Reter talentos passa por empatia e reavaliação de modelos de trabalho

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Reter talentos passa por empatia e reavaliação de modelos de trabalho

Profissionais da Meta, PepsiCo e Ollo destacam as razões que estão fazendo os talentos deixarem as empresas e como elas precisam criar um ambiente mais inclusivo


3 de junho de 2022 - 8h20

Apesar de o desemprego estar em patamares bem elevados no Brasil já há algum tempo, muitas pessoas estão abrindo mãos de seus trabalhos formais de forma voluntária. Em março, um levantamento feito pela LCA Consultores apontou que dos pouco mais 1,8 milhão de rompimentos de contratos de trabalho feitos naquele mês, 603 mil foram por decisão dos funcionários.

 

Fabio Baragli, da PepsiCo; Karina Rehavia, da Ollo e Raphaella Martins, da Meta, falam sobre o tema à moderadora Vivian Zeni, da Wunderman Thompson (Crédito: Eduardo Lopes/Imagem Paulista)

Esse dado foi citado por Karina Rehavia, CEO da Ollo, no palco do Proxxima 2022 como um exemplo da transformações das relações de trabalho e do fato as pessoas estarem priorizando o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre outros fatores, e que abrem para as empresas a necessidade de reavaliarem como tratam – e o que esperam – de seus colaboradores.

Outro tema abordado por ela e pelos demais participantes foi o open talent, que pode ser traduzida como um modelo de economia em que os colaboradores não têm vínculos fixos com uma empresa específica e podem prestar serviços para várias, por diferentes períodos de tempo, de acordo com suas aptidões e com as necessidades das companhia.

“O open talent é um benefício às empresas e aos talentos. Antes, as empresas estavam restritas aos talentos que tinham ali em seu quadro e, agora, passam a ter acesso a um pool infinito de talentos, em todo o mundo. Isso traz flexibilidade e acaba fazendo com que as companhias fiquem mais eficientes”, disse Karina.

O sonho da flexibilidade

Fabio Barbagli, VP de Recursos Humanos da Pepsico, também participou do painel e contou que, por conta da pandemia, a companhia fez uma pesquisa com seus colaboradores e conversou bastante com todos para entender as necessidades daquele momento. “O item que mais apareceu, em todos os níveis hierárquicos da empresa, era a busca por uma jornada flexível. Com esse insight, construímos um modelo híbrido flexível. Muitas empresas estão determinando alguns dias de trabalho no escritório e outros em home office, mas quando esses dias são determinados, acabam criando uma outra rotina inflexível. Optamos por tornar a ida ao escritório totalmente opcional, com recomendações de trabalho presencial para algumas experiências e pela necessidade de alguns trabalhos. Nesses últimos tempos, estamos com 60% de ocupação do escritório, em média, o que representa que as pessoas, mesmo com a flexibilidade, ainda enxergam valor em estar ali”, exemplificou.

Mudanças mais profundas

Para além das questões sobre jornada de trabalho e modelos de contratação, as empresas precisam repensar – e sobretudo, agir – para corrigir, de forma mais acelerada, distorções que ainda são evidentes e que excluem boa parte da população brasileira do mercado de trabalho. O assunto foi levantado por Raphaella Martins, program manager do Creative X, da Meta, que destacou que é o momento de as empresas enxergarem sua vulnerabilidade corporativa.

“Quando olhamos para todas essas movimentações que estão acontecendo, ainda enxergo uma desconexão entre o que está sendo falado e o que está acontecendo, de fato. Estou há muitos anos na indústria e ainda vejo os mesmos números de alguns anos atrás: apenas 13% das cadeiras de liderança são ocupadas por mulheres e, quando fazemos o recorte racial, das mulheres negras, são menos de 0,5% que ocupam algum cargo de liderança. O mercado precisa se colocar no lugar da vulnerabilidade corporativa e entender que ainda não temos resposta para resolver esses problemas, mas que estamos dispostos a mudar estruturas, condutas e políticas. Isso dá trabalho, é algo desconfortável, mas é urgente”, destacou.

A profissional da Meta também destacou a importância de abrir caminhos para que pessoas que ainda estão excluídas façam parte do mercado formal. “Como que nós, profissionais orientados por dados, não nos conectamos a mais importante conversa, que é a necessidade de trazer ao mercado pessoas que vemos empreendendo por necessidade, porque o trabalho formal está fechado para elas? Se quisermos construir um futuro com inovação, temos que trazer para a mesa pessoas que ainda não estão aqui”, concluiu.

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