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Diversidade nas empresas: quais as vantagens, importância e como promover

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Diversidade nas empresas: quais as vantagens, importância e como promover

Entenda a importância e as vantagens da diversidade e inclusão nas empresas e as maneiras de promover a inclusão no ambiente corporativo, desde o processo seletivo.


7 de dezembro de 2022 - 11h00

A diversidade e inclusão nas empresas é um assunto importante e que tem ganhado cada vez mais força no ambiente corporativo.

Em um mercado cada vez mais globalizado, a preocupação em promover igualdade de oportunidades, respeito e valorização das diferenças tem crescido, indicando uma mudança para o futuro do trabalho.

No entanto, uma pesquisa realizada pela Pulses juntamente à startup Nohs Somos, constatou a diferença de percepções dos colaboradores em relação à diversidade para os números de fato.

Mais de seis mil colaboradores de 60 empresas distintas responderam à pesquisa. Dentre as perguntas sobre si mesmos:

– 62,46% se autodeclaram brancos; 24,60% pardos; 8,14% pretos; 4,8% de outras raças/etnias;

– 47,73% se autodeclaram homem cis; 44,03% mulher cis e 4,42% não binárie, homem trans, mulher trans ou travesti;

– 89,70% disseram ser heterossexuais e apenas 8,95% bissexual, gay, lésbica ou outros.

Já quando foram questionados sobre a diversidade na empresa em que atuam, a percepção dos colaboradores é de um ambiente diverso.

Para 73,55%, a empresa tem um quadro muito diverso em questão de colaboradores. Em relação às lideranças, a percepção dos funcionários é de um quadro homogêneo para 26,75% e muito diverso para 55,64%.

As organizações que investem na diversidade e inclusão podem se destacar no mercado com equipes motivadas, ambiente inovador e resultados melhores, mas ainda existe um longo caminho a percorrer.

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O que podemos entender por diversidade?

É possível dizer que há diversidade e inclusão em uma empresa a partir do acolhimento, valorização e incentivo à participação e contratação de grupos diversos. Etnia, religião, gênero, classe, orientação sexual e outros grupos de pessoas podem fazer parte de uma empresa e gerar um ambiente mais plural.

No dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o significado para diversidade é “qualidade de diverso”ou, ainda, “variedade; multiplicidade”.

Uma empresa pode demonstrar essa diversidade na parte de colaboradores e lideranças, bem como em seus posicionamentos e ações. 

Algumas leis contribuem para um ambiente mais diverso dentro das empresas, como, por exemplo, a Lei da Inclusão Social (lei 13.146/2015). 

O objetivo dela é “assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.”

Já a Lei 12.288, de 2010, visa o combate à discriminação étnica, mas não estebelece uma porcentagem mínima do número de pessoas negras que uma empresa do âmbito privado deve contratar.

Na contratação de servidores públicos, por outro lado, a Lei 12.990/2014 estabeleceu cotas, com 20% das vagas disponíveis em concurso público, voltadas para pessoas declaradamente negras. 

Para entender o que é diversidade e inclusão nas empresas, de fato, vale também conhecer um pouco mais sobre os dados de pesquisas em empresas brasileiras.

Dados sobre diversidade no Brasil

Diversidade no Brasil

Diversidade no Brasil – Imagem: Shutterstock

O cenário de diversidade e inclusão nas empresas brasileiras apresenta algumas melhoras, mas ainda existem muitos desafios a serem superados.

Estudos realizados nos últimos anos comprovam essas dificuldades e servem de alerta para a necessidade de promover uma cultura organizacional mais inclusiva. 

Uma breve análise sobre dados de minorias ocupando posições de liderança reforça esse ponto. 

Para dar início, vale ressaltar uma pesquisa da Deloitte, por exemplo, chamada de “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações”.

Na opinião das empresas participantes, as práticas de diversidade, equidade e inclusão no geral, em porcentagem:

– trazem benefícios aos negócios -´94 %;

– contribuem para inovação – 93%;

– geram valor aos negócios – 92%;

– aumentam a retenção de profissionais – 90%

– melhoram a qualidade da força de trabalho – 90%

Por outro lado, a visão dos entrevistados em relação à própria organização é a seguinte:

– estão alinhadas às premissas de governança ambiental, social e corporativa (ESG) – 71%;

– têm contribuído para uma mudança organizacional – 67%;

– são realmente uma prioridade – 55%;

– têm elevada adesão por parte de profissionais – 52%;

– seguem um checklist padrão – 37%. 

