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Opinião

Transformação cultural e o ativismo dos colaboradores

A mudança no ambiente corporativo, no sentido de estabelecer um propósito social mais claro, pode ser impulsionada de dentro para fora


31 de julho de 2019 - 18h54

(Crédito: PeopleImages/iStock)

Entre tantas incertezas, talvez uma das verdades mais cristalinas no mercado, seja a transição que vivemos em direção a negócios pautados no dia a dia por um propósito claro e socialmente relevante. Entender as empresas como forças de transformação positiva, começa a substituir uma visão de mundo – e de investidores – acostumada apenas a julgar os números no fim do trimestre, sem considerar variáveis essenciais para a sustentabilidade destes resultados, como é, inquestionavelmente, o fator humano.

Propósito, crenças, visão de futuro e valores são guias para uma organização entender seu papel no mundo e determinar a forma de fazer negócios, além de dialogar com a rede de pessoas com as quais se relaciona. Em uma sociedade que expandiu nossas escolhas em nível exponencial, o desafio de uma empresa é ganhar o direito de participar das nossas vidas – e não mais se impor pela força no meio do nosso caminho.

Marcas fortes resolvem problemas objetivos e sociais e, por isso, ganham nossa admiração e estima. Tomemos como exemplo a grife Patagonia, que pela voz de seu fundador Yvon Chouinard, manifesta o objetivo de “salvar o planeta”. Belo discurso que ganha autenticidade ao se observar a quantidade de ações conduzidas pela companhia para materializar este propósito. E, a conexão com o negócio é inegável: uma marca de roupas para praticantes de esportes na natureza, não poderia pensar em outra coisa, se não cuidar do ambiente em que esse uso se dá. O recorte também é contemporâneo e faz sentido – olhar para as mudanças climáticas.

Para conhecer melhor esse fenômeno, a United Minds, consultoria de transformação cultural da agência global Weber Shandwick, conduziu com a KRC Research, o estudo: “O ativismo dos empregados na era do propósito”, baseado em entrevistas com mil profissionais norte-americanos de empresas com mais de 500 funcionários em diferentes setores e níveis. Aprendemos que se trata de uma tendência que se consolida e não demora a virar regra pelo mundo, sobretudo pela influência geracional.

Em todas as questões da pesquisa, praticamente, há um grande destaque dos millennials, que se mostram mais atentos a temas de interesse público e, por isso, predispostos a se manifestarem junto a seus empregadores e, perante a sociedade para que assumam posições claras acerca de diversidade, sustentabilidade, equidade, educação, entre outros tópicos de grande debate, não apenas em solo norte-americano. Para se ter uma ideia, a crença de que funcionários podem fazer a diferença, sobre como as empresas lidam com temas sociais, é positiva entre 77% dos millennials, enquanto 65% dos boomers estão de acordo com a afirmação.

O alvo principal dos ativistas é mobilizar a organização de dentro para fora. Entre eles, 46% buscam sensibilizar ou despertar novos membros para as movimentações e 43% têm a expectativa de tornar suas questões visíveis junto às lideranças, sobretudo para mudar políticas, processos e pontos de vista. No entanto, as respostas têm vindo mais dos gestores diretos ou supervisores que da alta gestão – com 64% e 32%, respectivamente. Mas, de maneira geral, a satisfação com os retornos é grande, em que 72% consideram que suas organizações deram ouvidos e suporte aos pleitos do grupo ativista.

A transformação nas organizações é um processo, não um projeto. E, por sua natureza contínua, apenas se perpetuam as empresas cuja liderança é ativa e visível, com a média gerência devidamente engajada e, claro, a rede de colaboradores incluída desde sempre e, bem informada sobre o processo constante construção organizacional. Estamos longe do êxito pleno, uma vez que 75% das mudanças falham no longo prazo, justamente por negligenciarem estes fatores.

Se a onda digital atrai nossos olhares, não podemos deixar de lado a experiência dos colaboradores com a materialização do propósito. Há um grande caminho a ser percorrido e, o cenário tende a ser ainda mais desafiador com organizações mais inspiradoras, horizontais e, agora, ativistas.

*Crédito da imagem no topo: RawPixel/Pexels

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