A comunicação correta em saúde salva vidas
As informações em “healthcare” devem ir além dos médicos na batalha contra as notícias falsas no segmento
As informações em “healthcare” devem ir além dos médicos na batalha contra as notícias falsas no segmento
Todos nós somos um pouco médicos. Atire a primeira pedra quem nunca digitou em buscadores de informação na internet uma palavra estranha presente em resultados de exames. O Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade revelou que 86% dos entrevistados tomam medicamentos sem orientação de um profissional de saúde. Uma outra pesquisa, do Datafolha, identificou que 47% dos entrevistados, no final de 2022, utilizavam o Google para tirar dúvidas sobre a saúde. Há, ainda, a perigosa mistura de medicação e álcool. São inúmeras as receitas encontradas nas redes sociais. Memes e músicas de remédios são recorrentes. Substâncias e medicações disponíveis com facilidade. A prova é estampada nos noticiários. Um brigadeiro com remédio à base de morfina foi a arma para o assassinato de um homem, no Rio de Janeiro. A cetamina, substância de uso da medicina veterinária, foi utilizada em uma seita em Manaus, que assustou o País.
Fica, então, a pergunta: onde foi que a indústria de saúde perdeu a batalha para tamanha desinformação? Notícias falsas matam e induzem consumos abusivos de substâncias químicas. Se a saúde é para todos, a informação também deveria ser. E é aí que a comunicação entra e o profissional de relações públicas tem um papel preponderante para salvar vidas.
Há muito tempo, a comunicação na área de healthcare vem sendo voltada aos médicos. Com informação, o profissional prescreve melhor. No entanto, a relação médico-paciente mudou. Hoje, o paciente já traz informações prévias ao consultório. Não se trata mais de uma comunicação unilateral, somente por parte do médico. Portanto, é fundamental que a indústria vá além dos profissionais de saúde. E que, sobretudo, a comunicação seja eficaz e descomplicada. Assim, os brasileiros, inclusive os que infelizmente não têm acesso adequado aos serviços de saúde, possam ter canais confiáveis de informação.
Tão importante quanto uma boa parceria para se chegar a esses públicos é a continuação da conversa. Obviamente, posicionar bem um website é importante. Ter uma boa rede de influenciadores é relevante (boa rede, leia-se, influenciadores autênticos e com profundidade no tema; não basta explodir em número de seguidores). No entanto, é preciso repetidamente fomentar os debates. Acompanhar como esses públicos estão reagindo, opinando, contribuindo com as discussões. As chamadas ações “heroes” não podem ser apresentadas como única opção. É essencial uma visão estratégica permanente.
A comunicação tem um papel educativo com médicos, população, órgãos reguladores e indústria. É um elo muito importante. Quando a comunicação acontece, de fato, há aprofundamento. O ganho é o aumento do aprendizado de histórias – uns dos outros. É um nível muito acima de traduzir exames. É a anamnese como deveria ser sempre realizada: entendendo o outro com profundidade.
A verdadeira saúde é promover uma comunicação assertiva e estratégica. Para todos, na melhor essência de bem-estar e sobrevivência. Todos nós, profissionais de comunicação e marketing, deveríamos pensar mais sobre isso.
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