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“Rock you like a Hurricane” — as brands e o RiR

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Opinião

“Rock you like a Hurricane” — as brands e o RiR

A forma como consumimos entretenimento mudou e segue em mutação, bem como o envolvimento e o diálogo das marcas e seus produtos com o público consumidor se alterou


12 de novembro de 2019 - 14h00

Rock in Rio 2019 (Crédito: divulgação/facebook)

Poucos elementos do Rock in Rio 2019 (RiR) lembram a edição inicial, no agora distante 1985, especialmente se compararmos a participação das marcas e do público com o festival. Ok, algumas bandas, como os alemães do Scorpions (citado no título do artigo) são comuns às duas edições. Mas tudo, absolutamente tudo que o cerca, é diferente, a começar pelo envolvimento do público e o seu engajamento com o evento e com as marcas patrocinadoras.

Naquele histórico janeiro de 1985, nos dias iniciais do primeiro RiR, era eleito o último presidente indireto (Tancredo Neves) pós-1964, e o evento ficou marcado pelo ineditismo da reunião de bandas e artistas importantes — Queen, Yes, Ozzy, Iron Maiden, AC/DC etc. —, grandes públicos, infraestrutura caótica pelo excesso de lama que tomou conta do “gramado” e a precariedade na relação com o público. Vide o atendimento com péssima logística nos poucos quiosques e a “presença marcante” e quente da cerveja oficial — a finada Malt 90.

O cenário em 2019 foi bem distinto. A começar pela cerveja oficial, agora uma marca premium; e a infraestrutura, que trazia uma série de facilidades e experiências para o público, com atrações complementares ao menu musical como tirolesa, roda gigante, montanha russa etc. Mais do que escutar música e ver o artista predileto, os 700 mil espectadores que foram ao RiR ou assistiram pela TV (aberta e fechada) e canais na web viram um evento, um espetáculo múltiplo. Os shows pirotécnicos e teatrais de bandas como o Iron Maiden e o Muse ou as acrobacias da cantora Pink — mais próximas de um Cirque du Soleil — que o digam!

Essa pluralidade em sua experiência se reflete nas estruturas e espaços das marcas, que engajaram o público tanto quanto as atrações dos palcos. Uma prova: as filas quilométricas para participar das ativações, bem como deixar o seu registro na logomarca oficial do evento. Ou ainda, os ambientes “instagramáveis” e os brindes distribuídos que multiplicaram essa interação com o público. Afinal, quem não registrou e postou sua presença no RiR?

“Let me get it back baby where I come from”!

Não bastava estar no Rock in Rio, era preciso compartilhar, mesmo que fosse necessário dividir a atenção entre o palco e a tela do celular ou passar horas em filas pelo registro perfeito no lugar mais “descolado” possível. Afinal, o público não quer só comida e uma cerveja gelada. Quer diversão e arte, mas também muitos brindes, selfies, posts e Stories.

O envolvimento com o evento pode ser medido no interesse das buscas no Google, por exemplo, no qual o termo “Rock in Rio” em 2019 já superou 2017 e tem tudo para ser ainda mais relevante que outras edições. Ou ainda na verdadeira “caçada” aos influenciadores, que gerou uma verdadeira disputa das marcas pelos “influencers” mais adequados ou mais relevantes, fato que inflacionou os fees e direcionou muitas estratégias e ativações dos times de marketing para trabalhar com as “novas estrelas” das redes sociais.

O sucesso do evento também se expressa em números superlativos. O RiR 2019, de acordo com a Secretaria de Turismo do Rio de Janeiro, movimentou R$ 1,7 bilhão, gerou 25 mil empregos e trouxe à cidade 457 mil turistas. Isso sem contabilizar os valores de publicidade e os recursos gastos pelas marcas dentro do evento e fora — em patrocínios nas TVs abertas e fechadas e ainda com os canais no YouTube, influenciadores etc.

Mais do que uma plataforma de marketing e comunicação, o RiR se consolidou como um meio de conexão eficiente para promover a interação e o engajamento das marcas com os seus consumidores. As empresas que conseguiram traduzir melhor essa experiência em suas ativações estão mais próximas de um engajamento duradouro com seus atuais clientes, futuros consumidores de seus produtos e, quem sabe até o próximo Rock in Rio, angariar mais fãs para a marca.

“O Rock in Rio não é mais o mesmo”, e de fato não é. A frase que expressa os sentimentos nostálgicos dos veteranos do festival é um bom exemplo das mudanças ocorridas ao longo de 34 anos, olhando aquele longínquo 1985 pelo retrovisor. Lógico, a forma como consumimos entretenimento mudou e segue em mutação, bem como o envolvimento e o diálogo das marcas e seus produtos com o público consumidor se alterou. A internet e a evolução tecnológica são protagonistas neste novo espetáculo, assim como o cliente/consumidor deseja ser o novo “pop star” das redes, nem que seja por um dia em um post que gera buzz entre alguns poucos amigos no Instagram!

Como diria o clássico do Rainbow: “Long live rock and roll, Let it live, let it live, let it live”!

*Crédito da foto no topo: Spencer Imbrock/ Unsplash

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