CEO da SAP: “Tecnologia e sustentabilidade no centro”

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CEO da SAP: “Tecnologia e sustentabilidade no centro”

Cristina Palmaka, que recentemente assumiu como presidente para América Latina e Caribe da multinacional alemã, reforça o papel do humano na transformação digital


6 de outubro de 2020 - 6h00

Ainda que lidere e tenha liderado por anos, majoritariamente, empresas de tecnologia, Cristina Palmaka, presidente da SAP América Latina e Caribe, entende que o humano é um elemento fundamental nos processos de transformação digital. “Na maior parte desta trajetória, eu nunca fui da tecnologia dos bites e bytes, mas sempre olhei para o lado humano da tecnologia. Para mim, tecnologia tem que agregar valor aos negócios. Tem que ser um facilitador”.

A executiva, que tem passagens por empresas como Philips, HP e Microsoft, também compõe o conselho de administração da Arcos Dorados, franqueadora do McDonald´s na América do Sul e da Eurofarma, onde conecta os aprendizados de outras indústrias ao universo da tecnologia. “A SAP é forte no corporativo, no B2B, mas, na maioria das vezes, a marca fica restrita ao mundo corporativo. Já o McDonald´s, além de ser B2C, é uma marca que todo mundo conhece. E eu aprendo muito com essa experiência”, pontua Cristina que, em entrevista à edição semanal de Meio & Mensagem, também falou sobre inovação e cultura organizacional, conteúdo que, até o fim do mês, pode ser acessado gratuitamente pela plataforma Acervo.

Meio & Mensagem – Além de estar na liderança da SAP na América Latina, você participa de alguns conselhos de administração, como essa experiência complementa o olhar para a gestão?
Cristina Palmaka – Isso faz parte da construção da minha terceira jornada de vida. Trabalhei em muitas empresas: Philips, na área de consumo. Estive na Compaq, que depois foi comprada pela HP. Na Microsoft e, depois, na SAP em dois momentos. Na maior parte desta trajetória, eu nunca fui da tecnologia dos bites e bytes, mas sempre olhei para o lado humano da tecnologia. Para mim, tecnologia tem que agregar valor aos negócios. Tem que ser um habilitador e facilitador. A SAP atua em diversas indústrias, de óleo e gás passando por varejo e consumo. Isso me dá a possibilidade de falar com empresas diferentes e lidar com desafios diversos. Esse lado me fez desenvolver uma nova face da minha carreira. Então, há cinco anos, pensando em conseguir aplicar o que eu aprendi em 36 anos de carreira corporativa e converter em experiência, fiz um curso do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e comecei a participar de alguns conselhos.

M&M – Um dos conselhos que você participa é o da Arcos Dorados, maior franquia do McDonald´s no mundo, como você faz a conexão entre a tecnologia e o fast-food?
Cristina – Quando se está no mundo executivo, você executa. Está a todo momento na linha de frente. Determinando diretrizes, fazendo coisas acontecer. Já no conselho, você faz acontecer por meio da liderança da companhia. É uma forma de articular as ideias, uma experiência muito diferente. Além de Arcos Dorados, eu também estou no conselho da Eurofarma e essa variedade de indústrias é muito rica. No caso de McDonald´s, é uma experiência completamente diferente. A SAP é forte no corporativo, no B2B, mas, na maioria das vezes, a marca fica restrita ao mundo corporativo. Já o McDonald´s, além de ser B2C, é uma marca que todo mundo conhece. E eu aprendo muito com essa experiência. Primeiro, por esse contato com uma marca tão forte. Segundo, por acompanhar essa guinada da companhia para o digital de forma acelerada.

