Marcas dos anos 80: relembre os maiores sucessos do passado
Algumas marcas dos anos 80 conseguiram se manter no mercado ao relançarem produtos no Brasil
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Meio & Mensagem
2 de janeiro de 2023 - 16h00
A influência dos anos 80 na cultura popular atual é inegável. Na música, a sonoridade retrô inspira artistas como The Weeknd, Dua Lipa, Miley Cyrus, Incubus e muitos outros. Nas telas, sucessos como Stranger Things, da Netflix, pegam carona nas cores vibrantes, camisas xadrez e jaquetas bomber para contar a história dos adolescentes de Hawkins. E algumas das marcas dos anos 80 também se fazem presentes na cultura atual.
Mesmo em uma realidade cada vez mais tecnológica, apostar na sensação de nostalgia que envolve a temática oitentista tem sido, há anos, uma carta segura na manga do marketing de grandes empresas. Nesse sentido, o movimento, por um lado, atinge os consumidores da época e, por outro, mostra às novas gerações que existe um recall de marca com forte apelo emocional.
Esse olhar recorrente para as marcas dos anos 80 é comprovado, principalmente, pela quantidade de campanhas lançadas nos últimos anos com a temática.
Um exemplo foi quando, em 2018, a Vivo lançou “Em que tempo você vive?”, protagonizada por Xuxa Meneghel, para o aplicativo de autoatendimento da operadora. No filme, a apresentadora, cuja carreira começou justamente nos anos 80, viajava no tempo em busca da fatura do telefone em uma pilha de cartas.
A Renault, em 2019, também surpreendeu os telespectadores do Jornal Nacional, da Rede Globo, com um filme baseado no desenho Caverna do Dragão, grande sucesso entre os anos 80 e 90. Com imagens gravadas no deserto de Salta, na Argentina, a campanha tentava se conectar, segundo a empresa disse à época, ao público brasileiro de 30 a 45 anos que assistia à atração.
Inúmeros acontecimentos políticos, econômicos, culturais e sociais marcaram a década de 80. O mundo ainda vivia o contexto da Guerra Fria, iniciada em 1947, responsável, em resumo, pela polarização do mundo entre Estados Unidos e União Soviética. O fim do conflito ocorreu, simbolicamente, com a queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, que reunificou a Alemanha.
A Guerra Irã-Iraque, iniciada em 1980, entre os dois países por disputas políticas e territoriais, também entrou nas páginas da história como um dos acontecimentos mais marcantes do período. Com o tempo, a guerra passou a abranger aspectos religiosos e nacionalistas, resultando em grandes perdas de vidas, sobretudo entre civis.
No universo da música, o assassinato de John Lennon, dos Beatles, em 8 de novembro de 1980, em Nova Iorque, chocou fãs de todo o mundo. Na época, aos 40 anos, ele voltava do estúdio com Yoko Ono, sua esposa, quando foi atingido por cinco tiros disparados por Mark David Chapman, preso em seguida.
No Brasil, a ditadura militar vivenciava os seus últimos anos. Em 1984, o Movimento Diretas Já tomava as ruas do País pedindo a retomada das eleições diretas ao cargo de Presidente da República. No ano seguinte, o regime – um dos mais tensos da história brasileira, caracterizada pelo cerceamento da liberdade e uso de tortura contra opositores políticos de esquerda – chegou a fim, após 21 anos.
Apesar de os computadores pessoais (PC) surgirem na década anterior, a indústria de tecnologia só alavancou as vendas a partir de 1981. Em suma, a IBM, uma gigante no ramo, lançou o primeiro PC, novidade que se tornou um marco, conquistou o gosto popular e, rapidamente, deixou o mercado ainda mais concorrido.
Nessa corrida, após outros lançamentos menos marcantes, a Apple Inc., de Steve Jobs, lançou o primeiro Macintosh em 1984. Em síntese, o aparelho tinha interface gráfica em preto e branco, tela incorporada e mouse. Mesmo que não tenha sido um sucesso de vendas, o computador virou um ícone da indústria e revolucionou o setor.
