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Cannes 70: Os primeiros Leões do Brasil na história do festival

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Cannes Lions

17 a 21 de junho de 2024 | Cannes - França
Cannes

Cannes 70: Os primeiros Leões do Brasil na história do festival

País estreou em 1971 e conquistou prêmios com filmes que usavam a força dramática de textos e interpretações


16 de junho de 2023 - 16h57

Quando o Festival Internacional de Criatividade de Cannes surgiu, em 1954, em Veneza, como um prêmio aos melhores filmes publicitários exibidos em cinemas antes dos longas-metragens, o mais perto que o Brasil estava do evento era pela presença do produtor alemão Curt Lowe, radicado na Argentina.

O país vizinho já tinha uma produção cinematográfica reconhecida. Lowe era diretor recém-lançada Screen Advertising World Association (Sawa), associação lançada naquele início dos anos 1950 e que foi promotora do Cannes Lions até a venda o festival para a iniciativa privada, na década de 1980. Lowe foi um dos articuladores do evento, inspirado no Festival de Cinema de Cannes, ao lado de outros três europeus: o inglês Ernest Pearl, o francês Jean Mineur e o alemão Fritz Rotschild.

Na primeira edição, eles conseguiram reunir 130 delegados e 184 filmes, de 14 países, no então chamado International Advertising Film Festival.

Os maiores competidores foram Itália (42 filmes), França (38), Alemanha (36), Reino Unido (29) e Estados Unidos (19). Líder em inscrições, a Itália conquistou o primeiro Grand Prix da história do Cannes Lions, para uma animação de três minutos chamada “Il circo”, desenvolvida pela produtora Ferry Mayer para o creme dental Chlorodont.

O mercado publicitário brasileiro só descobriu o festival quase vinte anos depois, em 1971, quando, pela primeira vez, um publicitário do País integrou o júri: Alex Periscinoto, falecido em 2021 e, na época da estreia no evento, vice-presidente da Almap.

Naquele mesmo ano, o Brasil enviou pouco mais de dez filmes e conseguiu conquistar os três primeiros Leões da publicidade nacional, sendo um de Prata para o comercial “O nobre”, criado pela Julio Ribeiro/Mihanovich, produzido pela Última Filmes e protagonizado pelo ator Raul Cortez para a mortadela Swift; e dois de Bronze para “Overturn”, da Lince e Rui Agnelli para Cofap; e “The Big Class of Satisfaction”, da Hot Shop e Última Filmes para Lacta.

Quatro anos depois, em 1975, o Brasil conseguiu o primeiro Leão de Ouro do País. Washington Olivetto, então na DPZ, escreveu o texto do filme “Homem com mais de 40 anos”, assinado pelo Conselho Nacional de Propaganda e que nasceu a partir de um anúncio veiculado em 1º de maio de 1975, Dia do Trabalho.

No ano seguinte, Olivetto conquistou mais um Leão de Ouro, mas usando o pseudônimo George Remington (aproveitando o primeiro nome do ator George Hamilton, mas trocando o sobrenome pela marca das máquinas de escrever concorrentes da Olivetti). O comercial vencedor em 1976 foi “Homem frustrado”, criado para o Bamerindus pela house Umuarama e protagonizado por atriz Irene Ravache. O uso do pseudônimo deve-se ao fato de que Olivetto trabalhava na DPZ, que atendia a conta do banco Itaú.

O convite para o trabalho freelancer partiu de Andrés Bukowinski, diretor dos dois filmes ganhadores dos primeiros Leões de Ouro brasileiros e um dos responsáveis pela popularização do Festival de Cannes no mercado brasileiro.

Bukowinski nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 1940, mas migrou com a família para a Argentina em 1949. No início dos anos 1960 começou a trabalhar com a produção de filmes publicitários e se tornou sócio da Lowe Argentina — empresa de Curt Lowe, um dos fundadores da Sawa. Em 1973, atendendo a um convite de José Zaragoza, sócio da DPZ, Bukowinski mudou-se para o Brasil e fundou a Aba Filmes, uma das produtoras mais premiadas do Brasil em Cannes nas décadas de 1970 e 1980.

Até 1980, o Brasil havia conquistado somente 3 Leões de Ouro em Cannes. Além dos já citados filmes para o Conselho Nacional de Propaganda e Bamerindus, em 1978, houve um Ouro para “Menino de bicicleta”, da SSC&B Lintas e da Blow Up Produções para Cia de Seguros. Em comum, esses filmes pioneiros tinham na força dramática de seus textos e interpretações a base para suprir a falta de recursos técnicos da época.

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