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Quais são os desafios éticos da IA no futuro?

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Quais são os desafios éticos da IA no futuro?

Ronaldo Lemos, advogado, especialista em tecnologia e apresentador do Expresso Futuro, abordas os dilemas criados pelo avanço da inteligência artificial


30 de maio de 2023 - 18h43

desafios éticos da IA

Ronaldo Lemos no ProXXIma 2023 (Crédito: Eduardo Lopes/ Imagem Paulista)

Nos últimos meses, com a ascensão do ChatGPT e de outras ferramentas de inteligência artificial generativa, a IA se tornou o centro de um debate que passa por políticas públicas e regulação, propriedade intelectual e até as dinâmicas de trabalho. No palco do ProXXIma 2023, Ronaldo Lemos, advogado, especialista em tecnologia e apresentador do Expresso Futuro, abordou os desafios éticos e estratégicos da inteligência artificial.

Mais do que uma ferramenta ou tecnologia, Lemos conceituou a IA como um agente do mundo contemporâneo. “A palavra mais importante aqui é exatamente de que essa IA é um agente que tem a capacidade de tomar decisões olhando para o seu ambiente e para os dados”, apontou Lemos. Ele também explicou que, apesar de não ser algo novo, o momento atual é de fato um ponto de virada para a inteligência artificial.

“A primeira vez que nós falamos de IA foi na década de 1950. Só que, de lá para cá, obviamente, muita coisa aconteceu. Teve uma época em que foi dada como impossível de acontecer e a revolução que nós estamos vivenciando hoje – chamada de verão da Inteligência Artificial – foi feita por uma outra geração de pesquisadores”, explicou.

Moralidade e alinhamento

Entre os desafios éticos criados por esse agente, o apresentador do Expresso Futuro destaca a moralidade. Isso significa que a inteligência artificial será responsável por tomar decisões morais pelos seres humanos. “Por exemplo, se você tem um carro autônomo e um acidente vai ser inevitável, como é que você explica para o carro autônomo qual decisão ele vai ter que tomar entre atropelar um homem ou uma mulher? Sendo que um dos dois vai ter que falecer, inevitavelmente”, questiona o advogado.

Ele destaca que, nem mesmo entre humanos, decisões como essas são unânimes. Outra questão é o alinhamento. “Se você tem uma inteligência artificial, a quem ela obedece, a quem ela está alinhada. É o nosso interesse? É o interesse da empresa que fabricou aquela Inteligência Artificial? Ou é o interesse da coletividade?”, questiona Lemos.

Desigualdade e singularidade

A desigualdade que é um problema latente no mundo e também pode ser exponenciada, com mudanças no mercado de trabalho. “Nós vamos ter um impacto tão grande na distribuição de renda que vai ser necessário criar algum tipo de anteparo público para dar conta dessa questão e do choque que a inteligência artificial pode trazer”, afirma o estudioso.

Por fim, ele chama atenção para o conceito de inteligência e uma possível homogeneização. “Eu fico muito preocupado de a gente ter um modelo único de Inteligência Artificial e perder a possibilidade de trabalhar com uma multiplicidade de inteligências diferentes”, aponta. Ele acrescenta: “No Brasil, temos inteligências ancestrais dos povos indígenas. Inteligências relacionadas à preservação da natureza, do ecossistema. Como é que a gente coloca isso dentro do ambiente de Inteligência Artificial”.

 

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