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Opinião

Precisamos falar sobre toxicidade nos games online

Com novas atitudes no mundo virtual, podemos ser capazes de gerar impactos sociais muito positivos na vida real


6 de julho de 2022 - 6h00

Mercado de e-sports faturou US$1 bilhão em 2021 e perspectiva é de crescimento de 60% até 2024 (Crédito: Divulgação)

Mesmo com um faturamento mundial de US$ 1 bilhão em 2021 e perspectiva de crescer 60% até 2024, erra quem pensa que tudo é céu de brigadeiro na indústria dos e-sports. Existe uma ferida e precisamos falar sobre ela. Estamos falando de um cenário capaz de atrair a atenção de 82 milhões de pessoas somente no Brasil. Nessa esteira, há ainda inúmeras oportunidades para gamers, pro-players, streamers, influenciadores digitais, fãs e marcas patrocinadoras colaborarem para a criação de um ecossistema saudável.

Nesse artigo convido o leitor a imaginar que, nesse momento, nos servers dos jogos online, existem situações problemáticas que contaminam um ambiente que deveria ser de alegria e entretenimento. Isso é real. Sim, precisamos falar sobre toxicidade e preconceito nos e-sports. E essa é a ferida que precisa ser fechada.

Não quero ser o emissário de más notícias, mas apenas um brasileiro que se preocupa e joga luz sobre essa questão, que envolve casos de discriminação de gênero, raça e orientação sexual. Esse comportamento se manifesta por meio de comentários e palavras ofensivas, sejam elas escritas, faladas ou até nas entrelinhas.

Outro dia me deparei com dados da Anti-Defamation League (ADL) referentes ao público norte-americano. O resultado do estudo era que 81% dos jogadores com idade entre 18 e 45 anos sofreram alguma forma de assédio enquanto jogavam games online em 2020. No ano anterior, eram 74%. Apesar de não conhecer uma pesquisa como essa no Brasil, acredito que nossos números não devam ser diferentes.

É dever de todas as comunidades gamer combater e denunciar casos de discriminação, racismo, transfobia, machismo e capacitismo nesse ecossistema. Incluo a minha, a Tribo. O que acontece dentro do jogo também afeta o que acontece fora dele. Na pele da vítima, temos que nos atentar a como tudo isso provoca uma “azia social” e afeta a saúde e o bem-estar mental. Todos sabem o quanto eu me importo e, nos últimos anos, tenho sido porta-voz desse discurso e sobre tratamentos psicológicos e psiquiátricos dentro da classe gamer.

Essa toxicidade precisa parar. E se esse comportamento no servidor é um reflexo da nossa sociedade, convido todos a iniciar uma transformação no sentido inverso. Com novas atitudes no mundo virtual, podemos ser capazes de gerar impactos sociais muito positivos na vida real.

E esse movimento já acontece no meio. Um pessoal influente já tem se mobilizado para começar essa mudança e reafirmar que todos merecem ser bem acolhidos, respeitados e livres para se divertir no servidor. Tenho muita sorte e o prazer de fazer parte desse movimento. Sempre procuro parceiros que compartilham o respeito, um dos ideais da minha comunidade.

Esse meu posicionamento anda junto com outros players, as marcas e empresas endêmicas ou não que entendem e apoiam esses valores. Recentemente, firmei uma parceria com Sal de Fruta ENO, uma marca presente há décadas na rotina de muitos brasileiros, e lançamos juntos a campanha “Nenhuma Azia Vai Parar a Tribo”. O objetivo da ação vai além de promover os cuidados com a saúde física, cerne do produto.

Sempre vou estar ao lado de quem quer garantir a diversão e combater a toxicidade ou a “azia social” entre os players. Precisamos alertar e propagar sobre os danos causados às vítimas desses abusos digitais e agir como agentes de mudança.

Isso nos leva a outro pensamento: será que é possível desintoxicar os e-sports? Outros números da ADL mostram que sim e são animadores.

A pesquisa mostra que há uma maioria de gamers que ajudam a promover harmonia e cumplicidade. Mesmo em meio a um ambiente hostil, 95% dos adultos que jogam online nos EUA tiveram experiências sociais positivas. Ao passo que 86% ajudaram outros jogadores, 83% fizeram amigos e 83% sentiram que pertenciam a uma comunidade.

Para finalizar, digo que é preciso ampliar a voz e chamar mais atenção. O e-sports pode ser também uma ferramenta de mudança, transformando um ambiente de toxicidade em algo mais diverso e acolhedor.

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