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Pessoas, infelizmente, se vão! Propósitos e legados, felizmente, ficam!

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Opinião

Pessoas, infelizmente, se vão! Propósitos e legados, felizmente, ficam!

Como nossos ídolos cruzam nossos caminhos, nos inspiram, nos transformam e influenciam nossos crescimentos


14 de julho de 2023 - 8h54

(Crédito: Reprodução/ Arquivo Nacional)

Elza, Pelé, Glória, Gal, Rita, Zé Celso, entre outros. Nestes dois últimos anos têm sido difícil dar tantos adeuses a pessoas tão especiais. A cada partida um aperto no coração e uma sensação de vazio.   

Este artigo, porém, não será sobre a dor da despedida, mas sim sobre a alegria e dádiva de poder ter vivido no mesmo tempo de todas essas pessoas e de tantas outras que cruzam e transformam nossos caminhos.  

Gal, Rita, e Glória fizeram parte da minha infância, adolescência e me seguiram o resto da vida. Praticamente não vi Pelé jogar em “tempo real”, mas o vivi nas lembranças dos outros e muitos “vídeo tapes” de suas jogadas! Já Zé Celso e Elza foram descobertas da vida adulta.  

Todos praticamente contemporâneos, mas que me marcaram em momentos e intensidades diferentes. A partir de suas artes e com seus ofícios, me proporcionaram e provocaram inúmeras vivências que, de acordo com a minha maturidade em cada época me divertiram, provocaram reflexões e até me permitiram também aprender!  

Foram vários carnavais, desde os primeiros da minha vida, pulando ao som de “Balancê”, da Gal, e “Lança Perfume”, da Rita. Ao mesmo tempo que a letra da música “Cor de Rosa Choque” me levava às primeiras reflexões sobre a importância da força feminina. 

Quantas não foram as noites pouco dormidas pelas quais fiquei esperando até tarde da noite uma entrevista da Glória com a Madonna ou Freddie Mercury, ou a sua reportagem exclusiva em algum distante país do mundo que tinha sonho em conhecer. E no dia seguinte, tinha muita história para contar sobre algo novo que tinha me impactado.  

Passei muitos anos ouvindo histórias emocionantes do meu pai, apaixonado por futebol, que me contava sobre a alegria de ganhar a Copa de 70 e dizer que éramos o país do melhor do Futebol e do Pelé, o maior atleta que o mundo viu! 

E, mais recentemente, ter a emoção indescritível de poder assistir pessoalmente às interpretações de Elza para “Meu Guri”, “A Carne” ou “Comportamento Geral”, que me arrancavam lágrimas e tiraram meu o coração para fora. Assim como poder assistir a remontagens de “Rei da Vela”, “Roda Viva” e “Esperando Godot”, com atuações e encenações espetaculares, que levavam meus pensamentos para longe, extasiada de tanta criatividade, mas o mesmo tempo de muita realidade jogada na cara! E o Zé Celso, sempre ali, incansável sentado na plateia e participando ativamente de todas as obras que dirigia.  

Por detrás desses eventos que me proporcionaram importantes experiências, existia a potência dos profissionais e artistas primorosos naquilo que faziam com muita dedicação, competência e amor. 

Muitas vezes ouço que não devemos confundir a pessoa com a sua obra. Entendo quem diz que a obra após construída ganha vida, torna-se independente e tão grande quanto aquele que a criou. Mas nestes casos que menciono aqui, vou fazer questão de fazer esta mescla. As suas obras existem e são capazes de emocionar, porque são frutos das pessoas que são, de suas trajetórias e histórias de vida.  

Vai mais além do dom e da genialidade. É resultado de muita energia, coragem, resistência, resiliência e transgressão.  Legados valiosos, que despertam emoções e propósitos de vidas. Seguramente inspiraram a vida de muitas pessoas e carreiras de jornalistas, humoristas, atletas, cantores, atores e diretores de teatro.  

Pode até parecer simplista, mas no ciclo da vida, nossos ídolos, e as mais diversas pessoas que admiramos, cruzam nossos caminhos, nos inspiram, nos transformam e influenciam nossos crescimentos. Sempre teremos dificuldade de lidar com o desapego de aceitarmos que se vão, mas a forma de como nos influenciaram ficam para sempre conosco. Arrisco até a dizer, que cada um de nós é resultado do conjunto dos legados deixados por nossos ancestrais e pelos legados que vão sendo construídos pelos nossos contemporâneos.  

Nos múltiplos papéis que exercemos em nossas vidas, na família, no trabalho, nos negócios, no grupo de amigos, nas diferentes comunidades que frequentamos, cada de um nós, estamos nos dois lados desta troca! Somos influenciados por nossas referências o tempo todo, mas mesmo que com amplitudes e escalas diferentes, construímos nossos propósitos, legados e nos tornamos referências e exemplos para muitos daqueles que nos cercam. 

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