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Opinião

A arte do cubo mágico do entretenimento

Festivais são oportunidades valiosas para construção de comunidades em torno de marcas e a questão fundamental é como conectar histórias que ultrapassem o efêmero


13 de setembro de 2024 - 11h00

O ano passado foi marcado pela quebra de recordes na realização de festivais em São Paulo. Neste período, a cidade sediou mais de dez grandes eventos, desde o Lollapalooza até a estreia do The Town, versão paulistana do Rock In Rio. O setor apresentou crescimento notável e, junto com a lista de artistas que se apresentaram em cada evento, o número de marcas patrocinadoras também aumentou, proporcionando experiências únicas aos participantes.

Os festivais proporcionam uma oportunidade valiosa para as empresas construírem comunidades em torno de suas marcas. Ao oferecerem experiências exclusivas e conteúdo personalizado, criam relacionamentos íntimos com os clientes, promovendo a consideração de marca de maneira sincera. No entanto, a questão fundamental é: como conectar histórias que ultrapassem o momento efêmero dos festivais? Na maioria dos casos, as estratégias de marca são desenvolvidas por agências de publicidade que, muitas vezes, não têm experiência em produção de eventos.

Ao entrar no território do entretenimento e dos acontecimentos culturais, é essencial compreender o consumo da experiência, ou seja, uma jornada que envolve todo o projeto. Dentro desse contexto, o entretenimento não se limita ao dia do show, começando muito antes. Para que as empresas se destaquem, é crucial compreender a jornada dentro do entretenimento e acessar esse universo.

É preciso pensar além da ativação, ter o artista como embaixador da marca e o post do influenciador é fundamental nos dias de hoje. O investimento em patrocínio é muito mais do que comprar uma cota. O entendimento da experiência dentro do festival impacta diretamente no resultado que a marca pretende obter. Os festivais de música atraem um público altamente engajado, aberto às novas experiências e disposto a experimentar novos produtos, tornando esses eventos uma oportunidade única de conexão com o público-alvo.

Embora as ativações criadas exclusivamente para o dia do festival sejam comuns, as empresas modernas buscam estratégias e ações que perdurem além do evento. Recentemente, tivemos o anúncio da Pepsi com as lendárias ações, agora com o artista Lenny Kravitz, que se apresentou na final da Uefa Champions League no dia 1º de junho deste ano. E quando falamos em festivais, não nos limitamos ao fã e ao artista.

Um exemplo é a gigante do entretenimento Roc Nation, com a marca Versace, que uniram forças para o patrocínio de eventos e iniciativas focadas em causas, empoderando o caminho criativo e alimentando mudanças positivas no setor. A defesa de artistas na música, no entretenimento e em cenários culturais mais amplos é enfatizada pelo patrocínio de bolsas de estudo da Universidade de Música, Esporte e Entretenimento Roc Nation da Long Island University – um programa que tem como foco o empreendedorismo junto com a gestão musical e esportiva.

Fica aqui a reflexão de como ir além de uma simples ativação. O público não quer mais ser surpreendido por um brinde ou um voucher de desconto. Quando a marca define uma ativação, é importante conhecer a jornada no festival. Encaixar o consumidor na ideia da marca pode funcionar, mas com a mesma lógica que existe no day one do marketing – entender as necessidades do cliente para criar o brand storytelling também se aplica no mundo do entretenimento.

Vivemos diariamente em nossos eventos e percebemos a reverberação positiva e o aumento de equity de marca quando se tem uma experiência genuína com o público. Criamos emoções, impressões e memórias muito além de um único dia de festival.

O cubo mágico tem bloco, tem face e tem camada. Os festivais têm artistas, música, influência, experiência. Treinamos diariamente nossas habilidades de pensamento espacial para entender todo o ecossistema do entretenimento, um “jogo” que também precisa de bastante atenção e estratégia. São muitas combinações e o óbvio nem sempre é o melhor.

A cada movimento das peças, aparecem outros jeitos de combinar os quadradinhos. E é por isso que é tão desafiador se destacar neste mercado e ser lembrado por isso. Lembrar da ação dias depois do festival é fácil, mas como fazer parte da história?

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