Opinião

Consumo consciente de pequenas empreendedoras

Por que comprar de uma mulher que empreende é muito mais do que uma transação comercial

Adriana Carvalho

Diretora executiva do Instituto Consulado da Mulher 1 de agosto de 2025 - 11h21

Mulheres empreendedoras (Crédito: Shutterstock)

(Crédito: Shutterstock)

Todos os dias, acompanho de perto a realidade de milhares de mulheres que empreendem para transformar suas vidas — e, com elas, também suas comunidades. Por isso, afirmo com convicção: comprar de uma mulher empreendedora é muito mais do que uma transação comercial, é uma escolha que gera impacto social, movimenta a economia local e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Quando priorizamos pequenas empreendedoras, estamos apoiando mulheres que muitas vezes conciliam o cuidado da família com a gestão do próprio negócio. São histórias de resistência, sobrevivência, inovação e coragem. Mulheres que criam seus caminhos, mesmo diante da informalidade, do acesso limitado a crédito e da sobrecarga do trabalho doméstico.

Mas há um dado que revela um desafio ainda mais profundo: embora 97% delas tenham algum tipo de empreendimento, 25% não se consideram empreendedoras, e 43% dizem ser a principal renda da família. A informação é da pesquisa “Nano Empreendedorismo Feminino: Desafios e Motivações”, realizada pelo Consulado da Mulher, organização sem fins lucrativos mantida pela Whirlpool. Isso levanta uma reflexão importante: será que a principal barreira é a maturidade do negócio ou estamos diante de uma insegurança estrutural em se reconhecer como empreendedora, ou ainda ambos?

Fortalecer o empreendedorismo feminino exige também promover autoestima, pertencimento e valorização da identidade empreendedora, e é uma das estratégias mais eficazes para a redução das desigualdades, inclusive a econômica. Segundo o McKinsey Global Institute, a plena participação das mulheres na economia poderia adicionar até US$ 28 trilhões ao PIB global até 2025. Já o Boston Consulting Group estima que a igualdade no empreendedorismo poderia gerar entre US$ 2,5 a US$ 5 trilhões adicionais à economia global.

No Brasil, segundo dados recentes do Sebrae, 49,1% dos lares são chefiados por mulheres. Isso significa que, ao comprar de uma empreendedora, estamos contribuindo diretamente com a renda de famílias que dependem desse trabalho para viver com dignidade.

Essas mulheres não estão apenas vendendo produtos ou serviços. Elas estão movimentando redes de cuidado, promovendo autonomia e criando soluções para demandas reais de seus territórios. São protagonistas de uma economia mais humana e sustentável.

É justamente nesse cenário que o consumo consciente ganha ainda mais relevância. Cada decisão de compra pode ser uma ferramenta de transformação. Ao apoiar o empreendedorismo feminino, contribuímos para alcançar objetivos como os da ODS 5 da ONU, que propõe igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas.

Comprar de pequenas empreendedoras é apostar em negócios com propósito, com impacto e com alma. É reconhecer o valor do trabalho feminino e ajudar a construir um país com mais oportunidades para todas.

Nossa escolha tem poder. Que ela seja por uma economia mais inclusiva, resiliente e transformadora.