Qual é a percepção dos brasileiros sobre o tarifaço?
Levantamento do CEAM analisou o nível de conhecimento, preocupação e percepções gerais sobre as tarifas dos EUA sobre o Brasil
Acontecimentos político e econômicos têm impacto direto na percepção da população sobre um governo e consumo de forma geral.
O Centro de Estudos Aplicados de Marketing da ESPM (CEAM) buscou entender as impressões dos brasileiros sobre as tarifas de 50% dos Estados Unidos sobre o Brasil, incluindo os efeitos sobre o consumo e a economia nacional.

(Crédito: fizkes/Shutterstock)
Seguindo orientações da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa (ABEP), o levantamento contou com mil participantes, dos quais 52% mulheres. Os respondentes pertencem a todas as classes sociais e regiões, sendo a maioria das classes C2 e D, com 23% e 24%, respectivamente. Quase metade dos respondentes (48%) são da região Sudeste.
Questionados sobre o nível de conhecimento acerca do tarifaço, 43% apresentam um conhecimento superficial e 32% afirmaram acompanhar o assunto com atenção. O restante (26%) não tem certeza ou não ouviram falar sobre. Já no que diz respeito ao entendimento, 40% declararam ter uma noção básica. Apenas 19% indicaram entender bem sobre a política.
Ainda que a compreensão não seja tão clara, mais da metade (52,3%) acreditam que o tarifaço terá um impacto no consumo do dia a dia. Os resultados indicam também que, mesmo que haja uma sensação de favorecimento de preços e inflação (45,3%), existe a preocupação acerca da economia do País, com 68,7% reconhecendo reflexos negativos neste sentido.
A nível pessoal, a maior parte das citações (28%) dizem respeito ao aumento da conta de luz, gás ou outros serviços essenciais, bem como dos preços de alimentos consumidos frequentemente. Além disso, 11% acreditam que deverão pagar mais impostos, enquanto a mesma porcentagem citou o encarecimento de eletrodomésticos e eletrônicos. Apenas 9% reconheceram que alimentos deverão ficar mais baratos.
A saída para os receios é a redução do consumo geral e a busca por alternativas mais baratas, seja por meio de marcas substitutas ou nacionais, ambos com 60% das respostas. Neste sentido, há maior valorização dos produtos nacionais para 57,2%. Na sequência, aparece a busca por promoções e liquidações (31%) e a compra de produtos usados (18%). Só 10% não pretendem alterar o comportamento.
Do ponto de vista da confiança nas instituições, o CEAM chama a atenção para o viés negativo da questão, citado por 41,7% da amostra. Além disso, não parece haver transformações sobre a impressão geral dos brasileiros sobre produtos dos EUA. Para 53,9% a percepção não muda. Apenas 15% disseram não comprar mais de marcas norte-americanas, enquanto 11,5% intensificaram o consumo desses itens.
Entre as conclusões, o CEAM aponta que o baixo conhecimento sobre o tarifaço indica para peças de comunicação claras, sobretudo a fim de mitigar percepções negativas sobre impactos econômicos e setoriais. No que diz respeito ao aumento do etnocentrismo, há uma oportunidade para que as marcas explorem estratégias de marketing focadas na origem, autenticidade e impacto social positivo.