A Sony foi a responsável por outra inovação. Em 1980, em busca de mudanças no cotidiano das pessoas, a marca lançou nos Estados Unidos o walkman, que mudou a forma das pessoas se relacionarem com a música. Com esse lançamento, passou a ser possível ouvir música de qualquer lugar.
Outro aparelho também começou a ganhar o mundo, revolucionando as comunicações. Em 1982, a Motorola iniciou as vendas ao público do primeiro celular: o Motorola DynaTac. Totalmente diferente dos smartphones atuais, o aparelho era pesado, media em torno de 25 centímetros, armazenava somente até 30 números e tinha uma bateria que demorava 10 horas para ser carregada.
O vídeo game também conquistou ainda mais espaço entre os mais jovens. Depois do clássico Atari 2600, de 1977, alterar, significativamente, a vida das pessoas, diversos jogos – como Donkey Kong e Pac-man – caíram no gosto popular. No entanto, em 1985, a Nintendo causou uma verdadeira revolução ao lançar, na América, seu primeiro console juntamente com o jogo Super Mario Bros.
Ainda no contexto tecnológico, o vídeo cassette – que existia desde a década anterior – também viveu dias de glória nos anos 80, passando a ocupar lugar de destaque nos lares. O aparelho permita ver e gravar filmes nas famosas fitas VHS. Na época, as locadoras de filmes também passaram a fazer sucesso mundial.
De roupas a aparelhos, inúmeras foram as marcas dos anos 80 que fizeram parte da vida de consumidores de todo o mundo durante a década de 80. Algumas delas encerraram suas linhas de produção e tiveram seus produtos incluídos em brechós ou em acervos de itens históricos. Outras conseguiram se manter no decorrer do tempo ou retornaram ao mercado, apelando, sobretudo, para o lado emocional de pessoas que viveram o período em que estavam no auge da popularidade.
Item que se tornou sonho de consumo de muitos jovens na época, a marca M2000 foi criada no ano de 1988. O sucesso foi tanto que a companhia chegou a faturar US$ 100 milhões em 1992 com a venda de calçados, roupas e acessórios, chegando a patrocinar o brasileiro Christian Fittipaldi na Fórmula 3000, antiga categoria de acesso da Fórmula 1.
No entanto, como aconteceu com outras marcas, a abertura do mercado para as importações, o câmbio entre real e dólar – de um para um – e a entrada dos tigres asiáticos no mercado causaram a perda de competitividade. Com isso, a M2000 encerrou as atividades ainda na década de 1990.
Mesmo assim, pegando carona no sentimento de nostalgia, em 2014, a marca relançou o clássico tênis M2000. Na época, a Diesel Mach, responsável pelos produtos, lançou 28 modelos com mais de 200 opções de variações de materiais e cores. Os itens foram vendidos em lojas físicas multimarcas e por meio de e-commerce.
Queridinho entre os meninos das décadas de 70 e 80, o tênis Kichute era um calçado simples, barato e versátil, atrelado tanto ao dia a dia quanto ao jogo de futebol na rua. A marca foi lançada em 1970 pela Alpargatas e se aproveitou do amor brasileiro pelo futebol durante a Copa do México, realizada naquele ano, que o designe parecia o de uma chuteira.
Com o tempo, o tênis passou a compor o uniforme de diversas escolas do País e, por isso, no auge da popularidade, as vendas chegaram a mais de 10 milhões de pares por ano. Com o sucesso, a Alpargatas investiu também em produtos complementares, como bolas de futebol. Na publicidade, a marca chegou a ter o jogador Zico como garoto-propaganda.
A derrocada da marca teve como fio condutor – em semelhança a várias outras da época – a consolidação de produtos importados no Brasil. Mesmo assim, em junho deste ano, o Grupo Alexandria escolheu a Kichute – hoje, licenciada pela Justa Holding – para ser revitalizada no projeto “Sociedade das Marcas Imortais”.
Solange Ricoy, sócia-fundadora do Grupo Alexandria, defendeu o valor da nostalgia como elemento capaz de fidelizar a relação entre o público e uma marca. Por isso, a iniciativa de revitalizar itens icônicos foi criada para trazer as marcas afetivas para o contexto atual, caracterizado pelas demandas da agenda ESG.
