Do Blog ao TikTok: A Revolução do Geek Brasileiro
Como o geek brasileiro evoluiu da era dos fóruns à cultura digital instantânea, sem perder a curiosidade
Uma das maiores vantagens de estar há muito tempo no mercado é poder testemunhar transformações — e nenhuma mudança é tão fascinante quanto a do mercado geek brasileiro.
Desde a chegada do Giz ao Brasil, este segmento evoluiu de forma impressionante, refletindo não apenas novas tecnologias, mas também uma mudança profunda na maneira como consumimos cultura e nos conectamos digitalmente.
O geek sempre foi movido por curiosidade, paixão por tecnologia e cultura pop. Mas será que o jovem geek de 2025 ainda se parece com aquele que vivia na era dos blogs e fóruns, nos anos 2000? A resposta vai muito além dos gadgets: revela como identidade digital, consumo e estilo de vida se transformaram.
Na década de 2000, o geek de 18 a 30 anos era quase um explorador de nichos. Passava madrugadas em fóruns, escrevia textos extensos em blogs, colecionava DVDs, quadrinhos e games em mídia física.
O Orkut e os chats eram o ponto de encontro, e o status vinha de ser um early adopter: ter o primeiro iPod, desbloquear um Nintendo DS ou comprar o recém-lançado iPhone antes de todos os amigos. Marcas como Apple, Sony e Nintendo não eram apenas produtos, eram símbolos de pertencimento.
Para ter acesso às novidades, era preciso garimpar lojas físicas, importar produtos e, muitas vezes, esperar meses até que chegassem oficialmente ao Brasil. Era um mundo underground, feito de comunidades restritas e trocas de conhecimento quase secretas.
Hoje, o cenário é radicalmente diferente. O geek continua curioso e conectado, mas seu universo é global e instantâneo. Plataformas como YouTube, TikTok, Twitch e Discord substituíram fóruns escondidos.
Textos longos deram lugar a vídeos curtos, comparativos técnicos e transmissões ao vivo. O colecionismo físico se transformou em assinaturas digitais: Netflix, Game Pass, Spotify e Crunchyroll substituem DVDs, mangás e CDs.
Antes de comprar um gadget, ele assiste a reviews de influenciadores como Felipe Neto ou Marques Brownlee, compara especificações online e lê opiniões de outros usuários. Um console novo, um smartphone dobrável ou um fone de última geração não são apenas compras, são experiências compartilhadas em tempo real com milhares de pessoas.
A pesquisa recém-divulgada pelo Giz_br (2025) confirma essa transformação. Segundo o estudo, 91% dos jovens geeks brasileiros compram online, principalmente em marketplaces e sites oficiais.
Marcas como Samsung, Apple, Google, Xiaomi e Nike definem preferências, mas não identidade isolada: elas fazem parte de um ecossistema de tecnologia, cultura e estilo de vida. Qualidade, inovação e reviews técnicos são os principais guias de decisão.
O que antes era nicho tornou-se mainstream. Se em 2007 se discutia a instalação de programas, hoje o jovem geek experimenta inteligência artificial em celulares dobráveis, edita vídeos para TikTok e participa de comunidades de streaming de jogos ao vivo.
Apesar de todas as mudanças, a essência permanece intacta: a curiosidade é o motor que move geeks de todas as gerações. O que mudou foi a escala e a velocidade. Pequenos grupos em blogs deram lugar a uma audiência global, hiperconectada e imediata.
O geek de hoje compartilha conhecimento, opiniões e experiências com milhares de pessoas ao redor do mundo, mantendo viva a mesma paixão pelo novo que caracterizou os geeks de outrora.
Em resumo, a jornada do geek brasileiro é também um reflexo da nossa transformação digital: do underground ao mainstream, da paciência à instantaneidade, do físico ao digital. Mas a chama da curiosidade, a vontade de explorar e de descobrir, continua exatamente a mesma