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Setores produtivos e governo reagem à tarifa de Trump

Entidades reforçaram a necessidade de diálogo diplomático em vez de retaliação imediata; governo prometeu usar a recém-aprovada Lei da Reciprocidade Econômica

i 10 de julho de 2025 - 6h30

tarifa Trump

(Crédito: SHutterstock)

Horas após a divulgação da notícia, no final da quarta-feira, 9, de que o governo Trump elevaria em 50% a taxa de importação de todos os produtos brasileiros, sob falsa alegação de visar corrigir um déficit comercial entre os países – nos últimos anos Brasil mais importou dos EUA que exportou àquele país –, entidades ligadas a diferentes setores produtivos nacionais se manifestaram.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifestou “preocupação e cautela” e defendeu que o Brasil “insista na negociação com o governo americano”, anunciando o envio de uma missão de empresários aos EUA “para estreitar laços e buscar soluções de interesse comum”.

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Já a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) avaliou que a tarifa “precisa ser analisada com mais profundidade” e destacou a complementaridade da indústria brasileira e americana, deixando em aberto a possibilidade de concessões.

Entre as ligadas ao agronegócio, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) considerou a medida um “entrave ao comércio internacional” e alertou para riscos à segurança alimentar global, enfatizando que “questões geopolíticas não devem se transformar em barreiras ao abastecimento”.

Já a CitrusBR (ligada aos produtores de sucos de laranja) teve reação imediata por meio de seu executivo‑chefe, Ibiapaba Netto, que afirmou que “o setor exportador de suco de laranja foi ‘pego de surpresa’ com a taxação de 50%”.

A Associação Brasileira do Alumínio (Abal) demonstrou “preocupação”, questionando se a nova tarifa se somaria à atual, chegando a 60% no total, e alertou para a queda na competitividade dos produtos no mercado.

Já Amcham Brasil lembrou que o aço brasileiro é um “insumo estratégico” também para a indústria americana e alertou sobre possível queda nas importações brasileiras de produtos norte-americanos por conta da retaliação.

E e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) lembrou que o estado tem nos EUA “um importante player na balança comercial, investindo em importantes setores da economia fluminense como energia, bens manufaturados e os de alto valor agregado” e defendeu a “intensificação da atuação diplomática e paradiplomática em diversos níveis para construção de uma solução negociada.”

Resposta do governo brasileiro

Além da questão da balança comercial, o governo norte-americano usou como justificativa à taxação uma pretensa “caça às bruxas” ao ex-presidente Bolsonaro, dado o processo sobre a tentativa de golpe de estado de 8 de janeiro, e cerceamento à liberdade de expressão, pelo fato de o STF exigir o cumprimento das legislações que recaem sobre o ambiente digital.

Ainda na noite da quarta-feira, 9, o presidente Lula rebateu a carta de Trump, em post no Instagram. Ao falar sobre as plataformas digitais, disse que “a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática” e que “no Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas; para operar em nosso país todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”.

Já sobre a balança comercial, Lula afirmou que “as estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superavit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de US$ 410 bilhões ao longo dos últimos 15 anos”.

E arrematou: “Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica”. Veja: