Presenteando na era digital: quando a IA se torna aliada do afeto
Pesquisa mostra que a tecnologia foi utilizada principalmente para encontrar melhores preços (33%), obter recomendações (29%) e criar listas de presentes (17%)
Presentear sempre foi uma forma especial de demonstrar carinho. Ao longo dos anos, porém, esse ato – assim como outros comportamentos sociais – mudou e ganhou novos contornos graças à tecnologia e, mais recentemente, à inteligência artificial (IA). Se no tempo de nossos avós os presentes eram artesanais e simples, hoje é raro passarmos um Natal sem algum aparelho tecnológico entre os embrulhos.
Longe de tornar o ato impessoal, a tecnologia tem enriquecido a experiência de dar e receber presentes, tornando as opções mais personalizadas e significativas e facilitando o processo de escolha e entrega. Além das inúmeras opções de presentes físicos, novas formas de presentear também passaram a fazer parte do nosso cotidiano.
Em meio a tantas mudanças de comportamento e inovações, a inteligência artificial, um dos assuntos do momento, tem transformado o ato de presentear, especialmente com a popularização de assistentes virtuais, chatbots e plataformas que sugerem opções personalizadas de acordo com o perfil da pessoa presenteada. Uma pesquisa que realizamos no início de 2025 apontou que 71% dos mais jovens e 59% dos mais velhos usaram o recurso para as compras de fim de ano e que 92% deles acharam a ferramenta útil para a compra de presentes.
O fato é que, entre tantos outros usos, a IA tem sido cada vez mais utilizada na hora de presentear, facilitando a nossa rotina, mas também levantando dúvidas: será que o uso excessivo desse recurso prejudica a demonstração de afeto? Presentes escolhidos por IA podem acabar se tornando impessoais, por não envolverem o toque emocional ou cultural de quem presenteia. Muitos argumentam também que o excesso de confiança em sistemas automatizados pode reduzir a capacidade de se pensar criativamente na escolha dos presentes.
Alguns números do levantamento, porém, mostram um cenário diferente, reforçando pontos positivos da incorporação da tecnologia: a IA foi utilizada principalmente para encontrar melhores preços (33%), obter recomendações (29%) e criar listas de presentes (17%). Com isso, percebemos que as pessoas continuam se esforçando para escolher opções que façam sentido e combinem com o perfil do presenteado, mas têm incorporado a tecnologia tanto para economizar quanto para complementar esse processo. Isso porque a IA pode analisar dados relacionados aos gostos e preferências do presenteado, sugerindo opções mais alinhadas ao perfil da pessoa.
Afinal, é comum conhecermos bem uma pessoa, mas no momento de presentear nos perdermos entre as opções disponíveis. Em poucos segundos, a IA filtra milhares de alternativas, poupando tempo na busca pelo presente ideal, apresentando ainda sugestões inovadoras ou produtos que o usuário não conhece. Por outro lado, o recurso também pode ser útil quando não conhecemos bem a pessoa presenteada. Ao considerar dados objetivos, a IA pode ajudar a evitar escolhas inadequadas ou sugerir presentes com base em um pequeno aspecto que sabemos sobre ela.
Nesse cenário, além da IA, outras tecnologias também contribuem para tornar o processo de escolha do “presente perfeito” mais tranquilo, prazeroso e criativo. Os filtros de buscas personalizadas nos e-commerces, por exemplo, trazem agilidade ao criar perfis pré-definidos de consumidores: se sabemos que uma pessoa pratica um determinado esporte, podemos encontrar em segundos quais são os itens mais comprados na modalidade. Com as inovações, conseguimos encomendar presentes mais personalizados: uma impressora 3D permite que itens sejam produzidos exatamente do jeito que gostaríamos, enquanto ferramentas de impressão possibilitam dar um toque ainda mais pessoal aos presentes.
Caminhando ao lado da tecnologia, os próprios formatos dos presentes também têm se diversificado, refletindo a forma moderna de presentear: com apenas alguns cliques, é possível surpreender alguém do outro lado do mundo, incluindo também mensagens em vídeo ou áudio. Quanto a isso, a pesquisa revelou que, embora 74% dos brasileiros entrevistados tenham comprado presentes físicos no fim de ano, uma parcela significativa optou por outras modalidades, como cartões-presente (33%) e experiências (32%). Entre os motivos para isso estão dar à pessoa presenteada liberdade para escolher o que deseja e facilidade de envio.
Em meio a tantas inovações e transformações nos hábitos de consumo, fica claro que a tecnologia e a IA não eliminaram a magia do ato de presentear. Pelo contrário, trouxeram novas formas de surpreender e fortalecer vínculos. Quando utilizadas com sensibilidade, essas ferramentas tornam cada presente mais especial, mostrando que, mesmo em um mundo digital, o carinho e a intenção permanecem como os protagonistas desse gesto tão humano. Talvez o futuro do ato de presentear resida justamente nisso: encontrar um equilíbrio entre a conveniência da tecnologia e o valor insubstituível da conexão humana.