Incógnitas e caminhos para o Twitter de Elon Musk

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Incógnitas e caminhos para o Twitter de Elon Musk

Profissionais de marketing digital acreditam que o posicionamento da plataforma perante a liberdade de expressão determinará a valorização da rede como um ambiente de negócios para as marcas


4 de maio de 2022 - 8h13

Um empresário bilionário e influenciador, com uma capacidade incrível de inovar e divulgar suas habilidades empresariais, com uma rede social nas mãos para chamar de sua. O que se pode esperar dessa configuração ainda é uma incógnita para profissionais que atuam na área de marketing de influência e digital. Mas de uma coisa já é possível ter praticamente certeza: o Twitter será uma nova rede social a partir da gestão da Elon Musk.

 

(Crédito: FellowNeko/Shutterstock)

A compra da plataforma pelo homem mais rico do planeta, anunciada semana passada, pelo valor de US$ 44 bilhões, tem sido um dos assuntos mais comentados em todo o mundo muito pela curiosidade a respeito do futuro da plataforma. Já se sabe que Musk tem alguns planos para a rede social, muitos dos quais ele já revelou na própria plataforma, como usuário. Quais são essas mudanças, como elas serão aplicadas e de que maneira as marcas anunciantes que utilizam o Twitter como canal de comunicação com seu público-alvo irão permear esse novo cenário ainda são questões difíceis de serem respondidas.

Ao participar do Met Gala nessa segunda-feira, 2, em Nova York, Musk disse aos jornalistas, no tapete vermelho do baile, que um de seus primeiros objetivos será atrair mais usuários ao Twitter, sobretudo nos Estados Unidos. Ele disse que quer que um percentual maior de pessoas no território use a rede social como uma plataforma onde todos possam conversar de forma livre.

Liberdade para que?

Essa liberdade que o bilionário e sócio da Tesla fez questão de frisar por diversas vezes ao se referir à rede social causa alguns receios em profissionais do mercado a respeito de como, de fato, ela funcionará na prática. “Em um ambiente já bastante inóspito para o diálogo, será que os usuários vão se sentir seguros para continuar em uma rede onde, sob o discurso da ‘livre expressão’, a moderação pode diminuir e os ataques podem aumentar?”, questiona Bia Granja, cofundadora e CCO do YouPix.

A mesma preocupação é levantada por Ricardo Silvestre, fundador e CEO da Black Influence, que recorda os diversos posicionamentos de Elon Mus a favor de uma maior liberdade de expressão. “O Elon Musk já falou algumas vezes que pretende transformar a rede social em um lugar onde as pessoas possam ter livre manifestação. Mas isso pode estar associado a uma liberdade maior para que as pessoas possem expressar comentários de ódio e preconceituosos sem serem punidas. É preciso entender qual é o intuito real dessa compra. É transformá-la em um espaço onde todo mundo pode falar o que quiser, sem punições?”, questiona Silvestre.

O criador da Black Influence aponta que, por isso, esse processo de compra precisa ser assimilado com muita cautela. “O Twitter é visto como uma rede social para gerar conversas. É preciso ver quais conversas ela irá gerar após essa compra”. pontua.

Botão de editar e regras locais

Um dos primeiros impactos que os profissionais de marketing e de influência acreditam que virá na nova gestão de Elon Musk será a inclusão do botão de edição. Pedido, há anos, por boa parte dos usuários da rede social, a ferramenta que permite alterar uma mensagem já postada sempre foi tratada com cautela pela rede social. Jack Dorsey, cofundador e ex-CEO do Twitter, já declarou que tinha receios de que o botão da edição pudesse fazer com que as pessoas alterassem opiniões e mensagens, deixando, de certa forma, de se responsabilizar por aquilo que escreviam, como lembrou Ricardo Silvestre.

Agora, tanto ele quanto os outros profissionais entrevistados acreditam que a inclusão do botão de edição será uma das primeiras iniciativas de Musk na posição de gestor da rede social. “Acredito que a primeira coisa que virá é o botão de edição nos tuítes, uma coisa que Elon Musk sempre quis muito fazer. Deve existir, dentro daquilo que ele quer, uma abertura maior do algoritmo, para as pessoas entenderem o que está sendo promovido e o que não está sendo”, opina Gui Rios, diretor executivo e fundador da agência SA365.

Rios alerta, contudo, que embora Musk tenha esse discurso de defesa da liberdade de expressão, é preciso lembrar que, embora ele seja a personalidade mais rica do mundo, isso não lhe confere poder de sobrepor suas ideias às legislações locais. “Recentemente o Twitter fez um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aqui no Brasil para evitar fake news durante as eleições. Durante todo o período de pandemia, o Twitter teve um cuidado para evitar que se proliferassem informações falas sobre a Covid-19 e isso tem mais a ver com a relação do Twitter com as leis locais do que, necessariamente, com as vontades de um membro do board, um sócio majoritário ou um dono”, coloca.

E para as marcas?

Do ponto de vista mercadológico, o Twitter, obviamente, ganha valor de mercado por ter sido adquirido pelo homem mais rico do mundo. Mas é o posicionamento que a plataforma adotará a partir de agora que, na visão dos profissionais de marketing e de influência, determinarão como ela será analisada pelos anunciantes e no ambiente de negócios.

“Quando pensamos em marcas, como esse ambiente sem filtro [como sugerido pelos discursos iniciais de Musk] se reflete em brand safety? Contexto e ambiente importam para a publicidade funcionar. Nós não compramos coisas quando estamos tensos e combativos. Se mus não colocar logo na mesa quais seus planos práticos para esse ponto, isso pode causar retração das marcas”, alerta Bia Granja.

É possível, também, que as inclinações de Musk para os negócios façam com que a rede social consiga explorar novas relações com os anunciantes e que isso se reflita em um aumento do valor do Twitter como plataforma de negócios, na visão de Gui Rios, que recorda que o Twitter sempre teve, em comparação com as redes sociais da Meta (como Facebook e Instagram) uma dificuldade maior de monetizar. “O Twitter demorou para implementar iniciativas como dos tweets promovidos, que não vieram com tanta naturalidade. E aí tenho certeza que a genialidade do Elon Musk pode trazer impactos ao negócio. O que ele vai trazer é uma incógnita, mas tenho certeza que, do ponto de vista de sustentação do negócio do Twitter, devemos ter novidades em breve”, aposta o executivo da SA365.

As primeiras modificações do Twitter a partir dessa nova gestão serão importantes para que as marcas reavaliem a rede social para entender se ela continuará sendo um local para gerar conversas com as pessoas, na interpretação de Ricardo Silvestre. “O Twitter é, hoje, uma marca, mas a partir da compra do Elon Musk será uma nova marca. Então, após todas as mudanças, é muito provável que os anunciantes façam uma avaliação sobre a plataforma para entender como ela pode ser rentável, se garantirá a segurança ou se será uma rede que incentivará os discursos de ódio”, destaca.

Bia Granja destaca, ainda, outro ponto em relação aos impactos da compra do Twitter para os negócios. “Musk era o único bilionário do mundo tech que não tinha uma rede social pra chamar de sua. Com o mundo digital evoluindo para se tornar cada vez mais integrado a todas as coisas, faz sentido que Elon enxergue no Twitter a ferramenta de comunicação que a Tesla ainda não tem”, complementa.

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