CEO da VW: híbridos são o melhor modelo para o Brasil
Ciro Possobom comenta investimento recorde da montadora alemã na América Latina; de 2022 a 2028, serão R$ 16 bilhões
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Roseani Rocha
20 de fevereiro de 2024 - 6h00
No início deste mês, a Volkswagen divulgou o objetivo de investir R$ 9 bilhões na América Latina, no período 2026 a 2028. O número se soma a outros R$ 7 bilhões, anunciados em 2020, e abrangendo o ciclo 2022 a 2026. Primeiro brasileiro a ocupar o cargo de CEO da companhia no País – o que ocorreu em abril de 2023 – Ciro Possobom faz mistério sobre os primeiros lançamentos de 2024, para evitar facilitar a vida da concorrência, segundo ele, mas exalta a variedade de ofertas.
E o investimento pesado, não é apenas na região; o Grupo Volkswagen como um todo também anunciou aporte de € 150 bilhões, que serão aplicados no negócio em diferentes partes do globo ao longo de cinco anos.
A seguir, alguns trechos da conversa com Ciro Possobom, que é o entrevistado da edição desta semana de Meio & Mensagem e para quem, num futuro próximo, o melhor modelo para o cenário brasileiro é o dos carros híbridos, ainda financeiramente mais acessíveis que os elétricos.
É muito importante, porque fizemos, em 2023, 70 anos. Celebramos o ano todo com os clientes, lançamos veículos. Temos um leque grande de 11 veículos disponíveis hoje e queremos cada vez mais continuar investindo no Brasil. Estamos aqui como a mais brasileira das empresas alemãs e esse reconhecimento do consumidor faz com que a Volkswagen tenha uma proximidade. Nosso investimento veio confirmar que estamos aqui para ficar bastante tempo. Teremos mais 70 anos de história; estamos construindo esse caminho. Começamos o ano com esse anúncio importante e, claro, desses R$ 16 bilhões nesse ciclo, boa parte do investimento é Brasil. Essa é a vantagem de uma marca do nosso tamanho: pegamos todos os segmentos, desde o hatch até os carros elétricos agora, com a chegada do ID.4. Não posso dizer exatamente, mas já temos bem planejado quais e quando lançar. É parte do nosso negócio não antecipar, para não ajudar a concorrência. Mas somos o maior investimento pós-pandemia dentre as montadoras. São R$ 16 bilhões, 16 carros, isso dá bastante conforto aos nossos consumidores, clientes, concessionários e fornecedores.
Faz parte do mercado. Tem gente que entra, que sai. Claro, no passado, no Brasil havia quatro montadoras. Na primeira onda, muita gente já veio, muitas marcas europeias, americanas e o mercado reduziu o share. A Volkswagen chegou a ter 60% de share, mas volta para um patamar normal, como é no mundo. Na Europa, o líder tem 8%, 9% de share. Agora tem a onda dos chineses vindo produzir aqui, a BYD, a Great Wall. Eles vão começar a brigar com a gente e temos que competir com tecnologia. A Volkswagen é um dos maiores grupos do mundo. Anunciamos recentemente um investimento de 150 bilhões de euros. Temos Scania, MAN, Banco Volkswagen, Seat, Skoda, Lamborghini, Ducati, Audi, Porsche, Volkswagen, Bentley… É um investimento impressionante como grupo, que empresa no mundo consegue investir 150 bilhões de euros em cinco anos? Então vamos lá, o grupo tem capacidade, tem força e tem tecnologia para fazer face à ofensiva que vem de concorrentes.
O Grupo Volkswagen já vendeu, ano passado, 770 mil carros elétricos. Somos o terceiro maior grupo, hoje, em venda de elétricos. Temos que analisar, com todo esse portfólio, o que é o melhor para a situação do Brasil. Você viu o tamanho das nossas fábricas, não somos uma empresa de nicho. Precisa vender 50, 80, 100 mil carros de um modelo. Então, para Brasil e para a nossa região acreditamos muito mais num carro híbrido do que no carro elétrico, que, por concepção, é mais caro. Não posso chegar pro consumidor e falar “Tá aqui o carro; custava 100 mil, agora vai custar R$ 140 mil”. Acreditamos, nessa primeira onda, na produção de híbridos. Você pode ajudar realmente o planeta não só fazendo um carro andar 12 km/l, mas ir para 18, 19, 20; reduz quase 50% do consumo de combustível. E ajuda muito o meio ambiente combinando isso com o flex, que é o etanol. Então, temos que ser muito cautelosos com os movimentos. É diferente de outras montadoras que dizem “eu vou pro elétrico” ou “vou ficar na combustão”. Acreditamos muito mais na produção do híbrido com uma com uma escala um pouco menor de elétricos, que vamos trazer também ao Brasil. O mercado de eletrificados do Brasil é 4,5%; 95,5% ainda são carros a combustão. Isso (eletrificados) vai aumentar este ano? Vai. Ano que vem? Vai aumentar. Mas dizer que vai chegar a 100% em 2026, não vai acontecer. O Brasil tem muito poucos pontos de recarga… O carro elétrico lá fora é muito motivado por incentivos fiscais, coisa que você não tem aqui.
Quando vi a ideia, claro, que é legal ter uma propaganda desse nível, mas não só por ter… Como conecto uma provocação? Quando veio a primeira proposta achei a ideia genial e falei “Ok, mas tem um investimento importante, então, como conecto isso com vendas?”. O consumidor tem que olhar a propaganda, lembrar da Volkswagen e falar “opa! tem uma oferta, posso ir para a loja”. Tudo que a gente faz aqui, tem que ter alguma relação com vendas. E essa campanha foi realmente um sucesso, 2,3 bilhões de views, o maior engajamento da história do Brasil. Lançamos a campanha dia 3 de julho, nos 70 anos, e foi o melhor market share do ano passado o daquele mês. O Polo vendeu 16.471 unidades. Vendeu super bem, ajudou a impulsionar as vendas. E foi isso que eu combinei com a Almap: “topo fazer os investimentos, mas quero conectar com vendas”. Temos uma equipe supercompetente no negócio, que funciona super bem, mas eu gosto de participar. Temos reuniões, por exemplo, na agência. Gosto de ir à agência. A Livia (Kinoshita), que é nossa diretora de marketing organiza as sessões e discutimos a estratégia produto por produto. Gosto de participar desde a escolha da foto, da música da campanha. Tenho bom gosto em algumas coisas e consigo ajudar também em alguns pontos. Então, gosto de me envolver no processo e um dos meus papeis é ajudar a vender, promover isso. Claro, sempre respeitando o profissional que está lá e conhece muito daquilo, mas trago talvez a percepção de cliente, a minha visão do cliente Ciro. Como ele olha para aquela campanha.
Fizemos um bom janeiro e tem uma boa perspectiva para este ano. Teremos vários lançamentos, começamos agora com o anúncio de investimentos. Isso motiva todo mundo, vendas, concessionárias. Tivemos crescimento recorde no passado, quase 30%. Este ano a gente vai crescer de novo forte. É bonito de ver a empresa nessa velocidade e sempre focando no atendimento ao cliente. Estamos reformando todas as concessionárias, hoje, no Brasil, com novo padrão de design pensando nessa acolhida do cliente. Não é mais uma oficina; é o atendimento, o café, o ar-condicionado, a pintura, fotos de pessoas na parede. É bem a forma como estamos mudando o negócio aqui.
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