A morte do algoritmo

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Opinião

A morte do algoritmo

Vivemos uma evolução exponencial da IA e o que estava no plano da ficção científica torna-se cada dia mais real e presente nos nossos dias de forma direta ou indireta


18 de abril de 2019 - 15h20

(Crédito: Vitaly Vlasov/Pexels)

Com a chegada e o estabelecimento das plataformas digitais no mundo contemporâneo, a busca constante para entender a avalanche de dados que é gerada só vem aumentando, dia após dia. Agências de publicidade, marcas e produtores de conteúdo vêm em uma luta constante para decifrar todas as informações que os números estão mostrando, visando guiar as suas estratégias com mais eficiência.

Para conseguir iniciar um trabalho de interpretação desses dados, as mais diversas empresas do mercado estão criando divisões dedicadas a processar e tirar insights dos números gerados, o vulgo BI, BA ou inteligência de mercado. O nome fica à sua escolha. Esses novos setores podem ter métodos diferenciados de trabalho entre empresas, mas, no final, eles compartilham a mesma essência: estudar e tirar conclusões dos dados gerados.

A luta para conseguir desvendar os algoritmos transmite a rápida e falsa conclusão que, se existir domínio do algoritmo, é possível ter os melhores resultados e, com isso, atingir certos objetivos com a maior eficiência. Porém, nos dias de hoje, essa visão torna-se simplista.

No momento, trilhar o caminho de entender o algoritmo pode ser o percurso mais custoso possível, já que o mesmo está em constante modificação, em uma interminável adaptação. Essas frequentes alterações só são um indício que ele deixou de ser o coração da engrenagem que move as plataformas digitais há muito tempo. Mas a pergunta que fica é: se o algoritmo não é mais o maestro das plataformas digitais, quem é? E a resposta é simples: inteligência artificial (IA).

Estamos vivenciando nos últimos anos uma evolução exponencial da IA. O que estava no plano da ficção científica torna-se cada dia mais real e presente nos nossos dias de forma direta ou indireta. Ela está inserida desde o reconhecimento do seu rosto e dos seus familiares em uma foto até o tipo de conteúdo que as plataformas digitais sugerem a você.

A IA é uma tecnologia que será treinada constantemente, por meio de uma certa diretriz, com o que é sucesso (certo) e com o que é fracasso (errado), até atingir um ponto onde consegue executar certas tarefas com uma precisão altíssima. É um processo bem similar ao de educar uma criança, só que é o treinamento de um recurso com um poder de processamento incomparável.

Aplicando a IA nas plataformas digitais, ela será guiada para sempre sugerir conteúdo baseado no que é mais atraente para o usuário naquele momento, sempre pensando na sua maior retenção na plataforma.

Para exemplificar, vamos trazer o caso da produção de conteúdo voltada ao YouTube. Em função do tamanho e relevância do criador dentro da plataforma, o YouTube distribuirá uma cota pré-determinada do seu conteúdo para os usuários, que podem ser inscritos ou não. Porém, a IA está adaptando o algoritmo constantemente para que ele aumente o grau de distribuição do conteúdo, caso a temática esteja alinhada com o que está em alta nos mais diversos produtos digitais da internet. Ou seja, a IA sempre distribuirá mais o que está tendo maior demanda de procura/conversa e que retenha ao máximo a atenção do usuário .

Para ficar por dentro da nova necessidade de consumo do usuário, existe um ajuste constante de quais métricas e variáveis são mais importantes para a distribuição do conteúdo. Esse ajuste constante das regras é a IA reescrevendo o algoritmo e o adaptando a realidade daquele momento.

É nesse ponto no qual está a quebra de mindset. É preciso mudar a ordem de como se ataca as etapas de entendimento das plataformas digitais. Ao invés de entender o algoritmo para conseguir melhores resultados, é necessário compreender como é o comportamento do usuário no consumo, pois é assim que a IA está guiada para funcionar, entregar o que melhor satisfaz a necessidade do usuário. Entender o usuário cria um caminho natural de entendimento da IA e a sua ação dentro das plataformas digitais.

Assim, criamos um “novo” caminho de análise. É necessário entender o usuário para entender as plataformas digitais e, assim, compreender o melhor conteúdo a ser produzido. Essa linha de execução possui duas vantagens poderosas que é a constante adaptação da criação do conteúdo no momento da sua elaboração que, por sua vez, entrega para o usuário o que ele realmente quer consumir; e a geração de um completo entendimento das necessidades do público, que é de extremo valor para as marcas e instituições.

Por fim, surgem algumas dúvidas. Os dados gerados ainda são importantes? A observação constante das plataformas digitais é fundamental? A criação de conteúdo baseado em insights é possível? A resposta é, sim, para todos os questionamentos. Insights, dados, conteúdo e tudo que permeia esse universo continua sendo extremamente importante, porém, não podemos ser arrogantes e esquecer de quem está na ponta de tudo que está sendo executado no planeta: pessoas, produtos, conteúdos, serviços e tudo que é criado no mundo, está 100% voltado a satisfazer as necessidades humanas. Resumindo, é tudo sobre como entrar em contato, da forma mais eficiente possível, com as pessoas, que são as responsáveis pela movimentação da complexa engrenagem que é a sociedade e a criação da IA que nos descreve o tempo inteiro.

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