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A vida é uma só e o risco real é o de morrer aos poucos, a cada dia, engolindo dúvidas e frustrações


10 de abril de 2019 - 15h14

 

Vista aérea de Jerusalém, Israel (crédito: Pixabay)

Depois de 10 anos, voltei a Israel. Levei na bagagem o enorme respeito que tenho por este país, não somente pela posição que conquistou no cenário mundial quando o tema é inovação e tecnologia, mas também porque a cultura israelita está nas raízes de minha família. Meu bisavô, José, foi imigrante judeu de origem russa. Por isso, retornar a uma nação que tem um significado, não só afetivo, mas de valores e de aprendizado vivenciados na minha casa, desde pequeno, foi tão impactante. Neste momento em que me lanço em novos desafios profissionais, fez todo o sentido verificar de perto a força do empreendedorismo deste país que é respeitado no mundo todo mesmo com suas dimensões territoriais pequenas (menor que o estado de Sergipe) e uma população com pouco mais de oito milhões de pessoas.

O período de uma semana, em viagem organizada pela Endeavor Brasil, foi o suficiente para ter a certeza que Israel se transformou em uma grande nação. Os números evidenciam: o país conta com mais de 250 centros de pesquisa & desenvolvimento, segmento que recebe investimento equivalente a 4,4% do PIB nacional. No Brasil, tal participação não ultrapassa 1,2%. Além disso, mais de 12,4 mil startups são criadas anualmente, o que também reflete a força do empreendedorismo. A força de sua história está por trás do foco que cada um emprega em seus projetos e em seu trabalho. O amor de cada israelense por seu país garante a consciência de que o coletivo é muito mais importante do que o individual.

Outro aspecto que explica o sucesso desse país está no seu Exército, onde os israelenses têm a oportunidade (e obrigatoriedade) de vivenciar por alguns anos o significado da resiliência, liderança e do risco. Aprendem, no dia a dia, a tomar decisões. Algumas vezes, inclusive, passando por cima da hierarquia, porque nem sempre há tempo hábil para se esperar pela decisão de um superior. A morte pode estar mais próxima do que o esperado. São situações em que a ordem que deveria vir do superior precisa ser atropelada fazendo com que esses “rebeldes” acreditem em si, desenvolvendo a autoestima e reproduzindo este modelo posteriormente no mundo empresarial.

Essa cultura da inovação e do empreendedorismo, tão presente em Israel, é extremamente valiosa e pode servir de inspiração para o Brasil. Mais do que isso, nos leva a refletir sobre o receio que muitos têm de empreender. A publicidade em nosso país, por exemplo, é cercada de profissionais talentosos que são referências no mundo todo. No entanto, muitos deles nem sempre estão dispostos a enfrentar o risco de criar o seu próprio negócio. Pessoas extremamente capacitadas, com vastos repertórios, que desenvolvem planos e estratégias para os clientes das empresas onde atuam, mas que paralisam diante do medo de se aventurar em projetos próprios. Perdem a oportunidade que têm para ser dono do seu empreendimento, da sua agenda, de seus horários e, dessa forma, construir uma rotina mais saudável e feliz ganhando dinheiro com suas ideias e ideais.

É claro que não é fácil tomar a decisão sabendo a possibilidade de ir para o vermelho, mas a vida é uma só e o risco real é o de morrer aos poucos, a cada dia, engolindo dúvidas e frustrações. Por isso, se bater aquela dúvida na hora de tirar a ideia do papel, lembre dos riscos que os jovens israelenses correm quando completam 18 anos. Se pensar dentro desta perspectiva, você se dará conta que empreender nem é tão arriscado assim. Just do it. E seja feliz!

*Crédito da foto no topo: Vedanti/Pexels 

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