Diva Depressão: identidade de youtubers em meio à diversidade de plataformas
Dupla também fala sobre a dificuldade de conseguir patrocínio para o Corrida das Blogueiras, reality LGBT+ que não tem temporada confirmada para este ano
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Larissa Santiago
23 de maio de 2025 - 6h10
Edu Oliveira e Fih Camargo são os criadores do canal Diva Depressão (Créditos: Divulgação)
Com mais de 3,35 milhões de inscritos no YouTube e 1 bilhão de visualizações, o canal Diva Depressão é considerado um dos sucessos da plataforma.
Criado por Edu Camargo e Fih Oliveira, criadores de conteúdo, influencers e apresentadores — mas antes de tudo, youtubers —, o projeto começou em 2013 como uma página de humor no Facebook.
Pouco tempo depois, a dupla escolheu (e ainda escolhe) o YouTube como sua verdadeira casa para produzir e monetizar conteúdo sobre celebridades, moda e entretenimento.
Foi lá que, segundo eles, conseguiram consolidar sua identidade e relevância, e construir uma relação ainda mais forte com os fãs.
“São 10 anos cativando esse público, eles são muito fiéis, mesmo. Hoje, o que a gente mais ouve é: ‘Nossa, eu cresci com vocês’. E sinto que, quem cresceu ao nosso lado, dificilmente vai largar”, conta Edu.
“Temos o nosso Instagram, que funciona muito bem, é uma rede que gostamos bastante de trabalhar. Claro que uma mudança ou outra no algoritmo acontece, mas nunca sentimos que isso impactou de forma negativa”, continua.
“Já o TikTok é mais difícil mesmo, a entrada ali é mais complicada. Mas a gente também não se descabela, porque coloca energia no que realmente traz retorno. A gente não é tiktoker — a gente é do YouTube. Entende a importância de estar ali, mas não se desespera. Então, acho que são escolhas saudáveis que fazemos. É isso: vamos focar no YouTube”, completa.
Segundo dados da Comscore MMX Multi-Plataforma sobre o primeiro trimestre de 2025, o Instagram foi a rede social com maior tempo médio de uso no Brasil, registrando 94,6 milhões de minutos. O YouTube aparece em segundo lugar, com 79,7 milhões de minutos, seguido por TikTok, com 45,5 milhões.
Mynd apresenta a equipe comercial da DiaTV
Além da plataforma de vídeos, o Diva Depressão são rostos conhecidos na TV.
Na Globo e no Multishow, a dupla já participou de diversos projetos, como algumas edições do pré-show do Prêmio Multishow de Música Brasileira, com transmissão ao vivo no YouTube. E este ano também foram convidados para o Video Game, atração especial em comemoração aos 60 anos da emissora.
Questionados sobre os principais desafios de traduzir o estilo da internet para a TV, Edu e Fih destacam que tiveram sorte: sempre que receberam convites, puderam levar junto a própria linguagem.
“Quando vimos, foi ao ar no MasterChef Creators praticamente tudo, as piadas e até os efeitos sonoros que usamos no nosso canal. A gente entendeu que eles realmente queriam essa mistura. No Multishow também foi assim. A gente desenvolveu muito o nosso lado apresentador com eles, que sempre foram muito abertos”, conta Edu.
Fih e Edu, criadores do canal Diva Depressão, são os apresentadores da nova edição digital do Masterchef (Créditos: Melissa Haidar)
“Entendemos que essas duas emissoras estavam realmente abertas ao que a gente faz. Antigamente, a sensação era de que a TV queria podar os criadores de conteúdo, talvez por enxergá-los como rivais”, pontua Fih
“Mas, vejo que hoje a TV entende e quer o criador justamente por isso: o público quer assistir a ele sendo ele mesmo. Esse é o grande diferencial. Então, se você coloca ele em uma situação em que não pode ser quem é, o efeito acaba sendo o contrário”, continua.
“Por que chamar a gente se não for para fazer do jeito que a gente já faz? Se for algo mais genérico, outra pessoa pode fazer. A gente sempre conseguiu essa liberdade e acho que hoje vivemos um momento em que os dois lados se entendem melhor”, completa Edu.
