Veja os 4 destaques do relatório financeiro do Publicis Groupe
Operação impulsionada por IA e fusão Omnicom-IPG contribuem para crescimento elevado na receita da holding

Publicis Groupe (Créditos: Reprodução)
*Do Ad Age
Enquanto o Omnicom Group aguarda a conclusão da aquisição do Interpublic e o WPP se reorganiza sob nova liderança, o Publicis Groupe segue em destaque no mercado — registrando um crescimento orgânico de US$ 4 bilhões em receita no terceiro trimestre de 2025.
Confira abaixo quatro destaques do relatório financeiro divulgado nesta terça-feira, 14, além de uma entrevista do Ad Age com o chairman e CEO do Grupo, Arthur Sadoun.
Análise dos números
Os Estados Unidos — mercado que Sadoun caracterizou como “o lugar no qual nosso modelo de IA mais se desenvolve” — tem a melhor performance da holding, gerando um crescimento orgânico de receita de 7,1%. Na Europa, o crescimento foi de 2,8% e, na Ásia, de 6,5%.
Mídia conectada (que inclui dados, mídia, CRM, social e commerce) representou cerca de 60% da receita e cresceu um dígito. O grupo afirma que tais resultados foram impulsionados por sua infraestrutura e pela IA.
Criatividade inteligente (que inclui áreas de criação, RP e produção) representa cerca de 25% da receita, entregando um crescimento de meio dígito. O resultado foi impulsionado por ganhos de dois dígitos em produção guiada por IA.
O braço de tecnologia da empresa, o Publicis Sapient, responsável pelos 15% restantes, retorna ao crescimento apesar dos ventos contrários de um mercado de TI ainda enfraquecido, afirmou Sadoun.
IA ajuda a área criativa da Publicis a crescer
Sadoun disse que tem observado uma “forte demanda por capacidades impulsionadas por IA”.
Mais de 73% da receita da Publicis do trimestre vem do que a companhia define como trabalho “impulsionado por IA”. O negócio de mídia conectada viu 80% de sua receita vindo do trabalho feito com IA, e um terço da receita de inteligência criativa também.
“É muito interessante ver que nosso negócio criativo está crescendo na faixa de dígitos médios”, conta Sadoun ao Ad Age. “Isso se deve a duas coisas: em primeiro lugar, nossas plataformas de produção por IA crescem com duplos dígitos; em segundo lugar, tivemos alguns ganhos importantes no cenário criativo”.
Redes baseadas em agentes para clientes já responde por 10% das operações da Publicis, segundo Sadoun — maior parte é feita pela Publicis Sapient. “Percebemos uma demanda crescente por redes com agentes, o que significa que os clientes perceberam que não faz sentido manter agentes separados e criados de forma independente, mas sim contar com um sistema integrador para fazê-lo”.
Sadoun foi enfático ao dizer que agentes eventualmente substituirão alguns trabalhos, mas que as demissões e a redução no ritmo de contratações em outras empresas têm mais a ver com a desaceleração do crescimento e a busca por eficiência do que com os investimentos em inteligência artificial.
“A razão pela qual pessoas estão sendo demitidas é a falta de crescimento”, diz. “É um ponto muito importante porque não há dúvidas que os agentes vão acabar substituindo alguns empregos no futuro”. O executivo acrescenta ainda que novos empregos também surgirão com a IA, o que representa progresso.
Como a IA está remodelando resultados
Sadoun afirma que não percebeu clientes diminuindo seus investimentos, mas sim um maior investimento em diferentes áreas, em sua maioria com a IA. Ele disse que uma parte crescente de novos negócios chegam sem passar por revisões formais, ao passo que profissionais de marketing buscam a Publicis por sua infraestrutura com IA.
“Metade dos clientes que conquistamos nos últimos seus meses, conquistamos sem a necessidade de um pitch”.
Sadoun ainda explica que a tendência aponta para uma mudança eventual, que trará menos avaliações e cada vez menores — isso porque profissionais de marketing vão entender melhor o que buscam em seus parceiros.
“Todo cliente vai se perguntar com a IA pode acelerar seu crescimento e reduzir seus gastos em marketing”, conta o chairman. “Não sei se teremos muitos pitches, mas teremos muitas questões”.
Sadoun sobre a mudança no cenário competitivo
Saudon diz que a Publicis já percebeu um efeito positivo na união entre Omnicom e IPG.
“Estamos, sem dúvida, aproveitando um cenário competitivo cada vez mais favorável. Não imaginava que a fusão fosse reduzir o cenário competitivo tão rápido. Mesmo que a fusão ainda não tenha acontecido, clientes já perceberam que devem se apresentar para três players e não quatro, o que reduz a competitividade em 25%”.
Ainda há especulação contínua sobre a próxima grande fusão da indústria, especialmente após a Dentsu deixar claro que irá negociar parte de seu negócio. Sadoun disse que tem interesse em partes de outras holdings: “Acreditamos que consolidar mais do mesmo apenas visando eficiência é uma abordagem ultrapassada”.