Twitter: sem medo do Facebook
Jack Dorsey, fundador da rede, diz que o site de Mark Zuckerberg gira em torno de amigos. O dele, em torno do mundo. E enaltece potencial criativo de quem usa 140 caracteres ou seis segundos de vídeo
Em visita rápida pelo Brasil, Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter e atual chairman executivo da empresa, demonstra estar fascinado com o País. Em encontro com estudantes na FGV, em São Paulo, nesta quinta-feira, 11, ele contou que a rede terá novidades em breve, embora não tenha adiantado planos. “O Brasil é um dos nossos maiores mercados. Temos um público composto de early adopters, que adere às novas tecnologias. Eventos importantes vão acontecer nos próximos anos, como a Copa e a Olimpíada. Estamos desenvolvendo algumas coisas. Queremos oferecer experiências relevantes”, afirmou.
Questionado sobre a expansão do Facebook, que tem 67 milhões de brasileiros em sua base, Dorsey foi rápido na resposta. “Não temos medo do crescimento do Facebook. Eles são bons com sua rede social. Mas o Twitter é outra proposta. É como o serviço de previsão do tempo. A primeira coisa que eu checo é o Twitter. Consigo ver o que está acontecendo na minha cidade, no meu país, no mundo. Também consigo acompanhar o que está acontecendo com meus amigos ou com personalidades. E posso fazê-lo em questão de minutos. O Facebook gira em torno dos amigos”, analisou. O fundador da rede de microblogs salientou que o aspecto social representa um percentual pequeno do que o Twitter é. Em 2009, quando esteve no Brasil, outro cofundador, Biz Stone já havia feito a distinção, ressaltando que o Twitter é uma rede de informação, não rede social. E é assim que a empresa gosta de se posicionar.
Perguntado pelo comandante do Twitter no Brasil, Guilherme Ribenboim, Dorsey explicou porque a rede nasceu com a limitação de 140 caracteres e porque o Vine (aplicação de vídeo) tem seis segundos. O chairman declarou que a limitação inspira a criatividade. Um texto de SMS do passado permitia 106 caracteres. Então, eles criaram o Twitter com posts um pouco maiores. “Nesse tamanho você fala de coisas que acredita que sejam bonitas para aquele momento”, disse. Com essa limitação, importa pouco quem é o autor do Tweet, o que importa mesmo é a ideia. Para o Vine, os pesquisadores do Twitter levaram em consideração o consumo de vídeo nos celulares. Cinco segundos eram poucos, mas dez eram demais. Assim, optaram por seis segundos.
A respeito da criatividade, o fundador do Twitter observou que mais anunciantes têm investido na plataforma. “Temos algo que funciona bem em qualquer lugar do mundo”. Ele acredita que o uso tem sido bom. “A criatividade tem de ser grande para dar certo com 140 caracteres. Acho que as marcas têm atuado bem, explorando o entretenimento, a diversão e o engajamento. Mas mantendo o consumidor no foco. Tenho visto coisas incríveis. E espero o que vem por aí”, comentou.
Receita publicitária
Dorsey respondeu ainda a questões sobre empreendedorismo, inovação, IPO (“a gente só fala de IPO porque jornalistas perguntam. Não pensamos nisso”), investidores (“tivemos bons porque eles souberam esperar”) e o modelo de negócios (“As pessoas sempre perguntam se é um modelo de sucesso e eu sempre respondo que é”) – o eMarketer estima que a receita publicitária da rede em 2013 atingirá US$ 582,8 milhões globalmente, e que irá beirar US$ 1 bilhão no ano seguinte, com grande expansão do mobile. Segundo esse cálculo, mais da metade dessa receita virá da publicidade móvel neste ano (mais exatamente 53%). O incremento nesses aparelhos virá nos próximos dois anos, ainda conforme o eMarketer. A previsão é que o Twitter irá faturar, em 2015, cerca de US$ 1,3 bilhões com publicidade no mundo e mais de 60% desse montante virá dos celulares.