Na prática, muitas das pesquisas sobre diversidade e inclusão nas empresas não mostram um cenário muito otimista. Veja mais abaixo.

Mulheres na liderança

Cenário da diversidade e inclusão nas empresa

Cenário da diversidade e inclusão nas empresas – Imagem: Shutterstock

Segundo a pesquisa “Women in Business”, realizada pela empresa Grant Thornton em 2022, 38% dos cargos de liderança em médias empresas são ocupados por mulheres no Brasil. Os dados mostram uma queda de 1% em relação ao ano anterior.

Na indústria, o cenário é ainda pior, com apenas 29% dos cargos de liderança ocupados por mulheres, contra 71% dos homens, como aponta um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

Mesmo no quadro de funcionários a diferença chama a atenção, pois enquanto homens ocupam 70% dos cargos, mulheres representam 30%.

Dentre as empresas pesquisadas que não têm áreas voltadas para o cuidado com a igualdade de gênero (85%), 23% das empresas lideradas por mulheres afirmaram ter a intenção de melhorar os recursos nesta área, enquanto nos homens a porcentagem foi de 18%.

Além disso, a questão de igualdade salarial entre gêneros também chama a atenção. 

Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), um levantamento da consultoria IDados mostrou que as mulheres recebem cerca de 20% a menos que os homens. 

Negros na liderança

O cenário de diversidade e inclusão nas empresas também apresenta desafio para os negros. Apesar de representar 56% da população brasileira, segundo o IBGE, a população preta representa apenas 10,2% na força de trabalho.

A pesquisa do IBGE também mostra que os trabalhadores pretos ainda recebem muito menos que os brancos. Segundo os dados, as pessoas brancas ganham 40,2% a mais por hora trabalhada do que as negras. 

O valor médio da hora trabalhada, por cor é:

– brancos: R$19,22;

– pardos: R$11,84;

– pretos: R$11,49.

Mulheres negras no mercado de trabalho

Para as mulheres negras no mercado de trabalho, o cenário de diversidade e inclusão é ainda mais preocupante, devido a questões histórico-culturais e ao cenário socioeconômico.

Foi a conclusão de uma análise feita pela Fundação Getúlio Vargas a partir de microdados da PNADC/IBGE.

O índice de População em Idade Ativa (PIA) – pessoas com 14 anos ou mais – passou de 26% em 2012 para 28,3% em 2022, no que diz respeito à participação das mulheres negras.

Apesar de ser o grupo com maior representatividade, essa parcela da população encontra dificuldade em se inserir no mercado de trabalho.

São cerca de 48 milhões de mulheres negras em idade para trabalhar, mas somente 55% está empregada ou em busca de um emprego.

No relatório, a pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV argumenta que o caso deste grupo social agrupa as desigualdades enfrentadas pelo grupo do gênero femino e também da população negra. 

O gráfico abaixo retrata a evolução das taxas de participação no mercado de trabalho por grupos de gênero e raça:

A participação de mulheres negras no mercado de trabalho

Artigo “A participação das mulheres negras no mercado de trabalho” – FGV.

Outro fator de atenção é a taxa de trabalhos informais, maior entre mulheres negras e homens negros. Os dados são referentes ao primeiro trimestre de 2022. 

A porcentagem de postos de trabalho informais por grupo é a seguinte:

– 43,3% – mulheres negras;

– 46,6% – homens negros;

– 34,8% – homens brancos/amarelos;

– 32,7% – mulheres brancas e amarelas.

Um levantamento feito pela consultoria Gestão Kairós com 900 líderes, aponta que dentre estes, apenas 25% são mulheres. Já o número de mulheres negras cai para 3%.

Quanto ao salário da mulher negra, segundo dados da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial, é possível perceber que ao longo dos anos houve uma evolução, mas bastante lenta.

Em 1987 o rendimento médio mensal de mulheres negras representava 33% do recebido por homens brancos; em 1998 subiu para 40%; e em 2022 (dados do segundo trimestre), para 46%.

Ou seja, houve um crescimento, mas ainda está longe do ideal. Os dados são da pesquisa “A mulher negra no mercado de trabalho brasileiro: desigualdades salariais, representatividade e educação entre 2010 e 2022”, da Associação Pacto de Promoção da Equidade Racial.

