Rádio Globo ocupa faixa de Bradesco Esporte em SP

Igor Ribeiro
5 de junho de 2017 - 10h07

Estreia nesta semana a nova Rádio Globo FM. Primeiramente online, a marca vai ao ar focada em entretenimento, com algumas atrações direcionadas a notícias e esportes. A mudança faz parte do direcionamento de esforços do Sistema Globo de Rádio (SGR) para renovar seus produtos, trazendo uma pegada mais digital, acompanhando na programação linear o foco em FM.

 

Apesar de ocorrer na mesma época de transição de emissoras do AM promovida pelo governo, a Rádio Globo não está ocupando novas faixas. No Rio de Janeiro, a emissora já possui frequência, a 98,1 FM. Em São Paulo, está arrendando a 94,1 do Grupo Bel, onde funcionava até março a Bradesco Esportes (e tem tocado sucessos populares desde então). A estreia no dial é prevista para a primeira quinzena deste mês. O plano é expandir a rede para cerca de 30 emissoras, que podem chegar a até 50 cidades.

Conforme cita Julio Pedro, diretor da Rádio Globo, na entrevista a seguir, o SGR encomendou um estudo no ano passado para alinhar a nova fase. O instituto Interação Pesquisa ouviu 1.200 pessoas no Rio e em São Paulo para verificar a relevância do meio no País. Segundo o estudo, mais de 50% dos ouvintes sintonizam a rádio todo dia e o meio possui 95% de penetração nos carros. Aparelhos específicos para ouvir FM e AM ainda são bastante utilizados por quem consume áudio de forma geral, apontado por 55% desse público. É seguido pelo som do carro (43%), pelo FM no celular (40%) e por uso smartphone em streaming (17%).

Meio & Mensagem — O que determinou essa nova fase? Há um reposicionamento do SGR em direcionar all news à CBN e focar entretenimento na Rádio Globo?
Julio Pedro — Sim, um reposicionamento para ser uma rádio claramente de entretenimento e música, mas também com esportes e informação. Antes, era uma talk radio mais clássica, com presença musical pequena. Agora há um balanço mais efetivo entre esses quatros pilares. É uma marca muito forte, com 72 anos de vida, mas com necessidade de atualizar a programação, que precisava ser modernizada, atraindo novo público, dando um frescor à marca. Enxergamos como um projeto que é muito forte o dial, mas o lançamento primeiro no digital aponta que hoje essa é uma estratégia de distribuição muito importante, inclusive por meio dos canais de TV paga, com alcance muito maior, contando também com redes sociais, interagindo com essa composição de conteúdo.

Devemos lançar produções específicas para o podcasts no futuro. Tem um potencial enorme, é uma transformação. O digital veio para fortalecer o rádio, não o canibalizou, até alargou nossa base e ocasiões de consumo

Ao citar informação, não é necessariamente noticiário jornalístico?
Vamos focar em informação muito relevante, não aquela noticia bombástica. Basicamente serviço, que é muito, muito forte do rádio. Falando, por exemplo, do dia do Enem, do encerramento do pagamento do IPVA, coisas dessa relevância do dia a dia, que ajuda as pessoas efetivamente. Trânsito vai ser um pouco menos, já que com os aplicativos, começa a ter uma demanda por essa informação, mas teremos serviços sobre transporte público, a mobilidade da cidade, isso teremos mais. Não significa que vamos tirar as informações de trânsito, mas se fazíamos 15 boletins por dia, talvez façamos agora oito, nos momentos de pico, mas direcionando mais para barcas, metrô, trens…

Quais drives determinaram o reposicionamento?
Fizemos uma grande pesquisa e captamos que o novo ouvinte quer essa mobilidade, quer streaming, quer podcasts. Para preparar para o futuro, precisávamos redesenhar na distribuição e na grade. Também entendemos que precisávamos de influenciadores relevantes. Trouxemos de dentro do Grupo Globo gente que possui essa proximidade do ouvinte, apesar de ser um veículo de massa, o público de rádio tem aquela ideia de conversa direta, quase íntima. Então buscamos gente que facilitasse a adaptação a essa transformação do produto, com personalidades bem conhecidas na trama da TV.

Qual o papel do digital nesse processo?
Estamos entrando com aplicativo e site novo, podendo acompanhar nas plataformas ao vivo, online, o que é um número muito signitficativo de gente. E também a opção de guardar os podcasts, que é um mercado muito importante, ainda que embrionário. Devemos lançar produções específicas para o podcasts no futuro. Tem um potencial enorme, é uma transformação. O digital veio para fortalecer o rádio, não o canibalizou, até alargou nossa base e ocasiões de consumo. Às vezes, ficamos impressionados com a interatividade de ouvintes ou de gente que participa de fora da região de alcance da emissora, de outros estados do Brasil e até mesmo de Tóquio, de Los Angeles!

Em termos de talentos da emissora, quem são os novos destaques da grade?
Sem dúvida o Otaviano Costa é um comunicador nato, apresentador do nosso Morning Show, um prime time que faz muita diferença. Além disso, ele começou a vida no rádio, é apaixonado pelo negócio e esta muito empolgado, é muito diferente do que ele faz hoje e tem a liberdade do rádio. Alex Scobar no esporte também traz essa cara do que a gente busca para a rádio, essa linguagem nova, simpática, irreverente, e um estilo de narração diferente para o nosso futebol. No jornalismo, a Mariana Godoy é um nome muito forte, pessoa extremamente carismática. E a gente não quer só dar notícia, mas também contar historias, e ela faz isso com maestria, uma maneira diferente de passar informações, com alto astral, positividade, sem perder o senso critico. Na área de entretenimento, teremos o Papo de Almoço, das 11h às 14h, com um time muito forte, difícil destacar alguém, com Adriane Galisteu, Mônica Martelli, Tiago Abravanel. São personalidades que ainda não tinham feito isso e estão se apaixonando pelo rádio.