Criada em 1972 por surfistas na Califórnia, a Ocean Pacific voltou ao Brasil no ano de 2017, com a inauguração de uma loja em Santa Catarina. A saber, a marca fez história nos anos 80, quando patrocinou grandes atletas e eventos de surf no País.
A volta ao território brasileiro ocorreu sob o comando da Iconix Brand Group, que buscava aproveitar a onda de nostalgia e alcançar pessoas de 20 a 30 anos e consumidores da época, entre 40 e 50 anos.
Quem não lembra do clássico raio amarelo da Zoomp? Criada em 1974 por Renato Kherlakian, a marca assumiu o objetivo de tornar o jeans um artigo associado aos jovens. Em sua trajetória, ela coleciona momentos marcantes na história da moda brasileira, como o lançamento do jeans lavado, que deu o que falar na época.
Depois dos primeiros passos existindo sob encomendas, a Zoomp lançou a primeira coleção – cujo nome foi Sexy Jeans – em 1979. Em 1981, a marca abriu a primeira loja em São Paulo e, com o tempo, se tornou objeto de desejo de muitos jovens pelo País. Com um conceito diferente, de combinar linguagem, vitrines e música, em três anos, a companhia já contava em cinco lojas próprias. Em seguida, em 1984, iniciou o plano de expansão por meio da concessão de franquias no mercado interno e externo.
Após o crescimento expressivo, a Zoomp começou a enfrentar uma série de acontecimentos críticos, principalmente com o aumento da quantidade de produtos importados no Brasil. Sendo assim, devido a problemas financeiros, a marca foi vendida e, anos depois, decretou falência em 2009. No entanto, em 2017, a empresa voltou ao mercado com o plano de vender em lojas multimarcas, mas sem o impacto do período áureo.
Apesar de ser anterior aos anos 1980, a marca de brinquedos Estrela é, ainda hoje, sinônimo de nostalgia para inúmeras gerações. A empresa nasceu em 1937, com a fabricação de bonecas de pano e carrinhos de madeira. Rapidamente, com o avanço industrial, passou a produzir itens de plástico, metal e outros materiais.
A década de 1980, conforme a história da Estrela, foi uma década de muitos lançamentos. Dentre eles, o Genius – na época, conhecido com o “computador que fala” – foi o “primeiro brinquedo eletrônico” do Brasil, seguido por Merlin. Além desses, Ar-Tur, Pégasus, Colossus e Susi foram outros itens que habitaram o imaginário das crianças na época.
Em 2017, para comemorar o aniversário de 80 anos, a Estrela relançou clássicos comercializados no mercado brasileiro – alguns deles com incremento de tecnologia. Entre os relançamentos, a marca apostou no Banco Imobiliário (1940), boneco Falcon (1970), Genius (1983), Dr. Saratudo (1985), Cara a Cara (1986) e outros. Em seguida, como forma de atingir os pais da atualidade, a empresa lançou o jingle oitentista que foi veiculado nas rádios do País.
Fundada em 1987, a Pakalolo foi outra marca de vestuário e acessórios muito conhecida naquela época, sobretudo entre adolescentes. Com camisas, bermudas, mochilas e ‘frufrus’ para os cabelos, normalmente, com cores vibrantes e estampas, ela se tornou uma das mais nostálgicas.
A história da grife apresentou uma ascensão meteórica principalmente no início dos anos 1990, quando chegou a inaugurar, praticamente, uma loja por semana. Porém, após a saída do mercado no final da mesma década, a marca voltou, em sistema de franquia, no ano de 2009, mas não houve sucesso.
Andar com uma mochila da Company também fez parte dos sonhos de consumo de vários consumidores que cresceram nos anos 80 e 90. Apesar de assinar também vestuário, como a calça carpinteira, a marca conquistou espaço com as mochilas em cores chamativas, algo natural na época.
Na década de 1990, após a morte do criador Mauro Taubman, a Company passou por batalhas judiciais entre parte dos herdeiros e perdeu espaço. Além disso, hoje em dia, a marca retomou a comercialização das mochilas – incluindo, os modelos mais conhecidos – somente em site próprio.
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