação de mundo à realidade. Nesse caminho, é preciso aceitar que o erro pode nos conduzir ao aprimoramento e ao crescimento, e que não é possível acertar sempre. Não é um processo fácil. Em uma cultura em que livros, filmes e seminários preferem contar histórias de vencedores, as falhas não são toleradas.

É preciso que tenhamos claro que inovar pressupõe a falha e o insucesso. Assumir riscos. Iniciativas de sucesso têm esta possibilidade como premissa, e encaram erros como grandes oportunidades. Me arrisco dizer que é preciso superar a cultura do acerto como métrica do sucesso, e criar um ambiente que valoriza o risco e o aprendizado. Em um mercado competitivo, a criatividade é um diferencial fundamental que possibilita às empresas desenvolver metodologias objetivas para que possam testar suas hipóteses e aprimorar seus produtos e serviços.

Nesse processo, precisamos compreender que validar uma hipótese traz importantes inputs para a tomada de decisão, sobretudo, quando um concorrente  tem mais orçamento que sua companhia, por exemplo. Metodologias como Growth Hacking exploram oportunidades com baixo orçamento e oferecem resultados importantes para a gestão dos ativos da marca. É preciso que a experimentação seja parte fundamental da cultura da empresa, e que os princípios dos colaboradores estejam alinhados. Empresas atraem por talento e perdem pela cultura – um profissional com a melhor formação não desenvolve todo o seu potencial quando inserido em uma empresa cujos princípios não convergem com os seus. Toda empresa pode aplicar teorias de sucesso com suas equipes, mas bons resultados só acontecem se o componente humano complementa as condições.

A maior dificuldade talvez seja obter o total reconhecimento e valorização por parte da liderança para alavancar – empresas não preparadas para este mindset o vêem como ameaça aos seus padrões pré-estabelecidos, quando na verdade são complementares, promovendo sinergias e aprendizagem que reforçam a identidade dos seus processos de inovação.  Se o objetivo de uma companhia é deixar um legado, uma marca, a inovação é a base do negócio para que não seja mais que uma seguidora dos concorrentes. Realizar uma gestão eficiente do conhecimento para testar mais e mais inputs permite respostas rápidas, e qualquer empresa pode beneficiar-se. Mover-se nessa direção é, no mínimo, manter-se competitiva e geradora de valor aos olhos dos clientes, parceiros e investidores.

É comum para empresas realmente inovadoras e disruptivas realizar o lançamento de produtos para ser aperfeiçoados posteriormente, a partir da colaboração dos consumidores, algo impensável antes da Internet e da transformação propiciada pela tecnologia. E os clientes abraçam essa forma mais humana de fazer testes e lançamentos, com o entendimento de que você vai formatar seu produto ou serviço de forma coletiva, e que eles têm abertura para contribuir com esta evolução. Quando a empresa propicia um ambiente exploratório, as sugestões e alterações são rapidamente atendidas, já que os profissionais vivem a realidade do produto e do cliente e tomam as decisões sem tanta hierarquia. Para isso, é preciso um critério elevado para contratação e um olhar a longo prazo.

Em um universo em que toda empresa quer gerar valor, os clientes têm mais informações e opções disponíveis e há muitos concorrentes, quem quer ganhar o jogo entende que o Growth Hacking é uma forma rápida e barata de descobrir se está no caminho certo. A combinação do ambiente de negócios e da cultura, com modelos menos hierárquicos e mais transparentes é um caminho de melhores escolhas e otimização dos recursos. Muitas são as histórias que nos ensinaram que se cresce muito mais com escassez do que com abundância.

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