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Opinião

Vamos parar de repetir os mesmos erros?

Um bom produto é aquele que as pessoas usam quase todas as funcionalidades igualmente


8 de fevereiro de 2022 - 14h00

Crédito: Shutterstock

Que tal aproveitar esse momento de início de ano para pensar sobre os erros que insistimos em repetir? Digo nós, que estamos à frente de startups como CEOs e PMs, e toda a nossa equipe de profissionais. Sentimos todos os dias a pressão por velocidade nas decisões — e o quanto isso impacta no negócio. Dar um passo atrás para criar uma visão crítica sobre nosso jeito de funcionar vai ser essencial para enfrentar os desafios do futuro e permanecer nele.

Ainda não inventaram uma forma melhor para criar um produto do zero do que seguindo etapas. Sim, sim. A gente sabe que a teoria na prática é outra. Mas isso não tira a importância de termos esse conhecimento como um check list de vida. Sendo assim, a primeira etapa é entender a necessidade intrínseca da pessoa; ou seja, a dor.

As pessoas geralmente erram, porque se esquecem dessa etapa. Como a vida não é linear, você fala: “Tive uma ideia!”, e sai construindo. E só no meio da construção, vai entender qual é a necessidade e tudo vira bagunça. Daí para cair no segundo erro, o de lançar o produto no escuro é fácil.

Mas, vamos supor que você identificou uma necessidade e, então, criou uma solução para testar e ver se há aderência no mercado. As pessoas estão usando? Vão pagar por isso? Vão recomendar o produto?
Ah, e preferiu sabiamente fazer um teste bem controlado, com poucos usuários, para ter um feedback mais consistente. Marcou uma conversa com os usuários, gravou um vídeo com as pessoas usando o produto para aprender alguma coisa.

Perfeito! Você validou, encontrou a solução, o mercado, a monetização e a recomendação. Agora que já tem o produto, vai querer escalar — criar verticais adjacentes ou novas funcionalidades para melhorar o produto, atrair públicos em massa ou aumentar a retenção desse público.

É nesse processo de melhoria que vão surgir os subprodutos, as funcionalidades, as coisas novas que a gente implementa. Essas funcionalidades passam pelo mesmo ciclo que o produto novo passou. Só que em menor escala.

Nesse momento é que os maiores problemas acontecem. Na empolgação, as empresas falam “Tenho um produto incrível! Vou criar várias funcionalidades para deixar ele mais que perfeito!”. A tentação é grande, mas o erro também é e eu explico. Se o usuário começa a ver muita coisa e o produto fica complexo, ele pode deixar de usar. É um risco.

Você até pode incluir funcionalidades. É uma coisa boa, porque você está evoluindo o produto. Mas isso precisa ser feito de um jeito simples, para não assustar as pessoas. Esse é um desafio.

Um bom produto é aquele que as pessoas usam quase todas as funcionalidades igualmente. Vamos supor que existam quatro funcionalidades e as pessoas usem praticamente todas de maneira parecida e simples. Mas você pensa em melhorar o produto lançando várias outras funcionalidades de uma vez. O pior cenário é cair o uso de tudo, porque agora ele ficou complexo, cheio de botões e caminhos diferentes. Mais uma vez, é um risco.
Existe uma diferença entre fazer um produto simples e fazer um produto ser simples. Pensa bem: no seu produto, poucas coisas são muito usadas e o resto não é usado. Então por que não simplificar?

Um bom exemplo é o Facebook, que separou o Messenger e, assim, deixou dois aplicativos separados. Simplificou. Ou o Google Plus antes de ser desligado, no qual tirou o Hangouts e ficou lá só o Meet. Também simplificou.
Vou compartilhar o meu caso. Era gerente de produtos no Viva Real e decidi incluir uma busca por mapa, no site de imóveis. Tinha certeza que a novidade ia arrasar — até porque a gente adorava o Google Maps. Quando fizemos o teste numa sala espelho, a decepção foi geral. As pessoas não gostaram, não conseguiram usar o recurso e ficaram confusas.

A gente viu que a busca por mapa só era importante em uma etapa do processo. Então por que iríamos deteriorar toda a experiência da maioria dos usuários? Pensamos em eliminar a ideia geral, mas acabamos incluindo um botão que não atrapalhasse a maioria dos usuários mas que pudesse ser útil para os poucos que gostariam de ver o mapa
Fiquei frustrado. Tinha a ideia muito pronta na minha cabeça, mas entendi: “Tudo bem. É o que é”. Além de eu ter um debate comigo mesmo, tive que fazer isso com todo mundo da empresa.

Essa é a parte complexa da gestão de produto — a gestão de expectativa, a gestão do “é o que é”.
Deixo aqui três perguntas para você começar a repensar as funcionalidades do seu produto:

1. Você tem criado funcionalidades que apenas algumas pessoas vão usar em momentos bem específicos ou ela atende a maioria dos usuários?

2. Quanto você desperdiça ao dar manutenção para funcionalidades pouco utilizadas?

3. Você tem customizado funcionalidades para poucas pessoas usarem toda a hora? Criar isso tem tomado muito tempo da sua equipe?

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