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Opinião

Planeje hoje. Mude amanhã

Agilidade na tomada de decisões será peça-chave para a retomada bem-sucedida


6 de julho de 2020 - 10h40

(Crédito: Ca ssis/ iStock)

Mais de cem dias após as recomendações iniciais para o distanciamento social, a fim de retardar o ritmo de contágio do novo coronavírus, diversos estados e setores da economia experimentam uma volta mais robusta aos negócios. As incertezas superam as convicções por margem larga. Impossível ser diferente, quando o número de mortes diárias pela Covid-19 no País segue acima de mil.

Difícil dormir com um barulho desses sem um pouco de esperança de que dias melhores virão, ainda que a promessa do “vai passar” não se materialize tão cedo. É preciso seguir em frente, pois é disso que se trata a vida. Reassumir ao menos um pouco do controle sobre os próximos passos, e conseguir vislumbrar nuances de um futuro, é a fórmula mais eficiente contra a ansiedade e sua decorrente paralisia.

Cabeça erguida e planejamento estratégico serão viscerais para manter a rotina no campo positivo, mesmo que nada faça tanto sentido — por enquanto. Porque um bom planejamento é dinâmico, pode e deve ser revisto tantas vezes quanto mudem as variáveis à mesa ou surjam novas evidências que exijam readaptações. A agilidade na tomada de decisões será peça-chave nos processos.

Apesar de não termos todas as informações de que gostaríamos, já aprendemos o bastante para saber que a retomada não será linear, mas um processo volátil, no qual a teoria do consumidor no centro das decisões colocará todas as corporações em xeque, na prática; que a instabilidade só diminuirá sua força para determinar o resultado das equações quando formos bem-sucedidos em reduzir a ação do vírus, única forma das pessoas se sentirem seguras para retomar uma gama de hábitos de convívio e consumo; e que não dá para simplesmente abrir as portas e esperar que levem de volta ao mundo pré-Covid-19 — o recuo de quem acreditou nisso e promoveu o retorno de maneira precipitada, com o aumento do número de casos em situações aparentemente controladas, é prova irrefutável.

Os passos para a reabertura passam primeiro pela segurança das pessoas, clientes e funcionários. Aqui entram o uso de máscaras, as medidas básicas de higiene, como lavar as mãos frequentemente, e a prioridade para as atividades ao ar livre, evitando aglomerações e limitando o tempo de permanência em lugares fechados. Nossos governantes deveriam espelhar as ações de países mais bem-sucedidos no lidar com a pandemia e concentrar esforços em implementar processos massivos de testes e rastreamento, ao invés de buscarem a primazia da descoberta de um remédio milagroso ou de acertarem a aposta na vacina vencedora, que, seja qual for, ainda levará um tempo até ser viável cientificamente.

Sob o ponto de vista macroeconômico, a homogeneidade almejada para a escala dos negócios também é um mero desejo. Enquanto milhões de pessoas perderam o emprego ou tiveram sua renda reduzida, uma parcela significativa não apenas manteve como ampliou o poder de compra, ao diminuir os gastos regulares, privadas de consumir como costumavam. Qual será o comportamento delas? Retomarão os desembolsos tão logo tenham acesso aos serviços e ao comércio, ou seguirão poupando, inseguras quanto ao que pode acontecer nos próximos meses? Que hábitos assumidos durante o isolamento se tornarão perenes?

Há ainda as questões relativas a cada categoria, que, assim como as pessoas, também foram impactadas heterogeneamente, de acordo com suas peculiaridades.

Ao longo desta e da próxima edição semanal, os jornalistas de Meio & Mensagem compartilharão com você, caro leitor, como as principais empresas de seus setores estão planejando e se preparando para o segundo semestre. Nesta semana, a reportagem de capa é dedicada às indústrias cuja demanda foi menos afetada ou até mesmo aumentou.

Na próxima semana, será a vez dos negócios que, por sua própria natureza, possivelmente demorarão mais tempo para voltar aos níveis registrados antes da pandemia.

*Crédito da foto no topo: DKosig/ iStock

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