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O capital humano do futuro começa com pais presentes hoje

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Opinião

O capital humano do futuro começa com pais presentes hoje

Em junho, a licença paternidade vai ser votada no Congresso Nacional. Projeções não são animadoras

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19 de maio de 2025 - 9h14

Disseram que abolir a escravidão destruiria a economia. Não destruiu.

Alegaram que o salário mínimo e o 13º afundariam as empresas. Não aconteceu.

Afirmaram que férias remuneradas e direitos trabalhistas tornariam o Brasil menos competitivo. Não foi o caso

Estender a licença paternidade também não vai quebrar o país; vai, sim, preparar melhor a força de trabalho do futuro, tornando-a mais saudável, produtiva e equitativa.

No próximo mês, o congresso irá regulamentar a licença paternidade, que hoje é de apenas cinco dias corridos. O PL do Pai Presente (PL 3.773/2023), proposto pelo Senador Jorge Kajuru, sugere a licença parentalidade de 120 para ambos genitores, que podem usufruir de forma intercalada ou concomitante. A ideia é distribuir o trabalho de cuidado, incentivar a paternidade consciente e garantir os direitos da criança e do adolescente. Para muitos, o argumento do impacto econômico seria impeditivo para a sua implementação, embora inúmeros estudos apontem que o impacto é pequeno se comparado aos benefícios econômicos de médio e longo prazo. Hoje, a estimativa é de que, no melhor cenário, conseguiremos aprovar 15 dias para que um pai receba em casa seu bebê e se vincule com ele.

É importante não perder de vista que PL é a oportunidade de proporcionar a construção do capital humano do futuro. Estamos falando de mão de obra qualificada e cidadãos bem preparados para compor os rumos das próximas gerações. O economista James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel, estuda a primeira infância e mostra: investir nessa fase da vida das crianças é uma das estratégias mais eficazes para o crescimento econômico. Suas pesquisas indicam que, para cada US$ 1 investido na primeira infância, o retorno pode chegar a US$ 7 na vida adulta.

Para as empresas, também há benefícios concretos. Organizações com políticas parentais estendidas contam com funcionários mais engajados, produtivos e satisfeitos. As pesquisas também indicam que estender a licença paternidade fortalece a igualdade de gênero na cultura organizacional e, empresas com percepção de diversidade de gênero, têm 93% de chances de alcançar um desempenho financeiro acima da média. A Diageo é pioneira nessa frente e oferece 180 dias de licença paternidade, além de políticas e suportes diversos que promovem mais bem-estar e retenção dos talentos. O Grupo Boticário também oferece licença remunerada de 120 dias para homens cis e trans, casais homoafetivos e pais adotivos. Isso prova que uma política de trabalho compatível com o cuidado é possível.

Além do lado econômico, quando um pai participa de forma ativa do começo da vida do seu bebê, isso é bom para todos — para a criança, a mãe, a economia e a sociedade. Hoje, com a mãe sendo a única ou principal responsável pelo cuidado de um recém-nascido, temos uma sobrecarga materna, mulheres abandonando seus cargos e um vínculo enfraquecido com os pais. Um pai presente influencia em todo o desenvolvimento do filho: da sua saúde mental a capacidades acadêmicas, da sua inserção no mercado de trabalho à participação na vida econômica do País. A revisão da lei atual, que era para ser provisória, perdura há mais de 30 anos, mesmo com 76% dos brasileiros concordando que a licença paternidade deveria ser maior.

O movimento pelo #PLdoPaiPresente, liderado pela Coalizão Licença Paternidade (CoPai) e com participação de figuras como Lázaro Ramos, Vera Iaconelli, Dr Daniel Becker, propõe engajar toda a sociedade para que este direito seja conquistado e o Brasil dê mais um passo em direção a um futuro menos desigual.

Você pode fazer a sua parte pressionando seu deputado e senador. Pais presentes também significam empresas mais sustentáveis e uma sociedade mais justa.

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