Dados sobre diversidade no Brasil

Dados sobre diversidade no Brasil – Imagem: Shutterstock

Pessoas LGBTQIA+ na liderança

Para pessoas LGBTQIA+, a luta por diversidade e inclusão nas empresas é constante. Um levantamento do IAB Brasil, feito com 230 profissionais LGBTQIA+ em 14 estados brasileiros, revelou que a discriminação ainda é um desafio no ambiente de trabalho.

Entre os entrevistados, 41% afirmou ter sofrido discriminação por sua identidade de gênero ou orientação sexual no trabalho, enquanto 61% disseram optar por não revelar sua sexualidade aos colegas de trabalho. 

Por outro lado, um estudo da OutNow, empresa de consultoria especializada no público LGBTQIA+, mostra que um a cada três gestores gays já não sentem medo de expor a sua orientação sexual no Brasil.

A pesquisa Diversidade e Inclusão (D&I) da consultoria global Great Place To Work (GPTW) revela que uma grande parcela de pessoas na liderança das empresas são pessoas cis heteronormativas, 92% mais especificamente.

Do quadro geral de funcionários entrevistados, apenas 10% se autodeclara LGBTI+. 

No entanto, quando se trata de piadas e comentários preconceituosos, 24% dessas pessoas afirmam ter ouvido ou presenciado essas cenas com frequência.

Uma porcentagem de 38% dessas pessoas era pansexual, 24% homossexual e apenas 12% heterossexual. Até a liberação destes dados, mais de 14 mil respostas haviam sido coletadas.

Já em uma investigação com as 500 maiores empresas do Brasil, produzida pelo Instituto Ethos, somente uma porcentagem de 19% das companhias afirmou trabalhar em políticas de promoção da igualdade de oportunidades para o público LGBT+ entre seus funcionários.

Quando se trata de eliminar barreiras e ajudar na redução do preconceito, o número é ainda menor, de apenas 8,5% das empresas.

Vantagens da diversidade nas empresas

Ações de diversidade e inclusão nas empresas trazem benefícios que podem gerar uma vantagem competitiva, além de contribuir para o desenvolvimento de um ambiente de trabalho saudável, mais colaborativo, inovador e motivador. 

Dentre as vantagens da diversidade nas empresas, vale destacar as seguintes. 

Diminuição de conflitos

A diversidade e inclusão nas empresas contribui para a redução de conflitos, uma vez que estabelece uma cultura de respeito às diferenças.

Com isso, as divergências de opinião não criam atritos, mas sim funcionam como contribuição e troca de ideias para uma melhora nos processos e desempenho da organização.

Criação de um ambiente mais inovador

Com uma equipe formada por pessoas diferentes, a tendência é um acesso a uma ampla diversidade de experiências, conhecimentos e pontos de vista, o que contribui para o desenvolvimento de um ambiente mais inovador.

Diferentes ideias e o compartilhamento de experiências abrem espaço para a criação de produtos, serviços e processos capazes de atender um público heterogêneo.

Alcance de melhores resultados

A diversidade e inclusão nas empresas impulsiona o desenvolvimento, garantindo melhores resultados e um desempenho mais eficiente, inclusive financeiro.

Dados de uma pesquisa realizada pela empresa McKinsey mostram que as organizações que investem em diversidade tem uma propensão de 15% a 35% a ter um retorno financeiro acima da média da indústria. 

Atração e retenção de talentos

Ao investir em programas de diversidade e inclusão, as empresas mostram para o mercado uma imagem positiva, de responsabilidade social e promoção de igualdade nas oportunidades. 

Isso não só melhora a imagem da organização perante os consumidores e concorrentes, como também contribui para a atração de talentos nos processos de recrutamento. 

Ter uma política inclusiva reflete também na retenção desses talentos, reduzindo índices de turnover. 

Isso pode gerar no funcionário maior sentimento de pertencimento àquele ambiente. Ele se sente único, acolhido e entendido.

Ganhos na imagem pública

Ações de diversidade e inclusão nas empresas também melhoram a imagem pública da marca e a colocam em posição de destaque de forma positiva.

Ela passa a ser vista como uma empresa mais humana, fazendo uma gestão de pessoas mais empática e atraindo mais clientes e oportunidades de negócio.

Desenvolvimento de novas perspectivas e oportunidades

O estímulo à criatividade é uma consequência de reunir pessoas diferentes em um mesmo ambiente. 

