Whipple: “vemos AR e VR sob alta demanda no pós-Covid-19”
Em entrevista ao AdAge, CEO global da Accenture Interactive fala sobre tendências, o futuro das holdings e dos negócios
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*Por Lindsay Rittenhouse, do Ad Age
Brian Whipple, CEO global da Accenture Interactive, fez um dos acordos mais comentados da década quando a consultoria comprou a Droga5, uma das agências mais criativas da indústria. Em 2019, sob a liderança de Whipple, a Accenture fez outras seis aquisições de agências, como a Shackleton, a Adaptly e a Insitum. Também no ano passado, o grupo conquistou as contas de Infiniti, Kimberly-Clark, Nestlé e Museu do Louvre.
Whipple e o diretor de clientes da Fjord, Mark Curtis, detalharam recentemente o que chamam de “cinco novas verdades humanas que as experiências precisam abordar” no pós-pandemia: desgaste geral da confiança; mudança para trabalho virtual; desejo de ficar perto de casa; surgimento de uma economia da saúde com oportunidades para todos; e, dependendo de como os governos lidarem com a crise, o ressurgimento ou declínio das autoridades top-down.
O Advertising Age conversou com Whipple para falar sobre como ele está liderando a empresa na pandemia do novo coronavírus, ao mesmo tempo em que integra a Droga5 à Accenture Interactive:
Advertising Age – Sobre as cinco novas verdades humanas que as experiências precisam abordar após a pandemia, como você e Curtis as inventaram? Por meio de conversas com clientes? Ou são resultados que a Accenture Interactive prevê?
Brian Whipple – É uma combinação do que estamos vendo e de conversas que estamos tendo com os principais clientes – pessoas com uma visão mais ampla do ecossistema – e de nossa própria intuição estando no espaço de agência. É baseado em pesquisas anedóticas e em muitas conversas.
Ad Age – Vocês estão usando essas previsões para orientar os clientes na pandemia? Como estão aconselhando os clientes durante esse período?
Whipple – Estamos ajudando nossos clientes a se posicionarem com base nessas cinco ideias. Estamos aconselhando-os sobre suas estratégias para quando eles precisarem sair da Covid-19 ou mesmo sobre suas estratégias durante a Covid-19. Tudo mudou. Eles estão vendo como suas marcas são construídas por meio de experiências. A publicidade é apenas um componente dessa experiência. Estamos descobrindo que todas as empresas precisam de um ângulo saudável, algo sobre o qual as empresas realmente não pensavam antes. Por exemplo, os fabricantes de automóveis agora farão investimentos significativos em filtrações de ar de melhor qualidade. Eles não pensavam nisso antes. [A pandemia] está impactando a forma como as empresas projetam e oferecem serviços. Falar com nossos clientes sobre essas cinco coisas e como elas os afetarão é um [serviço].
O segundo [serviço] é mais tático, relacionado a necessidades comerciais simples. E há duas etapas nisso. Os principais fornecedores de comércio têm enormes desafios na cadeia de suprimentos, quantidade e volume. Eles estão tendo que acompanhar campanhas de marketing, plataformas, serviços de entrega. E existem as outras empresas que vendiam por meio de grandes lojas ou atacadistas. Essas estão praticamente desligadas. Toda empresa precisa ser direct-to-consumer agora. Como se faz isso? O lado tático do negócio é uma área super movimentada para nós agora.
Ad Age – Como tem sido o fluxo de novos negócios? Está diminuindo ou continuando?
Whipple – Não posso comentar sobre nenhuma tendência específica de receita, mas farei algumas observações. Como todas as empresas, é claro que nossos negócios serão afetados pela Covid-19. Naturalmente, teremos grandes projetos de reinvenção porque os clientes estão em más situações financeiras. Talvez eles se reestruturem e estaremos envolvidos em alguma parte disso. O varejo e o e-commerce ainda são grandes partes das experiências. Temos uma demanda significativa nessas áreas. As pessoas ainda estão comprando coisas de maneiras diferentes pelo Instagram, pela Amazon, pelo Alibaba, por meio de todas essas plataformas e tecnologias. Como tudo está relacionado aos nossos negócios, é muito cedo para dizer.
