Salão do Automóvel retorna com foco em experiências
Após sete anos, evento volta ao Distrito Anhembi, em São Paulo, com novo formato e 24 marcas confirmadas

Última edição do Salão do Automóvel foi em 2018 (Crédito: SDA)
Após sete anos fora do calendário, o Salão do Automóvel de São Paulo está de volta.
O evento, que chega à sua 31ª edição, retorna ao Distrito Anhembi, na capital paulista, totalmente reformulado e com a promessa de ser o mais interativo de sua história. O salão acontecerá de sábado, 22, a domingo, 30.
A última edição ocorreu em 2018. A de 2020, prevista antes da pandemia de Covid-19, foi cancelada por causa do lockdown, e, desde então, o formato foi repensado.
Segundo Lucas Valente Pimentel, diretor de marketing da RX, empresa responsável pelo evento desde a primeira edição, o período de pausa foi essencial para redefinir o papel do evento em um cenário global em transformação.
“Os grandes salões do mundo, como Frankfurt, Paris e Tóquio, deixaram de ser apenas salões do automóvel para se tornarem semanas de mobilidade. A indústria mudou, e o público também”, afirma.
Em 2023, um comitê formado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea) e pela RX redesenhou o modelo do evento.
O objetivo foi garantir isonomia entre as montadoras, controle de custos e experiências mais significativas para os visitantes.
Agora, todas as marcas terão estandes padronizados de 500 m², o que, segundo Pimentel, permite investir mais em ativações e interatividade.
“Antes, uma marca tinha um estande gigantesco e outra, um espaço minúsculo. Agora, todo mundo parte do mesmo ponto, e o investimento vai para o que realmente importa: engajamento com o público”, explica o diretor.
Tradição e novos marcas
O retorno ao Anhembi também tem valor simbólico: foi ali que o evento se consolidou, nos anos 1970. Totalmente reformado e modernizado, o complexo volta a ser a “casa do Salão”.
Serão mais de 300 modelos em exposição, 24 marcas confirmadas e uma série de atrações imersivas que vão além da tradicional exibição de veículos. BYD, Caoa, Caoa Chery, Citroën, Denza, Fiat, GAC, Geely, GWM, Honda, Hyundai, Jeep, Kia, Leapmotor, Lecar, Lexus, MG Motors, Mitsubishi, Omoda & Jaecoo, Peugeot, RAM, Renault, Suzuki Motos, Toyota e Vespa estarão presentes.
Embora a edição deste ano conte com a presença de novas montadoras asiáticas, especialmente as chinesas BYD, GWM e GAC, elas não representam a maioria do evento.
A maior parte das participantes continua sendo composta por marcas tradicionais do mercado brasileiro. Segundo o diretor, o evento sempre foi um espaço plural e receptivo a todas as marcas, independentemente de sua origem.
“A chegada das marcas chinesas é algo positivo. Elas estão investindo fortemente em tecnologia, fábricas e lançamentos, e isso enriquece o evento. Nosso papel é garantir ao público apaixonado a chance de comparar, conhecer e se encantar, seja com uma marca asiática, europeia ou americana”, afirma.
“Mais do que mostrar carros, o Salão agora é sobre viver a paixão automotiva. Queremos garantir que o público saia com uma experiência inesquecível”, completa.
As marcas confirmadas como patrocinadoras incluem o Mercado Livre, com a cota máster; o BB Consórcios e o Governo Federal, que apresentam o Drive Experience; e o Café Journal e a Aquissíma, responsáveis pelo bar de coquetéis do Dream Lounge.
Impacto econômico
O Salão foi incluído no calendário oficial de eventos estratégicos da Prefeitura de São Paulo, ao lado de grandes atrações como a Fórmula 1 e o Carnaval. A mostra, no entanto, é bienal.
A expectativa é que o evento movimente entre R$ 250 milhões e R$ 300 milhões e gere cerca de 20 mil empregos diretos e indiretos em sua retomada.
A nova edição espera receber cerca de 700 mil visitantes, número semelhante ao registrado em 2018.
Pela primeira vez, o público precisará escolher o dia da visita no momento da compra do ingresso, medida que busca garantir mais conforto, melhor distribuição de público e maior previsibilidade na operação.
“Nosso foco não é quebrar recordes de público e, sim, garantir que cada visitante tenha uma boa experiência, sem filas intermináveis, com alimentação acessível e conforto. O Salão é um evento de paixão, e quem vai sabe o valor de viver isso de perto”, reforça o diretor.

Espaço da Kombi no Salão do Automóvel em 1960 (Crédito: Acervo MIAU – Museu da Imprensa Automotiva)
“Queremos que o visitante entenda que vale a pena esperar dois anos por essa experiência. O Salão é um símbolo da relação do brasileiro com o carro e essa relação continua viva, agora com um olhar para o futuro”, destaca Pimentel.
Experiências
Entre as principais novidades está um test drive indoor com 14 mil m² e 14 marcas participantes.
O circuito permitirá que o público teste veículos elétricos, híbridos, a combustão e 4×4, em um percurso protegido da chuva e projetado para oferecer impressões reais de dirigibilidade.
Outra atração é a SDA Talks, arena de conteúdo com painéis e debates sobre mobilidade, eletrificação, sustentabilidade, inclusão e liderança feminina na indústria automotiva.
“O Salão de 2025 acontece logo após a COP30, então, traremos temas que dialogam com essa agenda global”, adianta Pimentel.
O público poderá, ainda, visitar a Racing Game Zone, com simuladores de drift em realidade virtual; a Arena de Customização by Batistinha; e o espaço Lego Experience, com um carro de Fórmula 1 em tamanho real construído com peças de Lego.
A mostra também celebrará sua própria história com a exposição “Memória sobre Rodas”, em parceria com museus e colecionadores.
Modelos icônicos que marcaram décadas anteriores, como Ferraris, Lamborghinis a raridades nacionais, como o Hofstetter Turbo 1986, estarão lado a lado com supermáquinas como McLaren Senna e o Porsche GT3.
“Tem gente que vai para ver o Gol GTI e quem vai para ver o carro do Batman, que o Neymar é o dono. O Salão é isso: um espaço para todo tipo de gosto, tribo e bolso”, finaliza Pimentel.
