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O poder da computação quântica no marketing

Com possibilidade de processamento sem paralelos, máquinas serão responsáveis por mudanças na segmentação e predição de padrões de consumo


5 de novembro de 2019 - 6h16

Capacidade de processamento dos computadores quânticos causará uma nova onda de disrupção nos departamentos de marketing dos anunciantes (Crédito: NiPlot-iStock)

Se a disputa imediata da fronteira tecnológica é o 5G e a inteligência artificial, no médio prazo há outra inovação que pretende adicionar mais uma camada de disrupção em departamentos de marketing e agências de publicidade. Empresas como IBM e Google buscam desenvolver computadores quânticos que sejam capazes de realizar previsões com variantes que, atualmente, não seriam possíveis pela capacidade de processamento dos aparelhos tradicionais.

Isso porque a computação quântica não trabalha com a dicotomia 0 e 1, mas na superposição dessas informações. Assim, seria possível levar em conta uma quantidade muito maior de informações e variáveis do que as possíveis atualmente.

No fim do mês passado, o Google divulgou um relatório no qual afirmou ter conseguido realizar cálculos a partir de computação quântica. O Sycamore, como é chamado o computador da empresa, realizou uma operação em 200 segundos que, segundo o Google, teria levado 10 mil anos em um supercomputador tradicional.

“Com a computação quântica, e o consentimento dos consumidores, será possível levar em consideração dezenas de milhares de características, possibilitando insights ainda mais profundos no processo de criação”, explica Jair Antunes, líder de computação quântica da Accenture no Brasil.

Entretanto, o impacto da nova tecnologia não será apenas no processo criativo. Analistas indicam a possibilidade de otimização de compra de mídia a partir de modelos preditivos complexos e, ainda, a capacidade de segmentação programática com variantes que, atualmente, não poderiam ser levadas em conta em função da limitação da computacional tradicional.

“Computação quântica é particularmente adequada para resolver grandes problemas de otimização, que têm uma imensa quantidade de restrições e variáveis, algumas das quais podem depender umas das outras”, observa Erlon Faria Rachi, data science and advanced analystics manager da CI&T.

A tecnologia ainda está a três ou cinco anos de ser aplicável comercialmente. Entretanto, isso não impede que empresas e agências iniciem o processo de adaptação ao modelo quântico. Grandes universidades, como o Massachussets Institute of Technology (MIT), por exemplo, já oferecem cursos sobre o tema, assim como as empresas que buscam a vanguarda no segmento disponibilizam ferramentas de testes considerados rudimentares — como é o caso de IBM e Microsoft.

“Empresas de marketing cada vez mais precisam de profissionais das áreas de Stem (ciências, tecnologia, engenharia e matemática), com competência para traduzir essa nova realidade de algoritmos, dispositivos, modelos e fatos científicos para artistas, criadores e provocadores que fazem do marketing algo que toca todos nós”, complementa Erlon.

Cartas na mesa
O problema, entretanto, é que essa capacidade de processamento representa, também, um desafio de segurança fundamental ao modelo de criptografia utilizado atualmente.

Segundo George Arraes, head de experiência do consumidor da CI&T, um computador estável de 128 qubits – unidade de processamento do computador quântico – seria o necessário para deixar de lado toda a segurança criptográfica atual, incluindo governos, instituições financeiras e plataformas digitais. O do Google possui 70.

“Apesar da preocupação que esse cenário traz a qualquer instituição, há também a contrapartida tecnológica para esse avanço de quebra de senhas. Há diversos organismos e pessoas que estudam o campo da criptografia quântica que tornam inviáveis a quebra de sigilo em tempo razoável”, afirma George.

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