NFL abordará violência policial no Super Bowl
Sob pressão do público desde o caso Colin Kaepernick, em 2016, liga investe em campanha sobre violência contra negros
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Meio & Mensagem
20 de janeiro de 2020 - 14h39
Por E. J. Schultz, do Ad Age*
A Liga Nacional de Futebol Americano (NFL, na sigla em inglês) decidiu abordar o assunto espinhoso da violência policial direcionada a homens negros em um comercial transmitido durante as finais de conferência, neste domingo. O filme, que será exibido novamente no Super Bowl, faz parte de uma escalada da mensagem social da liga após o caso controverso de Colin Kaepernick.
O comercial, criado pela 72andSunny, é protagonizado por Anquan Boldin, ex-jogador que narra a história de seu primo Corey Jones, que em 2015 foi morto por um policial à paisana na Flórida enquanto Jones esperava assistência automotiva à beira de uma estrada.
O policial, Nouman Raja, alegou que agiu em legítima defesa. Mas, ano passado, um júri condenou o policial após uma filmagem desmentir sua versão. Esse é apenas um exemplo de assassinatos envolvendo policiais que atiram em homens negros. O histórico violento da corporação deu origem ao movimento Black Lives Matter.
O anúncio marca o discurso mais contundente da NFL desde que começou a focar parte de sua comunicação em questões sociais, cerca de um ano atrás. A campanha representa o ponto central dos esforços da liga por meio do programa “Inspire Change” – que foi inaugurado formalmente em janeiro de 2019 e inclui campanhas de awareness e filantropia para avanços educacionais e econômicos, regulamentação, relações comunitárias e reforma do arcabouço legal criminal.
Críticos questionam as movimentações da liga, vendo nelas um esforço para reparar a imagem da instituição após o dano causado pela controvérsia do Kaepernick. O antigo quarterback não está em nenhum time desde 2016, quando começou a ajoelhar durante a execução do hino estadunidense para jogar luz aos problemas raciais do país.
A Nike, por sua vez, escolheu o próprio Kaepernick para estrelar sua campanha de 30 anos do slogan Just Do It. Durante o anúncio, a empresa afirma: “Acredite em algo. Mesmo que isso signifique sacrificar tudo”. A campanha foi amplamente premiada no Festival Internacional de Criatividade Cannes Lions, onde conquistou quatro Grand Prix.
A NFL sofreu com o ceticismo do público no fim do ano passado após realizar uma parceria com a Roc Nation, do rapper Jay-Z, para dar suporte ao Inspire Change como uma forma de “amplificar os esforços de justiça social da liga”, nas palavras da NFL. A Roc Nation não está diretamente envolvida na criação da campanha, mas foram consultados sobre o conteúdo e abordagem da peça.
Entre os céticos está o jornalista Jamele Hill, autor de um artigo no The Atlantic sobre o tema. “A aliança cai da melhor forma possível nas mãos da NFL porque a liga parece determinada a banir qualquer memória de Kaepernick com seu esforço de justiça social – apesar de que seja possível que NFL e Jay-Z nunca tivessem realizado o acordo se o jogador não ajoelhasse em 2016”, escreveu.
“O único jeito de responder aos críticos é simplesmente continuar focando em unir cada vez mais pessoas e lançar luz sobre o ótimo trabalho que os jogadores e times da NFL têm feito sobre mudanças sociais positivas em comunidades em todo nosso grande país”, diz Tim Ellis, chief marketing officer da NFL. Ele aponta, ainda, que “mais de US$ 25 milhões em doações foram direcionadas a organizações de mudanças sociais como parte do Inspire Change. Isso inclui mais de 500 doações de atuais ou antigos jogadores da liga”. A Inspire Change inclui o envolvimento da Players Coalition, que foi fundada em 2017 por Boldin e outros jogadores buscando justiça social e equidade racial.
Ao abordar problemas de alta sensibilidade durante os dois principais eventos anuais da liga, as finais de conferência e o Super Bowl, a NFL arrisca ganhar ainda mais ceticismo, incluindo conservadores que simpatizam com a polícia estadunidense. Além disso, arrisca sofrer ainda mais repercussão dos que criticam a Inspire Change como uma ação meramente comercial.
Ellis, que chegou à NFL em 2018, defendeu a decisão do Super Bowl. “Sentimos que é um assunto cada vez mais importante e merece visibilidade em nosso maior jogo do ano. Com o filme, queremos contar a história de como uma tragédia familiar inspirou a criação da Players Coalition”, finaliza.
Confira a campanha, em inglês, no site do Ad Age.
*Tradução: Salvador Strano
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