M&M – Você assumiu, recentemente, a SAP na América Latina. O que leva da experiência no Brasil e como passa a complementar, a partir de agora, a relação entre esses mercados?
Cristina – Quando estive na Compaq, que depois se tornou HP, em meados de 2002, eu já havia tido uma experiência com América Latina. Quando você lidera um país como o Brasil, com as dimensões que temos, territorial e populacional, sempre enxerga e percebe a relevância deste mercado. Mas agora, ao começar trabalhar com outras regiões, eu me dou ainda mais conta da diferença do Brasil em relação a outros países e percebo a relevância dos outros países no contexto de negócios. Quando eu tive a primeira experiência de América Latina, foi uma experiência que me causou receio: eu acabava de voltar de licença maternidade e estava com uma bebê de quatro meses. Mas foi um grande presente. Essa experiência, há vinte anos, me ajuda a entender os aspectos culturais. E agora, com as reuniões digitais, tudo se facilitou. Hoje, por exemplo, já estive no México e Equador.

M&M – A SAP fornece um tipo de solução que impacta na transformação digital de muitas empresas, qual o desafio de ajudar outras empresas neste processo?
Cristina – O que sentimos dos nossos clientes é que a maioria acelerou seus projetos digitais. Tem clientes que planejaram ações para até três anos e tiveram que implementar em um mês. Essa aceleração digital trouxe pragmatismo. Temos casos de empresas que só se deram conta que estavam atrasadas tecnologicamente nesta pandemia. Mas é um exercício de humildade em assumir e entender que tudo é muito novo para todo mundo. Não existe uma única resposta e nem um exemplo único. Temos casos de empresas que tiveram que se reinventar completamente e repensar o modelo de negócios. Um dos nossos clientes disse, por exemplo que tinha um plano de home office integral para os próximos anos e jogou no lixo porque foi forçado a fazer home office com a pandemia.

M&M – O home office ampliou ainda mais a necessidade por soluções de tecnologia, porém, trouxe vários desafios, como você analisaria os aprendizados?
Cristina – Claro que tem uma questão muito forte de tecnologia. As pessoas trabalhando no notebook intercalando jornadas de trabalho, aulas para as crianças. Isso traz inúmeras preocupações do ponto de vista privacidade e segurança. Conheço várias empresas que sempre tentou deixar as equipes debaixo da asinha porque acha que isso faz a diferença. Esse é o primeiro aspecto. Mas tem também a questão do contato humano. Nós somos de tecnologia. Já estávamos preparados para o home office. A gente gosta das pessoas. E é importante balancear isso no meio do caminho: humano e tecnologia.

M&M – Sustentabilidade é uma pauta presente nos artigos que você escreveu e eventos que participou recentemente, como aplicar a visão de sustentabilidade na tecnologia?
Cristina – A digitalização das cadeias de valor é um tema cada vez mais presente na dinâmica das empresas. No mundo perfeito, isso permite conectar digitalmente as dinâmicas de logística, integrar questões de custo, regular maior ou menos emissão de carbono. Mas a nossa visão de tecnologia e sustentabilidade é direcionar a tecnologia para a eficiência sustentável nos negócios. A sustentabilidade é necessária em todas as cadeias. Veja o exemplo da indústria de alimentos, a possibilidade de rastrear e entender a origem da carne. A sociedade vem exigindo cada vez mais isso e aqui tem uma conexão direta entre o que exige o consumidor. Isso vale para remédio e qualquer outra indústria. Vivemos um processo de aceleração de digitalização no mundo todo e cada empresa vai achar seu ponto de equilíbrio. O tema da sustentabilidade tomou outras proporções. Sobretudo, voltadas à aplicação para o negócio. Isso tem relação direta com os movimentos de capitalismo consciente e é uma questão urgente. Mudar a maneira de se fazer negócios. Isso muda tudo. A forma de se relacionar com os clientes, mudança na relação com o governo, estrutura, desenvolvimento de pessoas, plano de sucessão.

A íntegra desta entrevista está publicada na edição semanal de Meio & Mensagem, que até o fim do mês pode ser acessada gratuitamente pela plataforma Acervo, onde é possível consultar ainda todas as edições anteriores que circularam nos 42 anos de história da publicação. Também está aberto a todo o público, até o final do mês, gratuitamente, o acesso à versão digital das edições semanais de Meio & Mensagem, no aplicativo mobile, disponível para aparelhos com sistema iOS e Android.

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