A força da marca Gugu no licenciamento
Apresentador, que teve sua morte anunciada na sexta-feira, 22, utilizou carisma e poder midiático para batizar inúmeros produtos durante sua trajetória
Apresentador, que teve sua morte anunciada na sexta-feira, 22, utilizou carisma e poder midiático para batizar inúmeros produtos durante sua trajetória
Renato Rogenski
27 de novembro de 2019 - 6h00
Personagem marcante da televisão brasileira, com 40 anos praticamente ininterruptos a frente de programas diversos na televisão aberta, o apresentador Augusto Liberato teve sua morte anunciada na sexta-feira, 22, após um acidente em sua casa, nos Estados Unidos. Além da longínqua carreira como comunicador, Gugu também soube capitalizar seu potencial midiático para trabalhar a marca pessoal, apostando no licenciamento de produtos diversos, mas principalmente brinquedos.
Na década de 1990, junto com outros personagens da televisão como Xuxa e Eliana, a imagem do apresentador se multiplicava com velocidade pelas gôndolas de todo o país. Para alguns dos principais fabricantes de brinquedos nacionais da época, apostar nessas figuras televisivas de alta penetração, em um mundo praticamente sem internet, era um movimento de defesa em um mercado recém-aberto economicamente, com o dólar equiparado ao real e o crescimento de produtos que vinham da China. “Sofremos muito nessa época e a estratégia se mostrou acertada”, afirma Aires Fernandes, diretor de marketing da Estrela.
Na lista dos principais brinquedos estão produtos como Pogobol, Gugu Equilibrista e Pintinho Amarelinho, todos da Estrela, além de itens de outros fabricantes como Show de Mágicas, Toca do Gugu e Posto do Gugu, entre diversos outros. “Um dos diferenciais de Gugu como marca foi conseguir se comunicar com as mais diversas faixas etárias, com alto nível de credibilidade, penetração e aceitação. Além disso, ele também atingia desde as classes mais populares até as famílias com maior poder aquisitivo, o que permitia trabalhar com produtos de diferentes níveis de valor agregado”, relembra Aires.
Para Marici Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Licenciamento (Abral), além de todos os componentes já citados, Gugu era um caso raro de artista com estrutura, equipe e visão sobre o mercado de licenciamentos. Neste pacote, ela também ressalta o envolvimento que o apresentador tinha com os produtos que levavam a sua marca. “Ele era uma marca licenciada e ao mesmo tempo um divulgador dos produtos. Ele fazia gincanas com os brinquedos em suas atrações e também promovia a doação de produtos em rede nacional. As pessoas admiravam muito ele, principalmente as classes sociais mais populares”, analisa.
Aires também lembra a preocupação de Gugu com cada detalhe das parcerias que costurava em termos de produto. “Foi uma das figuras mais retas que já conheci. Ele tinha muita responsabilidade e muito cuidado, queria saber de tudo, conferir de perto todas as normas e questões de segurança e faixa etária. Fazia isso com cada produto licenciado”, conta.
Vale lembrar que Augusto Liberato também teve em seu nome e com a sua marca a rede Lojas do Gugu, que vendia itens como brinquedos, artigos para bebês, utilidades domésticas e eletroeletrônicos (que em 2002 foi vendida para o empresário Stavros Frangoulidis) e o parque de diversões Parque do Gugu, que ficava no Shopping SP Market, em São Paulo, e que fechou suas portas também em 2002.
Imagem de topo: divulgação
Compartilhe
Veja também
Prefeitura de São Paulo interrompe projeto do “Largo da Batata Ruffles”
Administração Municipal avaliou que a Comissão de Proteção à Paisagem Urbana precisa dar um parecer sobre o projeto; PepsiCo, dona da marca, diz que parceria é de cooperação e doação e não um acordo de naming rights
Natal e panetones: como as marcas buscam diferenciação?
Em meio a um mercado amplo, marcas como Cacau Show, Bauducco e Dengo investem no equilíbrio entre tradição e inovação, criação de novos momentos de consumo, conexão com novas gerações, entre outros