Desde 2018, o Diva Depressão está na DiaTV, uma emissora de TV pela internet. Segundo os criadores, a parceria só trouxe benefícios, já que antes eles tinham apenas a experiência de gravar em casa com uma câmera.
“Não existia a possibilidade de gravar em um estúdio, com várias câmeras, iluminação e roteiro. A Dia trouxe essa oportunidade e fez a gente começar a pensar um pouco além. E é muito legal porque eles adoram as nossas ideias e se jogam junto, de fazer acontecer e acreditar no que a gente propõe”, compartilha Fih.
“Não é tão fácil encontrar alguém que realmente acredita no que você está fazendo. O próprio Corrida das Blogueiras é um projeto que a gente nunca fez pensando em lucro. Poderíamos ter parado na primeira temporada, mas fomos até a sexta. Então é uma parceria que vai além, é quase um casamento”, continua.
Para este ano, na DiaTV, esta confirmada a nova temporada do programa Diva Depressão Ao Vivo, que agora conta com plateia de 50 pessoas, e permanece também o resumo mensal de notícias no Jornal da Diva.
Edu e Fih revelam que o reality show Corrida das Blogueiras, idealizado por eles e produzido pela DiaTV e exibido de forma gratuita no YouTube, tem um custo aproximado de R$ 3 milhões.
Ao todo, já foram ao ar 81 episódio com a participação de 46 criadores de conteúdo.
As duas últimas edições, inclusive, só foram ao ar graças ao investimento próprio da dupla e de Rafa Dias, CEO da Dia Estúdio, depois que eles não conseguiram completar a cota de marcas patrocinadoras.
Cada episódio do reality registrou, em média, 713,3 mil views, e somou 12,5 milhões de visualizações totais. Além de 1,4 milhão de interações ao longo da temporada, com média de 82,7 mil por episódio do reality.
“Acho que as pessoas precisam entender que nós somos uma televisão, a TV 3.0. Não é só internet, somos uma TV transmitida pela internet. As últimas temporadas do reality ficam em primeiro lugar nos Trending Topics do X todas as terças-feiras, dia em que o programa é exibido”, explica Dias, que confirma que a sétima temporada pode não acontecer neste ano por falta de investimento.
O executivo reconhece que o reality é um projeto caro e que seu formato ainda é incomum para muitas marcas, o que pode afastá-las. Mas, em termos de resultado, a atração entrega.
“Existe uma dificuldade do mercado em compreender. Muitas vezes acham que é só um gueto, que é só um nicho. E, quando a gente vê, estamos lotando teatros com com 4 mil pessoas para assistir a final de um reality show e com ingresso pago. Isso é uma revolução, mas sabemos que é algo que leva tempo”, reforça.
Para Edu, a diversidade ainda é uma pauta pouco praticada por muitas marcas, e quem está em cargos de decisões, podem, muitas vezes, não entender do que se trata o projeto.
“O reality é apresentado por nós, que somos um casal gay, e conta com um elenco majoritariamente LGBT+, pessoas muito expressivas, que se montam, se maquiam. Isso ainda assusta um pouco, sabe? Tenho a impressão de que, quando o programa fura um pouco a bolha, uma pessoa mais velha pode não entender muito bem o que está acontecendo”, fala.
Fih pontua que, muitas vezes, os profissionais de marketing das marcas compreendem a linguagem do projeto, mas quem toma as decisões finais não entende como o reality pode se conectar com a marca.
“É uma pena, porque é um programa que fala, principalmente, sobre beleza, com produtos de maquiagem, criação de conteúdo e marketing de influência. Reúne criadores com uma fã-base enorme, tem um engajamento gigantesco e causa uma comoção em uma comunidade muito ampla, não apenas no público LGBT+. Na última edição, muitas mulheres também comentaram que é ‘o reality das gays e das mulheres viadas'”, conta.
“Mas, no fim das contas, as marcas olham e enxergam apenas LGBTs. E, para elas, isso ainda parece ser um problema”, completa.
O projeto está sendo apresentado ao mercado publicitário pela Mynd, que assumiu a parte comercial da DiaTV e também da assessoria do Diva Depressão.
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