O tempo que realmente importa

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Opinião

O tempo que realmente importa

Cuidar do nosso tempo exige reflexão e planejamento cuidadosos, pois é fácil ser sugado inconscientemente pelas demandas de trabalho que consomem nossos dias


24 de setembro de 2021 - 13h08

(Crédito: Erhui1979/iStock)

Em setembro, decidi tirar a semana do meu aniversário para descansar, reenergizar e celebrar. Com a pandemia, os dias de descanso ficaram tão iguais aos dias de trabalho que foi difícil conseguir uma desconexão verdadeira e restauradora. Desta vez, protegida pela primeira dose da vacina e seguindo todos os protocolos de segurança, fiz uma viagem curta com a família num lugar abençoado pela natureza. E sabe qual foi o grande presente que eu me dei? Tempo.

O tempo está na base de nossa experiência na Terra. Vivemos de acordo com um calendário, planejamos o que queremos realizar no dia, no mês, no ano. Temos também o tempo do nosso corpo, o nosso tempo biológico. Em última análise, o tempo é base de todo o fluxo de experiências que vivemos durante nossas vidas. Tudo o que fazemos é regulado por ele. E é exatamente essa onipresença do tempo que às vezes faz com este recurso tão precioso e escasso passe despercebido e comece a ser desperdiçado e não usado de maneira intencional. E quando isto se torna uma constante, passamos a operar no “piloto automático”.

Durante esses dias de descanso, eu fui muito intencional com o meu tempo. Queria ter tempo para meditar, me divertir com a família, fazer atividades ao ar livre, ler livros que nada tinham a ver com o mundo dos negócios e, principalmente, queria ter tempo para ver o tempo passar: assistir ao amanhecer, entardecer e ao pôr do sol sem as mensagens incessantes e o bombardeio de informações e comunicação que fraturam nossa atenção e nosso tempo. Consegui realizar tantas coisas nesses dias de pausa que eles pareciam ter muito mais do que as 16 horas a que todos nós temos direito quando despertamos. Depois de tantos meses de pandemia, trancafiada em casa junto com o trabalho, este foi um momento de reconexão importante comigo, com a minha família e com o “meu tempo”.

Você deve estar se perguntando se depois dessa semana, tirando o tempo da sua invisibilidade e dando a ele o protagonismo de que ele precisa, eu simplesmente decidi deixar o trabalho e abraçar o tempo livre. A resposta é não. O trabalho ocupa um espaço importante na minha vida e me faz uma mulher melhor, uma mãe melhor e uma pessoa melhor. O meu trabalho me realiza e, sobretudo, me dá independência e autonomia para fazer minhas escolhas. Não pretendo abandoná-lo tão cedo. O que esta semana fez, além de alimentar minha memória afetiva, foi me proporcionar um retorno para o trabalho com muito mais energia, criatividade e produtividade. Ela me lembrou o que me faz feliz e me trouxe um senso de urgência para usar o tempo de forma mais inteligente e, principalmente, arranjar e proteger o tempo para fazer aquilo que me faz feliz. Acho que essa consciência ficou um pouco anestesiada como consequência da pandemia.

Eu espero sinceramente que o efeito dessa semana de descanso não seja o de um sopro passageiro. Cuidar do nosso tempo exige reflexão e planejamento cuidadosos, pois é fácil ser sugado inconscientemente pelas demandas de trabalho que consomem nossos dias. Tenho sido muito disciplinada em revisitar a minha agenda todas as noites e me perguntar: estou investindo o meu tempo de forma produtiva no trabalho e, principalmente, estou reservando tempo suficiente para aquelas atividades e relacionamentos que alimentam a minha alma e me renovam como pessoa e como profissional? Ou estou deixando os meus dias simplesmente passarem e se acumularem na suposição de que posso arranjar mais tempo para ser feliz amanhã? Não sei se foi a pandemia, a viagem ou o início de um novo ciclo da minha vida, o fato é que setembro chegou trazendo uma enorme vontade de alocar meu tempo com sabedoria e otimizar os meus dias em busca de mais tempo de qualidade.

*Crédito da foto no topo: Reprodução

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