Sua excelência, o Mr.CEO
A maioria das empresa incentiva seus funcionários a falarem o que pensam, dizem valorizar a liberdade de expressão e alardeiam ter uma “política de portas abertas”
A maioria das empresa incentiva seus funcionários a falarem o que pensam, dizem valorizar a liberdade de expressão e alardeiam ter uma “política de portas abertas”
A maioria das empresa incentiva seus funcionários a falarem o que pensam, dizem valorizar a liberdade de expressão e alardeiam ter uma “política de portas abertas”.
Mas antes de comprar estas promessas, sugiro dar uma olhada nas notas de rodapé: “condições válidas sempre que as opiniões dos indivíduos estiverem alinhadas com a dos executivos”. Entendeu agora?
Mas antes de começar a criticar sua empresa e seu CEO, faça uma autoanálise sobre seu estilo de liderança respondendo a três perguntas:
1. Quantas pessoas na minha equipe podem discordar de mim sem se preocupar com as consequências?
2. As pessoas da minha equipe discordam das minhas opiniões o suficiente?
3. Como eu me sinto quando alguém da minha equipe discorda publicamente de mim?
Depois de alguns anos em uma empresa ou função é natural que as pessoas comecem a achar que já viram tudo e sabem quase tudo. Este é o começo do fim. Eles (ou elas) se apaixonam por suas próprias ideias e acabam inibindo contribuições alheias.
É difícil entender como pessoas inteligentes e bem sucedidas profissionalmente acabam assim.
As duas explicações mais comuns são a falta de autoconfiança e a arrogância.
Os gerentes mais júniores pecam pela primeira. Os mais sêniores pela segunda. Apesar de executivos inseguros incomodarem muito, os executivos arrogantes têm um impacto negativo muito maior nas organizações.
No clássico “Good to Great”, de Jim Collins, a característica que diferencia os bons líderes dos extraordinários (chamados de líderes nível 5) é a humildade. Isto nada mais é do que não “se achar” ou achar suas opiniões tão importantes assim.
Há alguns anos eu trabalhei para uma empresa durante a transição de CEOs. O que saía era humilde, aberto e interessado pelas pessoas. O que chegava, arrogante ao ponto de exigir que o chamassem de Mr. CEO.
O impacto da mudança foi devastador. Em poucos anos, todos os gerentes o imitavam achando que esta fórmula os levaria ao sucesso. A empresa, conhecida por valorizar a colaboração e a camaradagem entre seus funcionários, tornou-se insuportavelmente competitiva e desleal.
O resultado foi uma leva de bons e experientes profissionais que, insatisfeitos com a nova cultura, deixaram a empresa voluntariamente.
O comportamento dos líderes é particularmente importante porque eles têm grande impacto na cultura corporativa. E a cultura, como eu presenciei na chegada do Mr. CEO, pode reter ou expelir profissionais das empresas.
Quando as pessoas sentem que suas opiniões importam, elas tornam-se parte do time e da solução dos problemas comportando-se de forma totalmente diferente.
Não seja como o Mr. CEO. Lembre-se que as soluções para os problemas nem sempre precisam vir de você.
Ricardo Fort (@SportByFort) é executivo de marketing internacional baseado em São Francisco, Califórnia
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