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Opinião

Transformação Digital: um olhar através da comunicação

Alteridade, empatia e escuta ativa também devem ser consideradas em processos de digitalização


12 de janeiro de 2022 - 15h00

(Crédito: Alisa Rut/ iStock)

O exercício de entender o outro é não uma tarefa fácil, mas essencial. Por vezes pode parecer impossível, já que crescemos sem perceber a importância desse processo, mas a prática leva ao despertar. Entender o que o próximo quer de nós não tem relação apenas com uma das partes, mas significa evoluir em conjunto.

Podemos começar com três conceitos importantes: a alteridade, a empatia e a escuta ativa. A capacidade de reconhecer que o próximo é essencialmente diferente de você, celebrar as diferenças e propor um respeito ético é o que nosso primeiro ideal significa. A empatia, palavra tão usada, mas pouco exercida, refere-se à habilidade de colocar-se no lugar do outro e sentir sua dor – ainda que de forma indireta. Nosso terceiro conceito expressa a competência de ouvir o que o outro tem a dizer, sem julgamentos e com acolhimento. É estar genuinamente interessado naquilo em que está sendo dito.

Com a transformação digital não é diferente. De uma maneira geral e simplista, essa transformação diz respeito à entrada da empresa no mundo digital. A realidade daquele que se desafia para acelerar sua jornada digital é diferente da realidade de quem já atingiu o êxito. Não é só entregar soluções, é oferecer uma experiência diferenciada. Não é só manter um canal de comunicação, é saber falar a mesma língua que ele. É necessário descomplicar aquilo que parece impossível para quem está no primeiro degrau da escada. É ser digital, simples e humano. Afinal, transformação digital não é exclusivamente tecnologia, mas tem como base Cultura, Negócios, Comunicação e, principalmente, pessoas.

Existe uma teoria da comunicação chamada teoria empírico-experimental ou teoria da persuasão, que conversa bem com o nosso tema. Essa abordagem surgiu no século XX e, grosso modo, procura observar e segmentar os públicos para que a mensagem seja transmitida de uma maneira melhor e mais eficiente, firmando uma relação com esse público de interesse. E num país de contrastes como é o nosso Brasil, entender um público tão diverso acaba se tornando condição crucial para as grandes empresas. Dono de um PIB de R$7,4 trilhões (2020) e referência global na adoção de novas tecnologias, o nosso “quase continente” carece de tanto desenvolvimento proporcional ao tamanho que tem de oportunidades.

É aí que entra a minha história recente com a Meta: ajudar uma empresa de mais de 30 anos, com uma história mais que consolidada, a mostrar que entender desse ‘Brasilzão’ é muito do que nos trouxe até aqui. Porque nem todas as empresas entendem as buzz words do mercado de tecnologia. Porque nem todos os negócios precisam passar pelo mesmo movimento que outras companhias internacionais passaram. E é por isso que sendo uma nativa digital da Faria Lima ou uma empresa familiar do interior do centro-oeste, é preciso entender que tecnologia é sim para todo mundo, para todos os tamanhos de negócios, culturas ou experiências prévias e que, para todos, uma adequação aos novos modelos passa ser tão determinante quanto o saber falar o idioma dos clientes.

Por isso que o lema “descomplicando a transformação digital” é tão importante no meu dia a dia como profissional: a gente deve traduzir mesmo, não apenas simbolicamente, mas levar para o receptor da nossa mensagem o que para ele pode ter significado e valor. Por vezes – numa autocrítica ao próprio marketing do qual faço parte – nos perdemos entre tendências e modismos que mal sabemos para que servem, mas achamos que precisamos participar.

Imaginem que é o conceito do “menos é mais” implementado no dia a dia dos negócios: atualizar-se e evoluir é preciso, e possivelmente uma condição de sobrevivência, mas antes de sair copiando por aí porque todo mundo fala, entender a relação com a tecnologia e a maturidade digital do nosso negócio pode ser decisivo antes de qualquer mudança estratégica, tanto por custos e esforços quanto por coerência a quem somos e onde queremos chegar.

E por que traduzir, literalmente?

Para fins de curiosidade:

Há 232 milhões de falantes de português em todo o mundo como língua materna, o que nos deixa em 9ª posição no mundo no ranking.

O espanhol tem 543 milhões de falantes e é a segunda das línguas mais faladas no mundo em termos de número de falantes nativos.

Apesar dos dados que apontam o inglês como segunda língua, o número de falantes que a têm como língua materna é de apenas 369.9 milhões

Uma pesquisa realizada pelo British Council, em parceria com o Instituto de Pesquisa Data Popular, apontou que apenas 5% da população brasileira fala inglês – sendo que apenas 1% dessas pessoas é fluente.

O Brasil tem 11 milhões de analfabetos. Pense bem ao enviar uma mensagem de texto complexa por WhatsApp para alguém com capacidades limitadas ou poucos estudos. Se você como eu e odeia áudios, pense que as mensagens de voz possibilitam a inclusão de comunicação de muita gente.

Aceitar o diferente é entender que nem todos temos ou tivemos condições iguais. Faça a sua parte se quiser que a sua mensagem seja recebida da melhor forma.

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