Marketing

Estratégia perde espaço nas agências, mesmo com alta demanda

Pesquisa da Warc mostra que 80% dos profissionais acreditam que estratégia vive ponto de inflexão no marketing

i 7 de outubro de 2025 - 6h49

estratégia negócios

(Créditos: Fizkes/Shutterstock)

A Warc divulgou, na segunda-feira, 6, o relatório The Future of Strategy 2025, que traz insights sobre o papel da estratégia no cenário atual do mercado de marketing. A pesquisa ouviu mais de mil estrategistas em todo o mundo, em sua maioria líderes de agências.

De acordo com o levantamento, o setor vive um ponto de inflexão: cerca de 80% dos entrevistados afirmam que há uma necessidade urgente de adaptar as estratégias para mantê-las relevantes, enquanto 62% acreditam que o planejamento estratégico ainda é tratado como algo descartável diante de restrições orçamentárias.

O relatório destaca um paradoxo: apesar de muitas agências enxergarem a estratégia como opcional, a demanda dos clientes por esse serviço segue em alta.

Mesmo assim, o cenário não indica expansão imediata. Apenas três em cada dez profissionais esperam aumento nas equipes de estratégia nos próximos 12 meses. Além disso, 24% dos estrategistas seniores preveem que sua próxima movimentação de carreira será em uma consultoria.

“A estrutura econômica que sustenta a estratégia está se desfazendo, o que é curioso, já que a demanda por ela continua tão alta como nunca”, afirma Tom Morton, dundador da consultoria Narratory Capital.

Impacto da inteligência artificial

Estrategistas ainda demonstram incerteza sobre o impacto de longo prazo da tecnologia em suas funções: 46% discordam que a IA reduzirá o valor de seu trabalho no futuro, enquanto 37% acreditam que ela será capaz de aprender uma das habilidades mais valiosas do marketing: a capacidade de realizar saltos estratégicos.

Os modos de aplicação da IA também estão evoluindo. Entre as tarefas mais delegadas à tecnologia estão aquelas que demandam mais tempo, como análise da concorrência (66%), aceleração do desenvolvimento de briefings (51%) e obtenção de insights culturais mais rápidos e profundos (42%).

O aumento no uso de ferramentas é percebido pela maior parte dos líderes e estrategistas de agências (76%), movimento especialmente marcante na América do Norte (85%), Ásia (74%) e a Europa (69%).

Apesar do avanço, os profissionais destacam limitações significativas. Seis em cada dez entrevistados apontam a falta de originalidade, a ausência de nuances culturais e a baixa ressonância emocional como fragilidades da IA.

Tomas Gonsorcik, diretor global de estratégia da BBH, afirma: “Precisamos reposicionar a estratégia — não como uma função de bastidores, nem como um luxo, mas como um serviço: claro, responsável e indispensável. A estratégia deve operar como um serviço autônomo dentro da agência”.