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Opinião

Inovação em movimento

O desafio de expandir horizontes no Brasil

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28 de maio de 2025 - 10h15

Nos últimos anos, o debate sobre inovação no Brasil ganhou novos contornos. Enquanto os grandes centros urbanos, notadamente o eixo Rio-São Paulo, continuam sendo palco das principais rodadas de investimento, eventos de alto impacto e lançamentos de tendências, há movimentos relevantes e silenciosos acontecendo no interior do país. Pequenas cidades e regiões tradicionalmente afastadas do mapa da inovação começam a estruturar seus próprios ecossistemas, desafiando a lógica centralizadora que historicamente pautou o setor.

Eventos como o Innova Startup Extreme, realizado no oeste de Santa Catarina, evidenciam esse fenômeno. Mais do que painéis sobre tendências globais, iniciativas assim buscam identificar talentos locais, estimular ideias e formar lideranças capazes de transformar suas comunidades a partir de soluções enraizadas em realidades específicas. Em municípios com menos de 5.000 habitantes, como Luzerna e Água Doce, projetos que antes ficavam restritos a sonhos individuais começam a impactar coletivos inteiros.

Mas, apesar desses avanços, o desafio econômico permanece evidente. Enquanto as grandes capitais concentram fundos de investimento, aceleradoras e programas de incentivo à inovação privada, os ecossistemas locais, especialmente no interior, ainda dependem fortemente de recursos públicos para viabilizar suas iniciativas. A ausência de capital privado estruturado nessas regiões limita a capacidade de continuidade e crescimento desses projetos, que muitas vezes precisam se reinventar a cada nova gestão pública ou edital eventual.

Essa dependência exclusiva de políticas públicas e subsídios pontuais cria um ciclo de instabilidade, dificultando a construção de ambientes de inovação sólidos e sustentáveis fora dos grandes centros. Muitos projetos promissores acabam ficando restritos a pequenas mostras regionais ou iniciativas locais de curta duração, sem acesso a investimentos que permitam a validação, a escalabilidade e a inserção em mercados mais amplos.

O ponto crítico está na concentração não só de recursos financeiros, mas também de redes de conexão, capital social e oportunidades estratégicas. Enquanto isso, a descentralização da narrativa avança mais rápido do que a descentralização do capital. Fala-se muito em inovação democrática, mas na prática, o interior continua à margem do circuito financeiro que alimenta o ecossistema de startups, tecnologia e negócios de impacto.

Se quisermos transformar esse cenário e tornar a inovação verdadeiramente acessível e democrática, será necessário construir mecanismos estruturados de financiamento descentralizado, estimulando a presença de fundos regionais, investidores-anjo locais e parcerias público-privadas permanentes. Inovação sem investimento é apenas discurso, e territórios sem acesso a capital correm o risco de permanecer como meros espectadores do futuro.

O desafio não é apenas descentralizar eventos ou incluir municípios no mapa de hubs de inovação, mas garantir que o capital circule, que as oportunidades sejam distribuídas de forma equitativa e que os talentos possam prosperar onde nasceram. Só assim será possível romper com a narrativa conveniente e construir, de fato, uma descentralização real e transformadora.

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