Opinião

A criação de mundos imersivos

No Ciclope Berlin 2025, James Price revela como o design de produção dá vida a mundos autênticos

Fernanda Geraldini

Chief business officer (CBO) da Landscape 9 de outubro de 2025 - 16h45

O painel “Designing Worlds: An Approach to Immersive Production Design” trouxe James Price — premiado production designer com trabalhos reconhecidos como Poor Things e The Iron Claw — para falar sobre seu processo criativo e os desafios de construir cenários credíveis e imersivos.

O próximo filme de Price é “Bugonia”, com estreia prevista para outubro de 2025, estrelado por Emma Stone. Para o longa, ele desenvolveu concepções de mundo que dialogam entre o real e o fantástico.

Aliás, o realismo crível é o ponto de partida de James. Durante o painel ele explicou que o cerne do trabalho de design de produção não está necessariamente na grandiosidade, mas na autenticidade visual: se um cenário é bonito, mas não “faz sentido”, perde força.

O desafio é fazer com que o público sinta que aquele mundo poderia existir — como uma casa rústica no interior da Inglaterra, por exemplo — e não perceber que aquilo foi “inventado”.

Muitas vezes, a melhor estratégia é mesclar locações reais e construções — nem tudo precisa ser criado do zero. Escolher suas batalhas, ou seja, o que construir versus o que adaptar, pode gerar economia sem comprometer a imersão.

Price comentou que trabalha muito com base nas relações pessoais e na confiança criativa, é menos contratado por meio de agências e agentes e mais por parcerias diretas.

Para suas equipes, Price valoriza o melhor de cada artista, construindo backgrounds ricos em detalhes e amalgamando diferentes talentos.

Ele enfatizou a importância de manter um ritmo sustentável ao longo de todo o projeto: “uma maratona” em vez de explosões criativas isoladas.

O design de produção não existe se não estiver bem acompanhado. Figurino, maquiagem, texturas, objetos de cena — tudo precisa dialogar muito bem para reforçar o mundo visual que está sendo construído. Cada elemento contribui para sedimentar a atmosfera e aprofundar a imersão.

Price disse, com franqueza, que ainda não aprendeu a usar (ou integrar) Inteligência Artificial em seu processo e que o segredo contínuo dessa profissão é não desistir.

Apesar de sua experiência e tamanha realização, ainda quer trabalhar com gêneros como western, filmes de guerra ou até uma versão de James Bond.

Se o nome do design de produção está com seus sonhos em aberto, tudo é possível para todos nós!