19 de setembro de 2024 - 12h13
Avaliado como valiosa ferramenta de marketing, o mercado de shows e festivais de música ao vivo só dá sinais de crescimento. Antes que chegue ao fim, 2024 já mostra que o setor superou os resultados anteriores à pandemia da Covid-19, em vendas de ingressos e patrocínios. As marcas presentes em grandes eventos musicais assistem, de camarote, ao poder de engajamento que a criação de experiências personalizadas é capaz de gerar com o público.
Mas será que essas ações não poderiam ultrapassar o espaço e o tempo dos shows para se estenderem ao longo do ano? Como seria possível tirar melhor proveito de parcerias firmadas a partir do palco para estender seus efeitos à rotina do consumidor de modo mais longevo?
De acordo com projeções da consultoria PwC, o faturamento com vendas de ingressos e patrocínios de shows no Brasil alcançará R$ 554,6 milhões (US$ 110 milhões segundo o câmbio pelo Banco Central) em 2024, um aumento de 4,8% ante o resultado de 2023. Quanto ao público, se somarmos as plateias das edições do ano passado dos três principais festivais de música do Brasil, o Rock in Rio, Lollapalooza e The Town, o resultado ultrapassa a marca de 1,5 milhão de pessoas no campo presencial, sem contar os impactos gerados por redes sociais e transmissões via TV e streaming.
Com números tão expressivos marcados em determinado período, imagine quanto poderia ser agregado aos negócios dos parceiros caso essas ativações fossem planejadas para um tempo maior e em outros setores? Ir além dos ciclos de espaços instagramáveis, do estande iluminado, dos totens interativos e dos lounges reservados a celebridades e influenciadores pode ser uma ótima alternativa para ampliar o alinhamento de valores com o público, o fortalecimento da confiança e o reforço de posicionamento de marca.
No contexto do Rock in Rio, por exemplo, que terá a presença de 85 marcas e 130 ativações este ano, o contato com experiências imersivas, ativações e estandes interativos são mais que bem-vindos. E algumas empresas foram além e pensaram em outras maneiras de se conectar de forma autêntica com o público após o final dos shows. Essa é a essência da parceria e explica o termo Crossability, cujo objetivo está na ampliação de horizontes do encontro entre duas ou mais marcas, para que uma faça diferença no quintal da outra e, claro, no do consumidor.
Falando nele, as ativações precisam fazer parte da jornada de consumo durante o festival, desde o momento em que ele é impactado pela publicidade, já no ato da compra do ingresso, passando ainda por todas as etapas que englobam o ritual de preparação para os shows.
Algumas marcas ofereceram peças e acessórios temáticos em suas lojas. Outras fizeram áreas exclusivas no Rock in Rio para customização de brindes, como bonés e bolsas impermeáveis, que podem servir para outras ocasiões, como Réveillon e Carnaval. É a oportunidade de multiplicar o legado daquela experiência com itens que duraram e que são úteis, especialmente em tempos de praticidade.
No campo da música, outras empresas montaram operações que apoiam o desenvolvimento de talentos na indústria da música, em especial os artistas mais jovens internacionais, reforçando o compromisso de se aproximar da Geração Z. Mas e se essas ativações fossem feitas com artistas brasileiros, com um planejamento anual de shows em diferentes cantos do País, como um esquenta para outros festivais? Quantos músicos não seriam beneficiados com um apoio como esse, sem contar a imagem da empresa como incentivadora da cultura nacional?
De fato, a presença de uma marca em festivais de música não apenas amplia o alcance das marcas, mas também fortalece seu relacionamento com o público de maneira significativa e envolvente. Assim como as ativações ao vivo nesses eventos são poderosas para criar memórias positivas e associações emocionais com os consumidores, os criativos por trás dessas ações devem começar a pensar a longo prazo.
Para que uma parceria seja bem construída, ela precisa ser assertiva no momento, mas também reverberar na memória afetiva do cliente e, principalmente, do consumidor. É uma moeda de inestimável valor nos dias de hoje.