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Caramelo: símbolo nacional e destaque no streaming

Diretor conta como um cão vira-lata inspirou seu novo longa, sucesso na Netflix

i 17 de outubro de 2025 - 7h11

Cena de Caramelo, filme de Diego Freitas, disponível na Netflix

Cena de Caramelo, filme de Diego Freitas, disponível na Netflix (Crédito: Divulgação/Netflix)

Quando Diego Freitas adotou Paçoca, uma cachorrinha caramelo, durante a pandemia de Covid-19, não imaginava que aquele filhote inspiraria seu próximo filme.

“Ela me trouxe para o presente, para o agora. Me salvou e me fez experimentar o tipo de amor que é cuidar de um filhote e vê-lo crescer. E aí, um belo dia, a gente teve a ideia: ‘E se a gente fizesse um filme sobre o vira-lata caramelo?’”, lembra o diretor, que assina a direção e o roteiro de Caramelo, um dos títulos mais assistidos da Netflix, ao lado de Rod Azevedo e Carolina Castro.

A proposta nasceu do desejo de representar uma figura popular e afetiva da cultura nacional. O vira-lata caramelo, presente em ruas, memes e histórias cotidianas, se tornou o símbolo escolhido para abordar temas como empatia, convivência e superação.

“O caramelo representa o brasileiro. É um cachorro corajoso, que sobrevive, que está sempre bem-humorado e esperançoso, mesmo diante das adversidades. É um cachorro misturado, assim como nós, um povo batalhador, de fé e que sobrevive”, define o diretor.

A ideia também se conecta ao olhar de Diego para o papel do cinema nacional.

“É muito importante para o nosso mercado e para a nossa indústria trazer opções de qualidade, faladas em português, que tenham a nossa brasilidade como protagonistas”, afirma.

Para ele, o sucesso recente de produções brasileiras reforça esse movimento.

“Estamos vivendo um período importante de voltar os olhos para a nossa cultura. O sucesso recente de produções brasileiras, tanto em premiações quanto em público, mostra que é hora de encontrar e celebrar os nossos próprios símbolos. O caramelo é um deles, o nosso ícone pop”, completa.

Parceria com a Netflix

A colaboração foi determinante para o projeto.

O cineasta apresentou o conceito de Caramelo como uma mistura de superação, cotidiano e identidade brasileira, incluindo desde o início a cena final à beira-mar.

Rafael Vitti e Amendoim no filme Caramelo (Crédito: Divulgação/Netflix)

Rafael Vitti e Amendoim no filme Caramelo (Crédito: Divulgação/Netflix)

“A plataforma busca histórias autênticas que se conectem com uma grande audiência, e Caramelo segue nesse caminho”, explica o diretor, que mantém uma parceria de cerca de cinco anos com o streaming.

“Foi o filme mais trabalhoso que já fiz. Construímos todos os cenários com planejamento e pesquisa, com cenas de ação, treinos complexos com animais e momentos de emoção e humor”, conta.

O vira-lata caramelo, símbolo recorrente no imaginário popular, também reflete sobre afeto e identidade. “Ele nasce pronto para amar, um superpoder que nos conecta com o outro e faz parte da nossa cultura e da nossa forma de ser”, completa.

Cães em cena

A escolha do protagonista mobilizou uma busca nacional por dublês caninos. O cão Amendoim, que interpreta o personagem principal, foi encontrado ainda filhote no sítio do treinador Luis Estrelas. Após seis meses de treinamento, estreou nas telas com menos de um ano de idade.

“Ele escolheu a gente e entregou tudo. A produção inteira e o set foram pensados para os cães. Eles não atuavam, brincavam, e a gente estava ali para captar esses momentos”, conta.

Além de Amendoim, outros quatro cães, Derek, Xereta, Sorriso e Amarelo, se revezaram nas gravações. Ao todo, 83 animais participaram do filme, entre elenco fixo e figuração, todos resgatados e adotados após as filmagens.

Rafael Vitti, protagonista, levou para casa Leôncio, um cachorro de três patas que participou como figurante.

Uma equipe de 17 profissionais, entre treinadores, assistentes e veterinários, acompanhou as gravações para garantir o bem-estar dos animais, cuidando da alimentação, descanso e atividades físicas. As cenas foram realizadas conforme o tempo e o ritmo de cada cão.

“O filme mostra como o cuidado com um cachorro pode gerar empatia e transformar a relação com o outro. É uma troca de afeto que se reflete também na forma como nos conectamos uns com os outros”, finaliza.