O retângulo azul
Ainda que eu não ache que as tarefas que humanos só conseguirão fazer com o apoio de AI serão muito maiores que o resto, como disse John Maeda, esse retângulo azul muda muita coisa
Ainda que eu não ache que as tarefas que humanos só conseguirão fazer com o apoio de AI serão muito maiores que o resto, como disse John Maeda, esse retângulo azul muda muita coisa
9 de março de 2024 - 14h04
Começo de SXSW e você ainda não está no ritmo do festival. Minha conexão de Miami a Austin atrasou, mala demora pra chegar, Lyft demora para chegar, mas chego inteiro no hotel, deixo minhas coisas, como algo rápido no caminho, pego minha badge e corro pra primeira palestra do dia, chego 40 minutos antes do horário e tem uma fila enorme, o tema: Inteligência Artificial.
Essa vai ser uma constante do festival, todo mundo buscando esse tema que traz tanta inquietação.
Na palestra do John Maeda sobre o Tech Report de “Design against AI”, ele compartilhou várias implicações e aplicações do AI sob a ótica do Design, algumas coisas sobre futuro e realidade, como os robôs superinteligentes e capazes de executar tarefas humanas já são uma realidade com a ajuda do AI e também a realidade espacial, com óculos AR e VR que também deram um salto incrível com a inteligência artificial, apesar dele mesmo não gostar desse último.
Porém, vou trazer a atenção desse artigo para um único slide que ele compartilhou dentre tantos outros, o slide sobre um retângulo azul.
Nesse slide, ele mostra o universo de possiblidade que um humano tem hoje em dia representado por um retângulo amarelo, dentro desse universo amarelo de possibilidades, existe um pontinho vermelho, bem pequeno, que representa as tarefas que apenas os seres humanos conseguem fazer, sem ajuda de máquinas e, também, máquinas sozinhas também não podem executar o ofício que representa esse pequeno círculo vermelho.
Numa área maior, ainda dentro do retângulo amarelo, abre-se um retângulo preto, que representa as tarefas que seres humanos fazem e que podem ser automatizadas por AI, ou seja, um espaço considerável das funções dos humanos já pode ser automatizado.
Por último, e mais incrível, revela-se um novo retângulo azul, muito maior que o inicial amarelo, representando as novas tarefas que os humanos só conseguirão fazer com a ajuda de AI.
Ainda que eu não ache que o retângulo azul será tão grande como Maeda representou, ou seja, que as tarefas que humanos só conseguirão fazer com o apoio de AI serão muito maiores que o resto, esse retângulo azul muda muita coisa.
Ele trás um certo alívio para o mercado de trabalho dos humanos, pois se abrirão muitas novas possibilidades que ainda nem imaginamos, mas por outro lado traz também um receio do desconhecido e, com isso, várias perguntas: quais serão essas novas funções? quão qualificada tecnicamente os humanos terão de ser? vai ser mais inclusivo ou exclusivo? qual a relevância do humano e da AI nessa equação?
Além de muitas outras que, hoje, ainda não somos capazes de responder.
Os retângulos de John Maeda trazem uma visão realista das implicações da AI na vida dos humanos e abre espaço para fazermos reflexões importantes sobre o tema, afinal, frente a frente à um futuro que, nunca antes, foi tão novo para todos nós.
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