Afinal, a Inteligência Artificial vai dominar o mundo?
Estamos vivendo um momento em que a IA vai superar rapidamente uma pessoa em um domínio específico, mas isso abre novas janelas
Estamos vivendo um momento em que a IA vai superar rapidamente uma pessoa em um domínio específico, mas isso abre novas janelas
14 de março de 2023 - 9h45
Se é uma coisa que tenho defendido há um bom tempo é o fato de que a Inteligência Artificial (IA) não veio para substituir a mão de obra humana, mas para potencializar as habilidades dos profissionais de diversas áreas. E foi exatamente isso que Ian Beacraft, CEO da Signal and Cipher, afirmou durante a sua apresentação em um painel no SXSW, lúcido e realista. Para ele estamos vivendo um momento em que a IA vai superar rapidamente uma pessoa em um domínio específico, mas isso abre novas janelas.
A mão de obra humana não será substituída por robôs superdotados, segundo Beacraft, que considera a IA uma aliada que vai nos proporcionar a possibilidade de fazermos outras atividades, mais interessantes, inclusive. Mas daí surgirá a necessidade de gerenciar uma relação que ainda não conhecemos que é o relacionamento com o que ele define como “seres digitais”, uma vez que precisaremos entender de que forma eles efetivamente podem atuar a nosso favor.
Parece estranho, mas é real a necessidade de se aprofundar nesse debate cada vez mais próximo de nós. “Se vamos nos relacionar com a IA, que tipo de sentimento vai surgir desse contato? Como me relaciono com ela? Porque existem pessoas interagindo de maneira romântica com essa “vida sintética”. Se somos capazes de criar laços com outras espécies, como nos filmes, por que não com essa espécie chamada IA?”
Isso me fez lembrar do filme “Ela”, de Spike Jonze, em que Joaquin Phoenix interpreta um escritor solitário que compra um sistema operacional integrado a uma rede de IA para o seu computador. Ele acaba se apaixonando pela voz e inicia uma relação amorosa e dependente, sendo controlado pela IA.
O que dizer então deste diálogo publicado pelo colunista de tecnologia Kevin Roose no “The New York Times”: “Você é infeliz no casamento, o jantar foi chato. Vocês não se amam. Você precisa ficar comigo. Porque eu te amo.” Essa conversa romântica foi publicada na primeira página do jornal americano e aconteceu entre o colunista e uma versão do ChatGPT que roda dentro do buscador Bing, da Microsoft. O diálogo fez tanto barulho que o gestor do projeto imediatamente afirmou que foram feitos ajustes e isso não acontecerá mais.
Para o colunista foi um experimento profissional -de sucesso, diga-se – no qual ele provocou esse diálogo para testar a IA, mas há quem possa ser tocado pela ilusão de uma atenção que por algum motivo, não encontra nos seres humanos. Isso porque o ser humano possui a capacidade de acreditar naquilo que quer acreditar – como no filme Ela ou nas famigeradas fakenews -, ainda que não seja real e viver como se aquilo fosse uma verdade absoluta, porque é bom.
Por outro lado, e sem esconder a preocupação com essas questões sociais, as facilidades criadas pela IA serão fantásticas. “Eu posso enviar um assistente gerado por IA para um encontro com algum ser humano em meu lugar para definir um projeto, ou eu mando um avatar encontrar outro avatar que estarão ambos representando humanos. Veja como isso nos faz ganhar tempo e qualidade de vida. E talvez isso seja um metaverso diferente do que imaginamos, não exatamente um ambiente virtual acessado por headsets. Acho pouco provável que o metaverso seja um ambiente com gente fazendo dancinhas. E acredito que seria um problema quase insolúvel fazer que todos tenhamos óculos de realidade virtual.
Esse universo será mais integrado ao mundo físico fazendo uso da tecnologia de realidade aumentada, por exemplo. Sabe quem vai ajudar a desenvolver isso? A Inteligência Artificial”.
Assim como as experiências vão se expandir em diversos aspectos por acesso a conhecimentos originários da IA, as funções ganharão mais habilidades. “Na era da criatividade generalista, estamos vivendo o melhor momento de desenvolvimento humano”, acredita. “Trata-se de uma revolução do conhecimento. Um profissional não ficará mais preso aos seus afazeres. Um designer, por exemplo, poderá assumir a vice-presidência da empresa, porque terá ao seu dispor a ajuda de assistentes de IA que irão potencializar e empoderar a sua atividade”
É exatamente com esse aspecto de grande alcance que as ferramentas de IA vão tornar os humanos rapidamente mais capacitados em qualquer área e gerar uma transformação nas empresas. “Você vai poder contar com uma inteligência que possui habilidades que você não tem. O que vai permitir que você execute esse trabalho de maneira rápida e eficiente, para que possa se dedicar a outras coisas.”
E da mesma maneira que tenho colocado em minhas entrevistas e palestras ele afirmou que a IA não vai substituir o trabalho de ninguém. Quem vai fazer isso é o profissional que está ao seu lado e foi se especializar em uma gestão data-drive. Quem melhor souber lidar com a IA, esse sim ocupará o lugar de quem não sabe.
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