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Opinião

Está na hora de um Uber para a política

A incerteza e a instabilidade são piores do que o risco e nos deixam com muito menos capacidade de ação


21 de junho de 2016 - 8h00

A situação do Brasil não está das melhores: crise política, social, econômica e de valores levando a uma profunda crise de perspectivas. Passamos em poucos meses de um País atrativo e com muito potencial para investimentos para um País de alto risco e cheio de incertezas. Desde saber se vamos continuar com o governo de transição, que já refletiu nos índices de confiança, se teremos chances reais de estabilizar a nossa situação econômica e até se a Lava Jato realmente transformará os comportamentos viscerais de corrupção da grande maioria dos políticos. E, infelizmente, essa lista pode se estender bastante.

E a incerteza é pior do que o risco, uma vez que podemos avaliá-lo e reagir a partir das variáveis encontradas. Já a incerteza e a instabilidade nos deixam com muito menos capacidade de ação. E a política está na origem de muitos desses males.

Apesar da visão desafiadora do Brasil, vamos abrir um pouco os horizontes e olhar para os outros países. Os Estados Unidos estão perto de eleger o Trump, o que, em minha opinião, é uma afronta à inteligência humana e ao progresso da civilização. Ou a Hillary, uma pessoa levemente antipática e pouco hábil. Que opções frustrantes para liderar o país mais influente do mundo.

Na França, a Marine Le Pen está cada vez mais se aproximando da tomada do poder, em um país onde tanto a direita quanto a esquerda moderadas ficaram incapazes de criar perspectivas para o seu povo. Na Áustria, o partido populista de extrema direita não foi eleito por muito pouco, mais exatamente 30 mil votos sobre quase cinco milhões de eleitores. Nas Filipinas, não faltaram votos para eleger um demagogo extraordinário, Rodrigo Duterte, mais conhecido como “The Punisher”.

Mas a direita não tem a exclusividade do populismo e sabemos muito bem disso aqui na América Latina. Ele está crescendo no mundo inteiro, com algumas vertentes mais conhecidas e quase divertidas, como o Berlusconi, e outras mais assustadoras. Num sistema político antiquado, corrupto e sem fôlego, é natural observar a emergência de líderes sem papas na língua, incorretos, e que trazem soluções simples e binárias para problemas complexos.

As novas gerações naturalmente não se reconhecem e estão profundamente desacreditadas nesse mundo político cada vez mais bizarro. Hoje, quase nenhum país do mundo escapa a uma falta total de representatividade dos anseios e sonhos dos povos dentro da classe política.

E, apesar do lado romântico e ativista de movimentos como Occupy, Podemos ou Nuit Debout, não serão eles que redefinirão o rumo da política mundial. As tecnologias, o digital e as subredes sociais invadiram o âmbito político desde a primeira campanha do Obama, em 2008, e o seu famoso “Yes we can” que serviu de referência para muitos.

Em oito anos, o digital cresceu até virar polêmica nas eleições americanas atuais com a questão dos algoritmos do Facebook que poderiam favorecer os democratas, ou do lado do Trump com os mais de dois milhões de tweets que teriam sidos gerados por “robots” — uma parte deles obviamente com nomes hispânicos.

Desde o início deste século, todas as indústrias estão sendo atingidas pela chegada de novos modelos influenciados pela tecnologia: comércio, turismo, mobilidade, educação, entretenimento, mídia, telecomunicações, saúde etc.

Que tal uma disrupção na política? E se aproveitássemos que haverá cada vez menos espaço no mundo para financiar partidos políticos com dinheiro de empresas? Não seria ótimo explodir as intermediações para deixar uma linha mais reta entre o povo e os seus representantes, entre as pessoas e as ideias?

E se fossem encontrados novos sistemas de representatividade, de compartilhamento de programas, de acompanhamento dos projetos, de fiscalização popular das falhas às promessas?

Onde estão as startups, os venture capitalists e as incubadoras? Está na hora de investir no futuro do mundo por meio de uma das coisas mais importantes de uma sociedade: dar voz e reconectar os povos com seus líderes políticos. Isso sim é progresso para a humanidade. Isso sim é essencial para o nosso futuro. Mais essencial do que voar para Marte ou do que algumas revoluções sobre a nossa maneira de viajar ou morar.

Precisamos curar a nossa sociedade dos males modernos de um sistema político caduco no mundo todo. E a criatividade aliada à tecnologia, sem dúvida, pode contribuir para acelerar e transformar esse assunto primordial às nossas vidas e das próximas gerações.

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