Tenho muitos amigos íntimos em holdings de publicidade; WPPs, Omnicoms. Essas são empresas muito bem administradas, com pessoas super inteligentes, mas será difícil para elas. Os clientes estão reduzindo investimentos em publicidade e isso terá muito mais impacto sobre eles do que sobre nós, porque não somos tradicionalmente uma empresa de publicidade. Nossa divisão de comércio está pegando fogo. Estamos naturalmente em uma posição melhor do que alguns, mas não quero deixar a impressão de que isso não nos afetará. Obviamente, isso terá um impacto em nossos negócios, mas as empresas ainda precisam alcançar seus funcionários e consumidores, por isso estamos super ocupados no momento.
Ad Age – Como disse, há muitas agências, muitas das quais independentes, lutando neste momento. A Accenture Interactive está pensando em comprar alguma delas? Estão pensando em aquisições?
Whipple – Antes de tudo, receio que sua avaliação esteja correta. Meu coração está voltado para as pequenas agências com menos de cem pessoas e que geralmente estão ligadas a um punhado de clientes. Acredito que será um desafio para elas. Espero que todas passem por isso e emerjam do outro lado. Existe uma correlação entre as lutas deles e nós tentando comprá-los? Não. Esse não é o nosso estilo. Nossa estratégia é sempre a mesma: adicionar um novo recurso que proporcione boas experiências aos nossos clientes ou dimensionar os recursos existentes. Digamos que seja uma agência de marca. Bem, temos marcas em nossa fábrica com Droga5, The Monkeys. Então, poderíamos pensar em acrescentar algo a isso? Poderíamos. Mas, fazê-lo não seria em função da Covid-19. Acredito que o mercado nos verá ativos no espaço inorgânico nos próximos 12 meses, mas esse não será um terreno tão ativo quanto um ou dois anos atrás. A razão para isso é que temos quase todas as peças no lugar agora.
– Quais peças ainda estão faltando?
Acredito que nada está faltando, por assim dizer. O que talvez precise ser mais forte são certas geografias nas quais operamos. Talvez algo esteja forte na América do Norte, mas não em Pequim ou Hong Kong. É claro que há peças que queremos construir em vários locais globais. Nosso negócio de conteúdo digital está crescendo. Como parte de nossa liderança de pensamento, vemos AR e VR possivelmente sob alta demanda em um mundo pós-Covid-19. Atualmente, a AR e a VR são altamente qualificadas, mas, se nossa hipótese estiver correta, também poderemos escalá-la. Devemos procurar aumentar as capacidades em determinadas áreas.
Ad Age –Como está sendo a fusão com a Droga5? A Covid-19 afetou o processo?
Whipple – Continuo muito otimista em relação a isso. David Droga e eu conversamos praticamente toda semana. Tivemos alguns problemas técnicos, mas agora conseguimos fazer a transição perfeita de todos para o trabalho remoto. Estou muito otimista sobre o destino de David e sua equipe. Não sei se você viu o vídeo no Facebook. (assista ‘Never Lost’ aqui). É uma peça muito interessante que fizemos para o Facebook. Tudo isso foi criado em um ambiente remoto. A Droga5 tem ótimas pessoas, que estão fazendo coisas incríveis com nossos clientes. É como uma equipe interativa. Alocamos um espaço no nosso escritório para eles. Está sendo ótimo.
Ad Age – Que mudanças você vê na rotina de trabalho e na forma com que negócios serão feitos?
Whipple – Veremos turnos virtuais permanentes em várias plataformas. Já existem plataformas de exercícios remotas como Peloton ou Mirror. Haverá mudanças permanentes. Embora existam academias, provavelmente existirão de maneira diferente, com mais espaçamento e um menor número de funcionários. Do ponto de vista humano, será bem interessante. Do ponto de vista comercial, nos permitirá atrair uma ampla gama de talentos de diferentes locais. Empresas, no final das contas, gastarão muito menos em viagens daqui a dois anos do que há dois anos atrás. Vamos nos ajustar e nos tornar muito mais eficazes e eficientes. Necessidade é a mãe da invenção.
*Tradução: Amanda Schnaider
**Crédito da imagem no topo: Champc/iStock
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