Ao desenvolver um espaço que valoriza as diferenças, os colaboradores sentem-se mais à vontade para expressar suas ideias. Como resultado, a empresa pode ter um aumento significativo no potencial de criação.

Segundo uma pesquisa da Harvard Business Review, funcionários de empresas diversas, se tornam:

– 45% mais propensos a relatar um crescimento na participação de mercado da empresa;

– 70% mais propensos a relatar que a empresa conquistou um novo mercado.

Uma liderança diversificada muda a forma como as ideias são recebidas dentro da empresa:

– mulheres têm 20% menos probabilidade do que os homens brancos heterossexuais de ter suas ideias ouvidas; 

– pessoas de cor têm 24% menos probabilidade;

– LGBTs têm menor visibilidade, com 21%.

Alcance de novos públicos

O fato de gerar e incentivar a diversidade e inclusão nas empresas, promove uma visão de mundo mais ampla e plural.

A companhia consegue atingir novos públicos, pois conta com experiências, ideias e insights diferentes. 

Essa visão interna, se bem aproveitada, pode trazer oportunidades externas para a empresa, pois gera um ambiente de trabalho mais rico e essa visão se estende também ao mercado.

Ainda de acordo com a pesquisa da Harvard Business Review, uma equipe com um membro que compartilha a etnia de um cliente tem 152% mais probabilidade de entender esse cliente, comparado a outra equipe.

Como é possível promover a diversidade nas empresas?

Além de conhecer as vantagens, é importante entender como promover a diversidade nas empresas. 

Existem alguns passos essenciais para empresas contratarem pessoas diversas, como os destacados a seguir.

Conhecer o quadro de funcionários

O primeiro passo de uma empresa deve ser analisar o quadro de funcionários para entender o quão diversa ou pouco diversa é a equipe.

Quantos são LGBTQIA+? Quantos se consideram negros? Quantas mulheres no time e na liderança?

É importante fazer uma pesquisa a fundo e conhecer os grupos que fazem parte da equipe para, a partir daí, pensar em novas estratégias de contratação e também de comunicação com esses grupos.

Valorizar a comunicação mais focada nesses determinados grupos pode torná-la mais acertada e alinhada ao quadro de colaboradores.

Outro ponto a ser analisado é entender porque aquelas pessoas foram contratadas e quais motivos levaram a empresa a ser composta como é hoje.

Se existe pouca diversidade, qual o motivo? Foi por um processo seletivo falho? Foi devido ao tipo de comunicação escolhida para o anúncio? O anúncio não chegou a pessoas de diferentes grupos?

Há uma série de possibilidades e é preciso entendê-las antes de dar os próximos passos na busca de  programas de diversidade e inclusão nas empresas.

Trabalhar a cultura organizacional

A cultura da empresa é a base para promover um ambiente inclusivo, por isso é importante avaliar o clima organizacional para entender como essa questão está fluindo.

É importante que os gestores estejam sempre abertos a feedbacks e atentos aos acontecimentos no ambiente corporativo para identificar qualquer desconforto.

Um ponto de importância nessa área é o trabalho de comunicação interna que, dentre outras funções, tem o objetivo de promover a discussão de temas como a inclusão social, mas também se comunicar com os colaboradores e ouvir ideias, insights e feedbacks.

Promover um processo seletivo com diversidade

A diversidade começa no processo seletivo, por isso é importante que as empresas busquem perfis heterogêneos na hora do recrutamento.

Para isso, vale diversificar os grupos, meios de divulgação e até mesmo repensar as etapas de seleção dos processos. 

Criar políticas internas

Uma maneira de alinhar a cultura organizacional é criar políticas internas que definem as diretrizes da empresa em relação a diversidade, deixando claro a todos os colaboradores o compromisso com a equidade e os pilares organizacionais do ambiente corporativo.

Muitas organizações desenvolvem comitês de diversidade, que tem o objetivo de empoderar e dar mais voz aos colaboradores, além de trazer debates e auxiliar no desenvolvimento de estratégias para promover a igualdade. 

Resumo do tema

A diversidade e inclusão nas empresas traz benefícios que vão desde o aumento no potencial criativo até a redução de conflitos, permitindo ambientes de trabalho muito mais saudáveis.

Mesmo com as vantagens, as minorias ainda enfrentam dificuldades quando o assunto é igualdade de oportunidades. 

O cenário precisa avançar, mas promover um espaço de inclusão tornou-se uma prioridade para muitas organizações e é cada vez mais essencial no mercado de trabalho atual. 

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