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Ser humano

Ser ou não ser, eis a questão. O que nos faz humanos? O que nos diferencia?


6 de novembro de 2019 - 19h51

(Crédito: Drante/istock)

Nesta semana, o historiador e professor israelense Yuval Noah Harari, autor de best-sellers como Homo Deus e 21 lições do século 21, palestra pela primeira vez no Brasil. A vinda de Harari me fez lembrar da leitura de outro sucesso seu, Sapiens: Uma Breve História da Humanidade, no qual ele traz uma reflexão muito interessante sobre o tema.

Segundo ele, o que nos diferencia das outras espécies é a capacidade de agir como grupo e cooperar em larga escala. Você pode até ver uma alcateia de lobos se unindo para abater uma caça, um bando de aves voando em sincronia rumo a uma mesma direção ou um enxame de abelhas defendendo a colmeia. Mas nunca vai ver a alcateia da Zâmbia procurar a de Angola para trocar parte do antílope que eles caçaram por coelhos capturados pelo time vizinho. Tampouco bandos de aves trocando informações sobre estratégias de voo e rotas ou abelhas em reunião para discutir a possibilidade de se estruturarem em um condomínio de colmeias intransponível aos predadores.

Nós, humanos, conseguimos essas “façanhas”, pois somos a única espécie capaz de imaginar, de fazer aquela pergunta: “E se…?”. Nossa imaginação é o que nos deu condições de dominar o mundo e criar coisas como dinheiro, religião, nações e uma capacidade de comunicação incrível.

E, por falar nisso, já reparou como nossa evolução está intrinsecamente ligada à evolução da comunicação? Quanto mais desenvolvemos nossos meios de comunicação — das reuniões em volta das fogueiras e pinturas rupestres, passando pelos sinais de fumaça e desenvolvimento da escrita, até o desenvolvimento de mídias mais abrangentes como o jornal, o rádio, a TV e, mais recentemente, a internet — mais rápido evoluímos.

Em outras palavras, quanto mais conectados estamos, quanto mais troca de ideias, informações, pensamentos e conhecimento fazemos, quanto mais cocriamos e pensamos coletivamente, mais progredimos.

Sabendo disso, Alexander Von Humbold, um dos maiores cientistas de todos os tempos, realizou uma conferência em Berlim, em 1828, onde propôs um programa bastante diferente: em vez de cientistas falando uns para os outros, fez com que falassem uns com os outros. Para isso, incentivou que se reunissem em grupos interdisciplinares, para que trocassem informações e compartilhassem conhecimento. Segundo ele, “sem a diversidade de opiniões, a descoberta da verdade é impossível”. E pensar que, ainda hoje, o modelo de educação que prevalece na maior parte da sociedade, seja ele voltado para crianças ou adultos, é o de um falando para os outros. Mas vamos deixar para discutir esse assunto em uma outra oportunidade.

Particularmente, acredito muito na soma de repertórios como forma de evoluirmos, não só como sociedade, mas como seres humanos. Não é à toa que a empresa da qual faço parte, uma agência de live marketing, leva ‘Onze’ em seu nome. Aqui se usa o slogan “inteligência coletiva” e acreditamos que o todo é maior que a soma das partes (1+1 > 2, 1+1 = 11).

Às vezes, me pego imaginando a riqueza das discussões feitas nos antigos cafés da Europa, muitos abertos até hoje, onde artistas, escritores, pensadores e políticos falavam sobre todo tipo de assunto. Que incrível seria voltar no tempo e participar de algumas dessas discussões, como o personagem Gil, do famoso filme Meia-Noite em Paris, de Woody Allen.

Mas não é só o passado que inunda minha mente de pensamentos. Ao olhar para o futuro, fico imaginando como as recentes tecnologias, tais como a nanotecnologia, biotecnologia, manufatura digital, inteligência artificial e robótica, entre outras, irão impactar a forma como nos comunicamos, trabalhamos, aprendemos, nos relacionamos e, por fim, como vivemos. O livro Abundância: O Futuro É Melhor do Que Você Imagina, de Peter H. Diamandis e Steven Kotler é uma fonte riquíssima de conteúdo para quem se interessa pelo assunto.

Para finalizar, gostaria de te convidar para uma reflexão: vamos nos inspirar em John Lennon e imaginar que a única coisa que temos acima de nós é o céu, onde não existem barreiras de países, religiões e posses. Onde as pessoas vivem em paz e compartilham tudo, sem ganância, sem fome, sem guerra.

Imaginou? Que bom! É exatamente isso que te faz humano.

**Crédito da imagem no topo: Ellagrin/iStock

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