Creator economy e o empreendedorismo
Influenciadores: a nova geração de pequenos negócios que está transformando a economia
A economia criadora está se consolidando como uma das forças mais dinâmicas do empreendedorismo moderno. O que começou como um movimento cultural nas redes sociais, hoje, representa um ecossistema de negócios em rápida expansão, com criadores que atuam como verdadeiras pequenas e médias empresas (PMEs), movimentando comunidades, marcas e novos modelos de consumo.
Antes de tudo, precisamos lembrar da importância das redes sociais no Brasil como canal de vendas. Atualmente, o País conta com mais de 3,8 milhões de influenciadores (um número que supera o de médicos, engenheiros ou advogados). Além disso, 30% da população economicamente ativa já trabalha ou empreende nas redes sociais, ou seja, um movimento que vai muito além da Geração Z.
Profissionais de diferentes áreas, como médicos, professores e nutricionistas, passaram a usar o digital como extensão estratégica de seus serviços. Mais do que influência, esses profissionais constroem comunidades e impulsionam pautas relevantes, moldando novas formas de aprender, consumir, empreender e tomar decisões financeiras.
O novo estudo da Visa “Monetized: Visa 2025 Creator Report”, realizado em parceria com o TikTok e a Morning Consult, reforça esse amadurecimento e revela um cenário promissor para o Brasil. Entre os mais de 200 criadores brasileiros ouvidos, 84% esperam aumentar seus ganhos em 2025 e 79% afirmam ter um plano claro de crescimento, impulsionados pelo aumento das oportunidades comerciais e pela busca por profissionalização. Mais da metade já vê a criação de conteúdo como sua principal fonte de renda – sinal de que a atividade está sendo tratada cada vez mais como um negócio estruturado.
Mas, assim como qualquer PME, os desafios também são reais. O estudo ainda mostra que os creators brasileiros têm uma forte demanda por capacitação em gestão de negócios. Áreas como gestão financeira, negociação de contratos e precificação aparecem entre as principais prioridades de aprendizado e, embora apenas 27% se considerem muito confiantes em finanças, quase todos reconhecem que essas habilidades são essenciais para crescer de forma sustentável.
Esses desafios não são novos. Pesquisas anteriores já apontavam a demora nos pagamentos como um dos maiores entraves ao crescimento da creator economy, o que tem impulsionado o setor de meios de pagamento a desenvolver soluções em transações em tempo real, aproximando ainda mais os criadores do ecossistema formal de pequenos negócios.
Os dados atuais também evidenciam barreiras financeiras relevantes. No Brasil, 20% dos creators relatam pontuação de crédito pessoal baixa, contra uma média global de 7%. Outros 13% mencionam dificuldade em obter ou se qualificar para linhas de crédito (versus 6% global) e 11% afirmam que as instituições financeiras não levam seus negócios a sério. Além disso, 8 em cada 10 creators financiam seus próprios projetos e apresentam 16% maior propensão ao uso de crowdfunding em comparação a outros mercados (um retrato claro da necessidade de soluções financeiras mais inclusivas e sob medida).
Essas informações revelam uma grande oportunidade de apoiar a profissionalização e o crescimento sustentável desse público. O setor financeiro tem um papel central nessa jornada, seja por meio de produtos que simplifiquem o gerenciamento de pagamentos, seja pela criação de modelos de crédito mais flexíveis e adaptados à realidade dos criadores.
A boa notícia é que os creators brasileiros já pensam de forma global. Entre os ouvidos pelo estudo, 21% afirmam receber pagamentos de fora do país, o que reforça seu papel como empreendedores de alcance internacional. Criatividade e inovação deixaram de ser apenas atributos artísticos para se tornarem ativos de negócio em um ecossistema que não para de evoluir.
A profissionalização da creator economy é, portanto, um movimento que redefine o empreendedorismo. Ela amplia a inclusão econômica, impulsiona novos modelos de trabalho e desafia empresas e instituições a repensarem o que significa apoiar o crescimento de pequenas e médias empresas no século XXI. No centro dessa transformação, está o poder de transformar ideias em impacto com criatividade, tecnologia e visão de futuro.